Marcação e criatividade, a tática tricolor

“É importante marcar, mas sabendo jogar.” A frase resume qual será o comportamento do Paraná Clube no clássico de domingo, segundo o pensamento de seu treinador. Paulo Campos prepara sua equipe no sentido de anular as principais peças do Atlético, mas sem falar em retranca ou cautela em excesso. Mesmo com um time-base já definido, a escalação – e a estratégia de jogo – só serão confirmadas pouco antes de a bola rolar. Para o técnico, não se trata de mistério, mas sim um reflexo das várias alternativas que o grupo lhe permite trabalhar.

“O momento é bom e não temos apenas um time, mas um elenco. A reação só está se confirmando na prática porque todos os jogadores estão ajudando”, comentou Paulo Campos. O treinador dá “ligeiro favoritismo” ao Atlético -por conta de sua posição na tabela e pelo fato de jogar em casa -, mas prevê um clássico de muita emoção e com duas equipes lutando pela vitória. “Temos, no nosso time, jogadores de qualidade e que podem desequilibrar. O Atlético também terá que se preocupar com a marcação”, aposta o técnico paranista.

Sem contar, no treino tático de ontem pela manhã, com o lateral-direito Etto, Campos trabalhou uma das opções táticas possíveis para este clássico. Etto, destaque no empate frente ao Palmeiras, é dúvida para o jogo. Ele teve que extrair um calo e somente amanhã será reavaliado pelos médicos. No treino, João Paulo foi escalado na posição – como já ocorrera nos jogos frente a Vasco e Coritiba. Com Marcel de volta após cumprir suspensão de duas partidas, a equipe foi armada com três meias-de-criação, num 4-5-1. Esta, porém, é apenas uma das possibilidades, já que Paulo Campos já antecipou que irá testar uma formação com três volantes e até um 3-5-2.

No primeiro treino em conjunto da semana, Paulo Campos escalou assim o Paraná: Flávio; João Paulo, Fernando Lombardi, Émerson e Edinho; Axel, Beto, Cristian, Marcel e Canindé; Galvão. É a mesma formação do jogo contra o Vasco, apenas com Beto na vaga de Messias. “Posso ainda escalar três volantes, como frente ao Palmeiras. O mais importante é que o grupo assimilou essas idéias e não são necessários muitos treinos para uma correta sintonia”, analisou Campos. A partir de hoje, todos os treinos serão voltados para ajustes técnicos e táticos. Entre amanhã e sábado, três sessões serão “fechadas” à imprensa e ao público, assegurando a aura de mistério em relação à equipe que iniciará o clássico.

Apesar das três rodadas de invencibilidade e do astral positivo do grupo, o treinador mantém uma linha austera de trabalhos, assegurando que há muito que corrigir no time. “Vencemos duas e empatamos outra partida, mas ainda cometemos deslizes de marcação e criação”, alertou. Campos quer o Paraná com melhor aproveitamento de contragolpes, já que nas últimas partidas os espaços surgiram, mas não foram corretamente utilizados. “O importante é que o elenco está mobilizado. Assim, fica mais fácil realizar as correções necessárias para que terminemos bem a competição”, finalizou.

Tabu na Arena

O Paraná tenta, no domingo, derrubar mais um tabu no Brasileirão. Depois de voltar a vencer fora de casa, superar o Coritiba (o que não acontecia há 11 anos) e empatar com o Palmeiras no Palestra Itália, o objetivo agora é surpreender o líder da competição. O Tricolor ainda não venceu um jogo sequer na Arena e a missão, todos sabem, não será fácil. Afinal, terá que parar o Rubro-Negro, que após ceder empate ao Juventude, na última rodada, defende a manutenção da vantagem sobre o Santos.

“Sei que muitos podem não gostar do que vou dizer. Mas hoje estamos jogando um futebol de qualidade, do mesmo nível do apresentado pelo Atlético”, disparou o meia Cristian. Principal articulador do meio-de-campo paranista, ele aposta no equilíbrio da sua equipe, que soube controlar bem as investidas de Coritiba e Palmeiras, nas últimas jornadas. “O time está bem equilibrado. Acho que com um pouco mais de precisão lá na frente podemos manter o bom momento.”

Cristian só não está satisfeito com seu desempenho nas cobranças de faltas. Contra o Coritiba, até exigiu de Fernando uma grande defesa, mas em São Paulo não mostrou a mesma precisão de partidas anteriores. Com seis gols assinalados, quatro deles em cobranças de faltas, o meia espera estar com o pé calibrado no clássico. “Estou treinando bastante e, hoje, como temos outros jogadores com bom aproveitamento, como o Canindé e o Marcel, podemos decidir o jogo na bola parada”, comentou.

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