Mandato tampão na FPF

Prometendo esforço para livrar-se da sombra de Onaireves Moura, Aluízio José Ferreira, 49 anos, assumiu ontem a presidência da Federação Paranaense de Futebol (FPF). Um dos cinco vices da entidade, o dirigente foi eleito por seus pares para cumprir um mandato-tampão de nove meses.

Ex-presidente da liga de futebol amador de Ponta Grossa, Aluízio comandava temporariamente a Federação desde o final de maio, quando Moura pediu licença do cargo. Com a subseqüente suspensão por seis anos do ex-presidente pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva, o colegiado de vices elegeu o suplente para manter-se no posto até abril de 2008, quando termina o atual mandato.

O nome de Aluízio foi consenso entre os demais vices – Adroaldo Mário Araújo, Jorge Dib Sobrinho, Lino Roberto Soares Rodrigues e Aristides Mossambani, que não compareceu à reunião de ontem e referendou a escolha por fax.

O novo presidente tentou afastar o vínculo com Onaireves Moura, que gerenciou de modo personalista a FPF nos últimos 22 anos. E chegou a ser duro com o ex-chefe. ?A idéia é cortar os antigos vínculos, eliminar alguns vícios na Federação?, disse o novo mandatário.

Mas enquanto Aluizio era apenas substituto, a interferência do comandante anterior era notória na FPF. Embora não desse as caras na sede da entidade, Moura orientou algumas ações de Aluízio, como o corte de pessoal na FPFTV, e mesmo suspenso reuniu-se há duas semanas com diretores da afiliada da TV Record no Paraná para tratar da transmissão do Estadual-2008. O novo presidente admite que haverá uma transição lenta. ?A mudança não acontece da noite para o dia?, falou Aluizio, que se diz amigo pessoal de Moura e admitiu consultar o ex-presidente para inteirar-se de questões administrativas.

A principal bandeira de Aluízio será a informatização da FPF. Hoje, os contratos são feitos manualmente. ?É uma necessidade urgente. Os problemas do Moura começaram por ali?, disse, lembrando o caso do Rio Branco, suspenso da Copa do Brasil porque o contrato de um jogador teria sido extraviado pela FPF.

O novo presidente prega um período de trégua com os clubes – inclusive o Atlético, principal opositor da administração anterior. ?A briga do Atlético era com o Moura, não com a FPF. Falaremos com todos filiados os sem distinção?, garantiu.

Rombo nas contas pode minar FPF

A era Aluízio Ferreira na FPF começa com um desafio administrativo: gerenciar o rombo nas contas da entidade. Sem dinheiro e com fontes de renda penhoradas, a entidade deve viver dias de penúria.

O novo presidente diz que não seguirá a política do antecessor, que simplesmente deixava acumular as pendências tributárias e com fornecedores. ?Vamos negociar e tentar parcelar todas as dívidas para sanear as contas. A FPF deve ficar administrável para o próximo presidente?, falou Aluizio, que não quis antecipar se concorrerá ao cargo ao fim do mandato.

De acordo com Aluizio, as contas dos últimos 30 dias estão em dia – mas dois funcionários afirmaram que os salários de junho ainda não foram pagos.

Antes de sair, Moura afirmou que a entidade passaria por uma auditoria independente. Mas sequer houve contratação de uma empresa responsável, e o plano parece temporariamente engavetado. ?Tínhamos pressa, mas (a auditoria) não foi viabilizada por falta de recursos?, afirmou Aluizio.

Sobre o Pinheirão, obra mais significativa de Moura, o novo presidente não anunciou nenhum projeto. Segundo ele, os clubes decidirão em assembléia o destino do estádio.

Enquanto assiste à posse de seu vice, Moura mantém-se em silêncio. O advogado Vinícius Gasparini, que segue na Federação como diretor, afirma que o ex-presidente não pretende acionar de imediato a Justiça Comum ou pedir a revisão do julgamento que o condenou a seis anos de suspensão.

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