Foto: Átila Alberti/O Estado
O lateral Rubens Júnior deve jogar domingo, contra o São Caetano.

O técnico Márcio Araújo já avisou que vai colocar o Coritiba no ataque na partida de domingo, às 16h, contra o São Caetano, no Anacleto Campanella. Há uma razão clara: o Coxa precisa de uma vitória para sair da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Desde ontem, ele realiza testes e experiências para montar a equipe para o jogo mais importante da temporada. E ele pode até apostar em um sistema com três atacantes.

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A hipótese é remota, até porque ela se apóia na recuperação de Maia.

O atacante está afastado da equipe há três semanas por causa de uma lesão na coxa, e o departamento médico trabalha para liberá-lo a tempo de enfrentar o Azulão.

A possibilidade fez com que Márcio pensasse na formação do Cori no 4-3-3, fazendo com que Maia se juntasse a Alcimar e Renaldo. ?Temos que pensar em todas as situações que façam o time ser mais agressivo. Precisamos de uma equipe ofensiva?, reconhece o treinador.

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Caso isto não aconteça, Márcio Araújo terá que trabalhar com as mesmas peças que tinha na partida com o Atlético-MG, com a inclusão de Peruíbe, que volta após cumprir suspensão automática. Mais misterioso que de costume, o técnico não quer abrir claramente seu pensamento – sabe que do outro lado está Cuca, que trabalhou com todos os jogadores do Coxa até o mês passado. ?Eu preciso ver como eu posso montar o time. Há situações em que o Peruíbe volta, outras não?, dissimula.

O técnico pode escalar o Coritiba com dois ou três zagueiros. E a definição desta formatação passa pelos jogadores que vão atuar nas alas – James, Jackson, Ricardinho e Rubens Júnior (ver matéria). Neste momento, os quatro lutam em igualdade de condições por duas vagas. Anderson, Vágner e Flávio esperam por esta definição para saber se jogarão, se atuarão em dupla ou em trio, ou mesmo se Reginaldo Nascimento não pode aparecer no setor.

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A intenção de Márcio Araújo é ter uma formação defensiva que permita aos jogadores de armação e ataque do Coxa não precisarem se preocupar com a marcação. ?O Renaldo, por exemplo, é um jogador de conclusão e tem que estar preparado para fazer isto?, exemplifica o técnico alviverde, que não se cansa de avisar que o time vai para cima. ?Não vamos fugir à tradição do clube. Jogando onde jogar, o Coritiba vai impor seu futebol?, resume.

Experiência ajuda

A experiência tem que falar mais alto. Por isso, o Coritiba vai contar com os seus ?veteranos? na partida decisiva contra o São Caetano. Um deles deve ser Rubens Júnior, que foi o melhor jogador coxa na derrota para o Atlético-MG, e que pode ganhar a vaga de Ricardinho no domingo. O lateral admite que, em uma hora como esta, a vivência no futebol pode ser fundamental. Nesta entrevista, ele também fala sobre o apoio que a torcida pode dar no Anacleto Campanella.

Paraná-Online – Você acredita que sua experiência pode fazer diferença no jogo de domingo?
Rubens Júnior – Tudo é válido numa altura dessas. O que for feito para ajudar, para o lado positivo, tanto de dentro quanto de fora do clube, vai ser importante. E a gente precisa levar isto para dentro de campo. E eu, independente de ser titular ou não, vou manter meu pensamento voltado para o Coritiba. Se tiver a oportunidade de jogar, vou fazer o meu melhor para ajudar o Coxa a vencer. E meus companheiros estão pensando da mesma maneira.

Paraná-Online – Qual é a dimensão da importância da presença dos torcedores do Coritiba em São Caetano do Sul?
Rubens Júnior – Como eu disse, tudo de bom e positivo vai ser bem-recebido. Primeiro, nós temos que nos ajudar, mas a presença da torcida é fundamental. O jogador sente isto dentro de campo. Se for como estamos ouvindo, vamos ficar muito felizes.

Paraná-Online – E enfrentar o Cuca, que não lhe deu tantas oportunidades?
Rubens Júnior – É normal, são as coisas do futebol. Há treinadores com quem você se dá bem, e com outros nem tanto. Há clubes que você se identifica, e em outros não. É natural isto acontecer. E o jogador tem que confiar nas suas qualidades. Eu sempre fiz isso. Sabia que, na hora em que me dessem a oportunidade e me apoiassem, eu voltaria e poderia ajudar. Não guardo rancor nenhum, quero que ele siga a vida dele numa boa, eu vou seguir a minha.

Paraná-Online – É o jogo da vida para vocês?
Rubens Júnior – É como se fosse, precisamos encarar assim. É o último jogo, é a final do campeonato. É a mesma responsabilidade que os jogadores do Corinthians e do Internacional tiveram. Temos que encarar como uma final. Só com a consciência da importância deste jogo é que vamos conquistar a vitória. Já provamos que, quando estamos na situação de ?matar ou morrer?, seguimos vivos. (CT)

Pra escapar, Cori pode se valer do santo da caridade

Cahuê Miranda

Na situação que se encontra o Coritiba, nenhuma ajuda pode ser descartada. Muito menos se for ajuda divina. Esse é o pensamento de muitos torcedores, que estão usando toda sua fé para tentar impedir o rebaixamento do Coxa. E na atual situação o santo São Caetano pode ser também a salvação do Alviverde. ?Ele é o patrono da caridade, assistia aos doentes e moribundos?, diz o padre Gabriel Figura, da Igreja dos Passarinhos, no bairro Bigorrilho. No site cademeusanto.com.br, São Caetano também é considerado o protetor dos órfãos.

Padre Gabriel é torcedor do Ferroviário, hoje Paraná Clube, gosta de futebol e tem algumas ligações com o Coritiba. ?Fui companheiro de ataque do Krüger (ex-jogador e craque do Coritiba). O Alemão era um excelente jogador. Eu era o ?demolidor? na época do Seminário em 1958?, brinca o padre Gabriel dizendo que nos jogos do colégio ele traduzia em gols as jogadas criadas pelo Krüger.

Para o pároco da Igreja dos Passarinhos, a atual situação do Coritiba é mesmo preocupante. ?A culpa é da direção que vendeu jogadores importantes no meio do campeonato. Agora não tem quem faça gols, e não tem quem evite os gols?, analisa. ?Mas torço para que o Coritiba não caia para a segunda divisão. Tenho dois sobrinhos que são coxas, e estão sofrendo com essa fase ruim do time?, completa o padre Gabriel.

Fé e solidariedade

Ontem foi dia de novena na igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em frente ao Couto Pereira, e uma multidão de fiéis estava reunida para orar e pedir a benção da padroeira. Apesar de não ser possível verificar nenhuma demonstração ostensiva de oração pelo Coritiba, o padre Primo Aparecido Hipólito garante: muita gente vai a igreja para pedir ajuda para o Cori. ?A gente sempre escuta, em meio às orações, gente pedindo uma força para o time se reerguer?, conta.

Segundo o padre Hipólito, muitos jogadores do Coxa freqüentam a igreja. ?Alguns atletas estão aqui sempre, não só nessa época de dificuldade. Eles vêm assiduamente?, revela.

O padre garante que Deus sempre é solidário com as orações, mas lembra que só rezar não basta. ?A benção sempre é válida, mas sem uma atitude de toda a equipe, não vai adiantar nada. Eles têm que jogar com a presença de Deus em seu coração, com respeito e lealdade?, garante.

Para padre Hipólito, que é torcedor do Palmeiras e tio dos ginastas Diego e Daniele Hipólito, a mesma coisa vale para os torcedores. ?Não adianta apenas demonstrar a fé. É preciso agir como cristão, pedindo e agindo para que não haja briga e violência e para que todos fiquem bem.?

Com jogadores e torcedores se comportando assim, o padre diz que acredita que o Coritiba continuará na primeira divisão. E a galera coxa-branca já tem a resposta: ?Amém?!

Caravana coxa já tem 25 ônibus

A invasão está preparada. Todos os 1.500 ingressos destinados à torcida do Coritiba já foram vendidos e 25 ônibus estão lotados pela galera coxa-branca, que promete fazer a diferença domingo, levando o time a uma vitória.

Ontem, na sede da Império Alviverde, os torcedores já iniciavam os preparativos para a viagem, separando faixas, bandeiras e os instrumentos da bateria. ?Está todo mundo confiante e vamos para dar apoio total ao time. Estamos tentando a liberação de mais ingressos, para que esse jogo seja como se fosse no Couto Pereira?, conta Osvaldo Dietrich, o ?Papagaio?, vice-presidente da Império.