São Paulo – Só falta uma vitória sobre o Deportivo Táchira, hoje, para fechar o dia com chave de ouro. Mas, independentemente do resultado na Venezuela,um motivo a torcida já tem para comemorar: Marcinho, meia de 24 anos que disputou as duas primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro pelo São Caetano, é o novo reforço do Palmeiras.
O negócio só não foi anunciado oficialmente porque ontem à noite os dirigentes ainda discutiam o último detalhe da negociação de US$ 5 milhões (R$ 12,5 milhões): a porcentagem que caberá a cada clube numa futura transferência do atleta.
Na última rodada de negociação, o Palmeiras e São Caetano caminhavam para um acerto de 50% para cada lado. Para ter sua metade no negócio, o presidente Afonso Della Monica estava disposto a pagar US$ 2,5 milhões (R$ 6,25 milhões) parceladamente. O negócio estaria sacramentado ontem mesmo, não fossem os 25% dos direitos federativos que ainda pertencem ao Paulista de Jundiaí – clube que o revelou. A discussão era saber quem compraria a última parte, ou em qual proporção.
Por tudo isso, é provável que mudem os porcentuais, passando a ser 60% do Palmeiras e 40% do São Caetano, ou o contrário, dependendo de quem estiver disposto a investir mais na contratação do meia.
Apesar dos valores altos para os padrões do futebol brasileiro, a contratação de Marcinho foi mais rápida do que qualquer um poderia imaginar. A explicação é simples: o Palmeiras queria o jogador, o São Caetano queria negociá-lo e Marcinho queria a transferência. Entre Marcinho e o Palmeiras o acerto foi muito fácil. Entre o São Caetano e o jogador também não houve problemas para acertar os valores da rescisão contratual.
Marcinho é uma aposta da diretoria palmeirense. Cansado de ser acusado de seguir a política do bom e barato do ex-presidente Mustafá Contursi, Afonso Della Monica decidiu abrir o cofre. Depois de Juninho Paulista, do argentino Sergio Gioino e de Washington, o dirigente resolveu apostar na contratação de um jogador acima de qualquer suspeita e que tem nível de Seleção Brasileira. Nem foi preciso pedir o aval da Comissão Técnica. Marcinho será muito bem recebido pelo técnico Paulo Bonamigo.
?A vinda do Marcinho nos dá uma certeza ainda maior de que, passando por essa primeira fase, o Palmeiras terá um time muito mais forte na seqüência da Libertadores?, comemorou o treinador, ontem, em San Cristóbal, ao saber que o jogador estava praticamente contratado pelo Palmeiras.
Depois de Marcinho, o próximo objetivo é um jogador experiente. Bonamigo quer alguém para comandar a equipe. Pode ser um zagueiro ou um volante. Como a vinda de Gamarra não vingou porque o paraguaio da Inter de Milão pediu muito, Paulo Baier, do Goiás, voltou à pauta. Não é da mesma posição, mas tem o perfil de líder.
Vida ou morte contra o Deportivo Táchira
Caracas – Os venezuelanos do Estado de Táchira são fanáticos, em sua maioria, por duas coisas: pelo presidente Hugo Chávez e pelo time de futebol da capital San Cristóbal, o Deportivo Táchira. Mais que enfrentar um time lutador e tradicional da Venezuela, o Palmeiras jogará hoje, às 21h45 (horário de Brasília), sua vida na Libertadores contra um ambiente de guerra provocado por uma torcida tida – à moda do mandatário da nação – como forte, corajosa e nacionalista pelos que simpatizam com ela, mas como exagerada e violenta pelos críticos.
O Táchira, após um 2004 brilhante, decaiu e vem em terceiro lugar no Campeonato Venezuelano, fora da briga pelo título. No Palestra Itália, levou 3 a 0 do Palmeiras, em 19 de abril, sem grande resistência. Porém, como a campanha do time paulista é apenas regular, nada está decidido no Grupo 4, que tem os paraguaios do Cerro Porteño já classificados, com 11 pontos, e Palmeiras (5 pontos), Santo André (5) e Táchira (3) brigando pela segunda vaga.
Contra-ataques
Num jogo de vida ou morte, portanto, o Palmeiras entrará em campo fechado, preocupado em não tomar gols, e apostando na velocidade de Cristian e Ricardinho para os contra-ataques.
Bonamigo, porém, foi quase forçado a escalar três zagueiros hoje. Sem poder usar os contundidos Magrão, Alceu e Pedrinho, o afastado Diego Souza e os não inscritos Juninho Paulista, Léo e Roger, ficou sem opções para o meio-campo. No banco de reservas, terá apenas Claudecir, que ainda não se recuperou totalmente de lesão, como opção para o setor, além da hipótese de improvisar o atacante Marcel como meia.
Ficha técnica
Palmeiras: Marcos; Gabriel, Nen e Gláuber; André Cunha, Marcinho, Correia, Cristian e Lúcio; Osmar e Ricardinho (Warley). Técnico: Paulo Bonamigo.
Deportivo Táchira: Dudamel; Kloker, Alvarado, Boada e González; Chacón, Pérez, Héctor Bidoglio e Carlos Muñoz; Brondo e Rondón. Técnico: César Farías.
Árbitro: Carlos Chandía (CHI).
Horário: 21h45 (Brasília).
Local: Estádio Pueblo Nuevo, em San Cristóbal (VEN).
