Buenos Aires – Menos de um mês depois de conquistar a medalha de ouro na Olimpíada de Atenas, o técnico Marcelo Bielsa surpreendeu ao renunciar ao cargo à frente da Seleção Argentina.
Em entrevista coletiva ontem à noite, Bielsa explicou que deixou a Seleção de seu país por estar sem energia. “Depois do último jogo em Lima (pelas Eliminatórias da Copa 2006 contra o Peru), notei que a energia que preciso para todas as tarefas da Seleção, que exigem grande responsabilidade e grande concentração, já não existia mais”, afirmou.
Bielsa, de 49 anos, disse ainda que vai continuar trabalhando como treinador. “Meus motivos são esses, bem simples, muito sinceros: é essa falta de energia”, completou.
O pedido de demissão de Marcelo Bielsa, que conquistou a medalha de ouro no futebol masculino na última Olimpíada, assustou até mesmo o presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino), Julio Grondona.
“Logicamente surpreende, porque ninguém estava sabendo de nada”, disse Grondona. “Para quem trabalha há anos com o futebol, é apenas mais um fato.”
Grondona se mostrava muito tranqüilo quanto ao futuro da Argentina, principalmente nas Eliminatórias Sul-Americanas. “Mudanças sempre acontecem, algumas para melhor e outras para pior. Trataremos que esta seja para melhor”, disse.
A saída de Bielsa abriria as portas para a chegada de Carlos Bianchi, campeão inúmeras vezes com o Boca Juniors. Correndo por fora, a imprensa argentina fala no nome de Héctor Cúper, ex-Inter de Milão e Valencia.
“Não é hora para falar em substitutos”, desconversou o presidente da AFA.
Dirigindo a Seleção Argentina por seis anos, Bielsa contabilizou 70 jogos, com 43 vitórias, 16 empates e 11 derrotas, com 127 gols marcados e 63 gols sofridos.