Foram realizados 54 jogos pelo Paranaense de 2006 em apenas 23 dias – é como se a cada dois dia acontecessem cinco partidas. E após a primeira parte da competição ficou claro o motivo dos times do interior fazerem tanto estardalhaço para manter a fórmula de disputa e a divisão dos grupos. Não fosse a presença de Atlético, Coritiba e Paraná nos quatro cantos do Estado a média de público cairia quase pela metade.
Se dependesse da vontade do ?trio de ferro? (respaldados por clubes como Iraty e Rio Branco), a 1.ª fase do estadual seria regionalizada para reduzir gastos. Os clubes do Sul formariam um grupo e os do Norte o outro.
Isto faria com que Londrina, Galo Maringá, Roma, União Bandeirante e Cianorte corressem o risco de não jogarem uma vez sequer contra rubros-negros, coxas e paranistas. Como são em maior número, a turma do interior acaba decidindo as regras da competição – e a divisão reflete a posição das equipes no ano anterior.
É a salvação dos clubes menores. O exemplo mais claro é o do Galo Maringá, que graças ao confronto com o Atlético (que abriu o campeonato) tem a melhor média de público do estadual e é o time que mais arrecadou até agora. Naquela partida, o Willie Davids recebeu 11.530 pagantes, que renderam R$ 108.280. Com isso, a média do Galo ficou em 6.234 pessoas por partida.
Mesmo assim, é louvável a participação da torcida da Cidade Canção. Contra o Rio Branco, na 6.ª rodada, o Maringá levou 6.299 pessoas ao Willie Davids – o terceiro maior público do Paranaense, menor apenas que Galo x Atlético e o clássico entre Coritiba e Paraná, que teve 8.005 pagantes no Couto Pereira.
Há um caso ainda mais explícito, que só não é dramático por causa do ?protagonista?, o J. Malucelli, único clube-empresa do futebol paranaense. A média de público da equipe de São José dos Pinhais não chega a mil torcedores (exatos 939), mas na partida contra o Furacão, realizada no Xingu, 2.933 pessoas pagaram ingresso -mais que o triplo do público médio, sete vezes mais do que o número habitual no estádio do Pinhão.
Isto pode explicar a média baixa do Nacional, um dos três times que ainda não receberam clubes da capital nas suas casas (ou outros são Cianorte e Francisco Beltrão). Até agora, pagaram ingresso no Erick George exatamente 1.391 torcedores, 464 por partida.
A equipe de Rolândia receberá o Atlético no 2.º turno, e a presença de Lothar Matthäus deve causar comoção na região.
Em contrapartida, existem casos ?crônicos?. Apesar de ter aumentado a média por conta do jogo com o Atlético, o Iraty não passa dos 906 torcedores por jogo – mais da metade do público que foi aos jogos em casa do Azulão compareceu apenas na partida com o rubro-negro. O União Bandeirante tem um público fiel, que não aumentou sensivelmente nem no jogo com o Coritiba. O Londrina, apesar de ter seu melhor público contra o Coxa, teve o pior contra o Paraná Clube.
Assim, a presença média de público no Paranaense continua baixa. Em 54 partidas (Paranavaí x Toledo foi adiado e o borderô de União 1 a1 Adap não está disponível no sítio oficial da Federação Paranaense de Futebol na internet), pagaram ingressos 139.875 pessoas – 2.950 por jogo. Esta conta seria pior caso não fossem realizados tantos jogos entre interior e capital.
Somando apenas as partidas que envolveram Furacão, Coxa e Tricolor, a média sobe para 4.090. Tirando estes jogos, cai para 1.659. Números favoráveis aos clubes do interior, mesmo que corra-se o risco de não haver um Atletiba sequer no campeonato.