Não podia ser diferente. O assunto que tomou conta das rodinhas de conversa sobre futebol ontem foi a entrevista concedida pelo presidente do Atlético Paranaense, Marcos Malucelli, revelando fatos que depõem contra a administração anterior de Mário Celso Petraglia.
Malucelli foi procurado para falar mais sobre o assunto, porém, através da assessoria de imprensa do clube, comunicou que novas informações serão repassadas somente na entrevista coletiva, que está programada para o início da próxima semana.
Outro nome envolvido nas declarações do presidente rubro-negro foi do empresário Alexandre Rocha Loures, ex-funcionário do Atlético e atualmente sócio de uma empresa que gerencia carreira de jogadores, a Master Talents. Loures está viajando e não atendeu as ligações.
Através de sua assessoria informou que no momento não irá se pronunciar, mas que tem o maior prazer em esclarecer fatos, assim que retorne de viagem. Contra a empresa Master Talents e seus sócios (que são também ex-funcionarios do Atlético) pesa a “acusação” de terem sido pouco éticos ao levarem procurações de jogadores do clube no momento que deixaram o Furacão para montar seu próprio negócio.
Em 2009 esse assunto já tinha vindo à tona e na ocasião foi confirmado que 12 jogadores (lista) que atuavam no Rubro-Negro estavam sendo agenciados pela Master Talents.
Na época, Alexandre Rocha Loures disse que a maioria dos atletas que estão vinculados a sua empresa procuraram seus trabalhos após ele deixar o Atlético.
CAPA ficou com 30% dos jogadores sub-15
Allan Costa Pinto |
---|
Heracles é um dos garotos que vieram do CAPA. |
Outro comentário do presidente rubro-negro que chamou muita atenção foi a participação do CAPA (Clube Atlético do Paraná) nos direitos econômicos de jogadores do Atlético. Dos atletas que passaram pelo centro de treinamentos do CAPA, em Colombo, o Furacão detém 70% e o CAPA outros 30%. “Esse CAPA é um clube que o Mário Celso levou para dentro do Atlético. E todos os nossos jogadores da idade de infantil foram passados para o CAPA, porque o Mário Celso resolveu que não teríamos mais o infantil dentro do CT. Esses jogadores foram para esse clube que passou a ser proprietário de 30%”, explicou Malucelli. Foi exatamente isso que aconteceu agora, na transação de Alex Sandro com o clube uruguaio, na qual o Atlético recebeu 2,2 milhões de euros à vista por 70% dos direitos econômicos e federativos e teve que repassar 200 mil euros para a empresa de Carlinhos Sabiá e 70 mil para a Master Talents por indicação de Petraglia, conforme Malucelli.
Infantil
Entre 2006 e 2008, o Furacão, por determinação de Mário Celso Petraglia, não trabalhou com a categoria infantil. Assim, aproveitando essa brecha, nasceu o CAPA. O Paraná Online tentou contato com representantes do CAPA, mas não obteve resposta. No entanto o objetivo do clube é exposto na página do CAPA na internet. “O Clube Atlético do Paraná foi fundado em 19 de outubro de 2006 por uma parceria entre o Clube Atlético Paranaense e o Grupo Employer. Seu maior objetivo é a formação de atletas de alto rendimento da c,ategoria infantil (sub-15). Nos dois primeiros anos de sua existência, com um trabalho direcionado para as categorias de base do Clube Atlético Paranaense, revelou vários nomes para a categoria juvenil e juniores conquistando diversos títulos”. Vale lembrar que o Grupo Employer é sócio do PSTC, antigo parceiro do Atlético na categoria júnior.
Dentre essas “revelações”, destaque para nomes que atualmente treinam diariamente no CT do Caju, como o agora profissional Heracles (que fez sua estreia no Atlético contra o Engenheiro Beltrão, anteontem); o goleiro Leonardo Pinheiro, os meias Lucas Sotero e Harrison, o volante Guilherme (que estão nos juniores) e mais outros 20 a 30 garotos. Isso representa que parte da base atleticana, que poderá render muitos dividendos ao clube no futuro, já está comprometida e não representará ganhos de 100% no caso de venda. Sobre essa situação, o presidente Marcos Malucelli promete falar na outra semana.
Como funcionava o esquema
Em 2007, o Paraná Online conversou com o então presidente do CAPA, Luís Carlos Silveira, e também gerente do Sítio Caqui, área que abriga todo o empreendimento relacionado à formação de atletas de futebol. Na ocasião, Silveira explicou como era o funcionamento do clube, que ficava responsável por todas as despesas com a garotada (alimentação, manutenção do alojamento, transporte dos atletas à escola) e ao Atlético cabia fornecer a comissão técnica. Esse foi o acordo para a terceirização do futebol rubro-negro na categoria infantil.
O retorno para esse investimento viria somente com a negociação futura de jogadores. “Não há qualquer reembolso do Atlético. Só entrará dinheiro quando um jogador for vendido. É um negócio de risco”, comentou à época Silveira.
Ressalta-se que somente a partir dos 16 anos é que um garoto pode assinar contrato com clube. Antes disso, treinar garotos nem sempre é garantia de retorno no que foi investido.