Sem perder a humildade de um garoto do interior, Marcelo Toscano conseguiu dar uma guinada em sua vida. Tudo em apenas sete anos. Nesse período, decidiu abandonar o sítio onde vivia com os pais para transformar em realidade um velho sonho de infância. Fala com orgulho da decisão da forma como trocou a roça pelos gramados.

continua após a publicidade

“Foi uma iniciativa minha. Liguei para uma escolinha de futebol em Poços de Caldas e me mandei pra lá, para um período de testes”, conta. Nessa época, a rotina de Toscano se resumia a trabalhar com seu pai, na roça, das 5h às 16h. “Vivia numa cidade pequena (Areado-MG), com apenas três mil habitantes. Era difícil até pensar em ser jogador de futebol, mas sempre tive esse sonho”.

O sonho quase foi abortado, quando deixou a escolinha e retornou ao sítio. “Sabia que não era fácil, pois já tinha dezessete anos. Voltei a trabalhar com meu pai, mas então veio uma oferta do Santos, por indicação do meu treinador na escolinha”, contou.

Toscano arrumou as malas e seguiu para o litoral paulista. Ficou na casa de uma tia, enquanto fazia testes na Vila Belmiro. “Não fui aprovado, mas acabei indo pro São Vicente”.

continua após a publicidade

No pequeno clube da região de Santos ele se profissionalizou. “Fiquei um ano lá e fui artilheiro do sub-20. Isso despertou o interesse do Paulista e acabei indo pra Jundiaí”.

A partir daí, sua vida mudou realmente. Logo iria para o exterior – Israel e Suiça -, onde passaria por novas provações. “Foi um período legal. Aprendi novas línguas e culturas. Voltei com outra cabeça para o Brasil”, disse. Marcelo Toscano chegou a rodar por alguns clubes do interior paulista (União São João e Mirassol), antes de se firmar no Paulista. De lá, veio o convite para vir ao Paraná, no ano passado.

continua após a publicidade

Depois de “ralar” como ala-direito, conquistou seu espaço como atacante. Os números de Toscano são impressionantes, desde então. Em dez jogos na posição de origem, fez oito gols. Virou o artilheiro do Tricolor na Série B.

Com os quatro que fez até aqui no Paranaense, está próximo da média de um gol por partida. Agora assumindo de vez a “9”, faz o torcedor paranista acreditar em uma temporada vitoriosa, também com a artilharia do Estadual, algo que o clube só conseguiu uma vez ao longo de sua história.

Mesmo com o pentacampeonato num total de sete títulos estaduais o Paraná só teve o artilheiro do campeonato por uma vez: Saulo (treze gols), em 1992, curiosamente ano em que o Paraná não levantou o caneco, sendo eliminado pelo União Bandeirante nas semifinais.

“Quero esse título, com meus gols ou não, como forma de retribuir a confiança que o Paraná depositou em mim”, arremata, de bate-pronto, a principal referência do “novo” Tricolor de Marcelo Oliveira.