Marcelo s volta aos gramados |
A atuação do técnico Paulo Campos e o depoimento emocionado e sincero do jogador foram significativos. Mesmo assim, o meia Marcelo Passos, do Paraná Clube, foi punido com 120 dias de suspensão pelo uso de substância proibida (anfepramona) e estimulante. Um terço desta pena, porém, será comutado em obras sociais, fazendo com que o jogador só cumpra 69 dias (já cumpriu onze). A decisão da 1.ª Comissão Disciplinar do STJD, ontem à noite, ainda será apreciada pelo pleno, quando nova defesa se fará necessária. Mas, o resultado foi considerado uma vitória diante da situação.
Marcelo Passos admitiu ter utilizado um remédio para emagrecimento e uma absolvição era pouco provável. A defesa foi embasada no caráter do atleta, que aos 33 anos nunca foi sequer expulso de campo. "A ficha do jogador pesou, com certeza", disse o advogado Milton Risso. O meia foi flagrado no exame antidoping realizado após o jogo frente ao Palmeiras, no início de outubro. Marcelo confirmou, no tribunal, que tomou um remédio à base de ervas sem o conhecimento do departamento médico do clube.
Por isso, o Paraná não foi sequer citado no processo e assim se livrou de multa ou perda de pontos. Marcelo Passos já cumpriu 11 dias de suspensão e tem pela frente – caso a pena seja confirmada pelo pleno do STJD – mais 69 dias "de gancho". Resumindo, só poderá voltar aos gramados em fevereiro do ano que vem. Caso renove contrato com o Tricolor, o meia só poderá atuar no campeonato paranaense a partir da 5.ª rodada. A renovação deve ocorrer, pois o jogador está nos planos da diretoria e do técnico Paulo Campos. Emocionado, o jogador sequer conseguiu dar entrevistas no Rio de Janeiro.
Vitória apertada alivia os trabalhos do Paraná Clube
A vitória dramática sobre o Atlético Mineiro trouxe alívio ao Paraná Clube. Além de sair da zona de rebaixamento, o Tricolor manteve o aproveitamento de 55,56% e deixou caminho aberto para confirmar permanência na Série A do campeonato brasileiro.
Depende apenas de seus resultados para atingir este objetivo, a quatro rodadas do fim da competição. Com os resultados da 42.ª rodada, o Paraná têm, segundo matemáticos, apenas 18% de chance de queda para a segunda divisão. Enquanto seguem na contagem regressiva, os jogadores mantém a mobilização e evitam o clima de "já ganhou".
Com o Grêmio virtualmente rebaixado, nove clubes ainda estão ameaçados. "Demos um passo importante, mas ainda temos quatro jogos difíceis pela frente", comentou o meia Marcel. Ele reconhece que a marcação do Galo quase atrapalhou os planos do Paraná. "Principalmente no primeiro tempo, quando eu e o Cristian ficamos presos em bloqueios individuais", lembrou. Para Marcel, a entrada de Sinval fez com que o meio-de-campo voltasse a atuar com maior liberdade, o que facilitou seu trabalho. "O gol foi de pênalti, mas nós criamos muitas oportunidades e acabamos recompensados", disse.
O Paraná, agora tem pela frente o Goiás, um time ofensivo e que está praticamente com vaga assegurada na Copa Sul-Americana e com chances remotas de chegar à Libertadores. "É um jogo muito difícil, pois o Goiás tem um dos melhores times do Brasileiro", comentou o meia Cristian. Uma certeza os paranistas têm: enfrentarão, no sábado, um dos melhores ataques da competição. Com 78 gols, o time de Celso Roth – curiosamente, até então rotulado de "retranqueiro" – só não fez mais gols do que Santos (92) e Atlético Paranaense (84). "Teremos que ter muito cuidado. Jogar com segurança, sabendo que o importante é somar pontos", disse Cristian.
Neste jogo, o técnico Paulo Campos não terá o zagueiro Émerson, suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Responsável pelo equilíbrio defensivo do time nas últimas rodadas, o zagueiro pela primeira vez desfalca a equipe. A tendência é que o treinador escale João Paulo na posição. É o zagueiro suplente que mais vezes atuou no Brasileiro, muitas vezes improvisado na ala-direita. Campos terá à sua disposição o restante do grupo, inclusive com o meia Canindé, que não enfrentou o Atlético Mineiro. Assim, poderá até armar o time mais ofensivo, com três meias-de-criação.
Apesar da vitória sobre o Atlético, Paulo Campos voltou a reclamar da falta de precisão nas finalizações. Este, a rigor, tem sido a maior deficiência da equipe, que só balançou as redes 47 vezes.
Campanha do ingresso é mantida para próximo jogo
A promoção será mantida. A diretoria considerou positiva a resposta do torcedor paranista. No último sábado, quase oito mil pagantes estiveram no Pinheirão, coincidentemente o melhor público do Tricolor em 20 jogos realizados no estádio da Federação Paranaense de Futebol. A exceção continua sendo a partida em Paranaguá, frente ao Vasco da Gama, quando quase 13 mil pagantes foram registrados.
Como a cada ingresso vendido, o torcedor tinha direito a levar um acompanhante, estima-se que quinze mil paranistas acompanharam Paraná 1×0 Atlético Mineiro. "O torcedor teve papel importante, empurrando o time durante os 90 minutos", comentou o vice de futebol José Domingos. Haverá somente um ajuste na promoção, informado ontem pelo dirigente: agora, o torcedor que comprar um meio-ingresso (R$ 7,50), terá direito a outro ingresso cortesia, mas de igual valor. Assim, só será válido para um sócio, menor, mulher ou estudante. Os outros preços são: R$ 15,00 e R$ 7,00 (no setor Pais-e-Filhos). "Acredito que mais uma vez vamos ter um bom público, pois se trata de um jogo decisivo. Pouco importa se o Goiás não tem torcida aqui. Quem for ao estádio, vai para ajudar o Paraná", comentou.
José Domingos confirmou que, apesar das fracas arrecadações, o Paraná tem mantido salários e direitos de imagem em dia. "Também já estamos planejando 2005. Mas, os contatos só serão mais intensos após a definição da nossa situação", explicou. "Já conversamos preliminarmente com alguns, mas é melhor definir renovações após a consolidação de nossa permanência na Série A", disse. O Paraná tem feito, também, uma análise criteriosa de possíveis reforços. Muitos jogadores foram relacionados por Will Rodrigues, que nos últimos meses acompanhou vários jogos da segundona.
"Temos também que definir aspectos de eventuais parcerias", explicou Domingos. O Paraná já tem relação próxima com vários empresários que atuam no interior paulista, além, de Sérgio Malucelli, presidente do Iraty. "Essas situações serão definidas após atingirmos o objetivo principal: a permanência na Série A", finalizou.