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Maracanã volta aos poucos a ser palco do futebol carioca

Principal estádio do Rio e templo do futebol brasileiro, o Maracanã continua sendo pouco utilizado em 2018. Se até pouco tempo atrás o local era o preferido para os grandes clubes do Rio, agora o estádio se limita a jogos esporádicos. Para se ter uma ideia, o Campeonato Carioca, que começa a ser definido neste domingo, teve apenas seis jogos no estádio que há menos de quatro anos recebeu a final da Copa do Mundo – metade deles nas últimas duas semanas.

No próximo domingo, o Maracanã sediará a grande final entre Vasco e Botafogo – o primeiro jogo, neste domingo, será no Engenhão. Ninguém duvida que o estádio estará lotada, mas uma grande interrogação paira sobre as condições que os jogadores encontrarão o gramado. Trocado em fevereiro e castigado por uma série de grandes shows musicais, o campo do Maracanã é uma grande mistura de grama e areia.

“É muita areia”, resumiu o técnico Abel Braga, após o Fluminense vencer a final da Taça Rio, domingo passado. “Meus jogadores e os do Botafogo reclamaram muito. Tentavam dominar a bola e ela subia. Aí eles erravam o passe. Aconteceu dos dois lados.” O mesmo problema pôde ser visto nos dois jogos das semifinais do Carioca, disputados na quarta e na quinta-feira.

A areia foi colocada para tapar buracos que surgiram após o show da banda norte-americana Pearl Jam, no último dia 23. O espetáculo aconteceu poucas semanas após o gramado ter sido todo trocado, o que por si só já poderia comprometer sua regularidade.

Os espetáculos musicais, contudo, são imprescindíveis para a concessionária que administra o Maracanã. Foram quatro grandes shows nos três primeiros meses do ano, que levaram um total de 160 mil pessoas ao estádio. Nas seis partidas que sediou para o Campeonato Carioca, o público somado mal passou dos 100 mil.

Para as partidas o estádio tem sido alugado por R$ 100 mil, mas os valores variam de acordo com o tipo de operação contratada. O Consórcio Maracanã não revelou quando arrecada nos shows, alegando que “depende do modelo e do uso definido entre as partes”.

Os valores arrecadados ajudam a cobrir os custos de manutenção do complexo, que inclui também o ginásio do Maracanãzinho. Ao todo, 80 pessoas trabalham diariamente no complexo. Em grandes jogos, o número pode saltar a 1.200 pessoas.

DÉFICIT – Apresentando prejuízos milionários para operar o estádio desde 2013 – o déficit ultrapassou R$ 170 milhões nos três primeiros anos, e o balanço financeiro de 2017 ainda está sendo consolidado -, o Consórcio Maracanã tenta desde 2016 devolver a concessão do estádio ao Estado do Rio. O motivo foi uma alteração no contrato.

Originalmente, a concessionária teria o direito de demolir o Parque Aquático Julio Delamare, o estádio de atletismo Célio de Barros e a Escola Municipal Friedenreich, todos no entorno do Maracanã. Nos locais, seriam construídos bares, restaurante, dois estacionamentos e um heliponto. Mas, após protestos, o governo do Rio manteve as instalações.

A decisão sobre a devolução ou não do estádio ao governo do Estado, que se recusa a recebê-lo de volta, está desde o ano passado sob avaliação de uma câmara arbitral da Fundação Getúlio Vargas. Não há prazo para se ter uma resposta. Enquanto isso, o principal estádio carioca tem sido mais pródigo em receber artistas do que jogadores de futebol.

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