O trágico desempenho do Paraná Clube no Canindé determinou o fim de um ciclo. A opção pela saída de Marcelo Oliveira – antecipada por Guto de Melo, ainda em São Paulo – foi confirmada ontem, numa reunião envolvendo vários dirigentes do clube. Além do técnico, também saem o auxiliar Cleocir Santos e o preparador físico Juvenílson de Souza.
“Conversamos com ele por telefone. Houve um comum acordo. Não temos nada a reclamar do trabalho do Marcelo, que sempre agiu com muito profissionalismo. Mesmo neste momento difícil”, disse o diretor de futebol, Guto de Melo.
O mineiro Marcelo Oliveira comandou o Tricolor por nove meses. Um marco, diante da recente rotatividade no clube, que nos últimos anos usou e abusou da troca de treinadores.
Nessa trajetória, em muitos momentos teve sua posição ameaçada, mas sempre encontrou no vice de futebol Aramis Tissot a segurança para a continuidade do trabalho.
“Não tenho apego ao cargo, mas ao trabalho. Por isso, aceito a decisão da diretoria, pois essa é a cultura do futebol”, disse Oliveira, logo após a goleada (6 x 1) para a Portuguesa.
Marcelo Oliveira sai, e para o seu lugar o Paraná deverá buscar um velho conhecido: Roberto Cavalo, que no ano passado comandou o time na reta final da Série B.
Seu nome pode ser anunciado oficialmente ainda hoje como o novo técnico do Tricolor. No fim da temporada passada, alguns detalhes pesaram para que o técnico não renovasse seu contrato.
O clube vivia uma transição política e Cavalo fez exigências além da realidade financeira do clube. “Vamos conversar com ele, sim. Acredito que não haverá problemas”, admitiu o presidente Aquilino Romani, ontem à tarde.
O dirigente reuniu-se ontem com o vice licenciado Aramis Tissot e o diretor de futebol Guto de Melo, não apenas para tratar dessa questão, mas de ajustes no departamento de futebol com a possível aproximação de alguns conselheiros.
Os apelos feitos na semana passada teriam encontrado eco junto aos paranistas. Há informações de que um grupo de apoio está sendo formado nos bastidores para garantir uma sustentação não apenas ao futebol profissional, mas também nas áreas financeira e de marketing.
Este grupo teria envolvimento direto de Trombini e do médico Arnaldo Reis, com a participação de outros tricolores que estavam afastados do processo, como Paulo César Silva e Marcelo Romanievicz.
Paulão já esteve presente na reunião de ontem e passará a auxiliar Guto na gestão do futebol. A decisão quanto ao nome do novo técnico também passa por essas pessoas.
Por isso, não se descarta outro nome para comandar o clube não apenas nas doze rodadas restantes da Série B, mas já pensando também da formação de uma estrutura para 2011. “Vamos atrás daquele que melhor se adeque às nossas necessidades, arrematou Guto de Melo.
Racha no elenco tricolor é evidente
O novo técnico do Paraná Clube terá uma missão emergencial: detectar os pontos de descontentamento e redefinir uma união de grupo. Os recentes deslizes, e alguns fatos pontuais, deixaram claro que o elenco já não fala a mesma língua. A decisão de Luiz Camargo de não ficar no banco frente à Portuguesa foi o estopim para a crise.
O volante, preterido por Marcelo Oliveira – que preferiu escalar os recém-chegados Fransérgio e Serginho Catarinense – deixou claro que há um racha. Jogadores que estão há mais tempo no clube foram descartados para a entrada de possíveis “soluções”. A mudança na comissão técnica pode, por si só, colocar uma pedra sobre o assunto.
O tema é polêmico, e sempre tratado com muita cautela por todos envolvidos. O capitão Luiz Henrique não fala em “racha”, mas deixou claro que falta co,mprometimento de alguns jogadores, sem citar nomes.
“Sofremos essa goleada por problemas táticos. Foi estabelecido um posicionamento, com marcações individuias, e isso não foi cumprido”, resumiu o jogador. O resultado disso foi o “olé” que o Paraná levou da Lusa.
O prazo para novas inscrições já terminou. Assim, o grupo que aí está segue até o fim da competição. Com esses jogadores, a nova comissão técnica terá de buscar os 14 pontos necessários para assegurar a permanência na Série B.
Missão, na teoria, nem tão complicada. Para tanto, teria que vencer quatro e empatar dois, dos doze jogos restantes. Em resumo: somar apenas 38,8% dos pontos poss¡veis.