Mais uma bronca contra a CBF

Rio – A diretoria da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) voltou a ser alvo de suspeitas e pode ter novamente problemas na Justiça. O deputado federal Doutor Rosinha (PT-PR) encaminhou ontem representação ao procurador-geral da República, Cláudio Fonteles com o pedido de abertura de inquérito civil e criminal contra a entidade. O parlamentar quer saber por que a CBF não registrou no Sindicato dos Empregados em Clubes do Estado do Rio o salário de seus dirigentes – apenas o do secretário-geral Marco Antônio Teixeira (recebe R$ 43 mil, por mês) consta da relação.

“Há fortes indícios de que a CBF sonegou o fisco e a Previdência Social”, disse o deputado. Ele lembrou que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou irregularidades na CBF em 2000/2001 comprovou que todos os dirigentes da confederação eram “muito bem” remunerados. Por isso, não entende porque a omissão do registro no sindicato.

Doutor Rosinha afirmou ter recebido com desconforto a informação de que a CBF gasta cerca de R$ 718 mil mensais com seus 138 funcionários. Ele chegou a citar alguns exemplos que mais lhe chamaram a atenção. Além da quantia atribuída a Marco Antônio Teixeira, tio do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, o deputado se surpreendeu com o salário do presidente da Comissão de Arbitragem, Armando Marques (R$ 24 mil), e do assistente do setor, Edson Rezende (R$ 7 mil).

“Embora os salários sejam altos, comparativamente aos ingressos financeiros da CBF provenientes dos contratos de patrocínio com a Nike, Ambev, além dos milionários amistosos, representam parte ínfima dos gastos da CBF, o que sugere a possibilidade de recebimentos por outras vias que não as regulares”, afirma o deputado em sua representação. “Corrobora esta presunção o fato de que não consta da relação fornecida pelo sindicato, referente ao imposto sindical, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, nem outros diretores da entidade.”

Doutor Rosinha também quer saber por que a CBF demora ou não divulga o borderô dos jogos do campeonato brasileiro, como determina o Estatuto do Torcedor. “A demora em disponibilizar os borderôs, aliada a confusão para o seu entendimento, quando divulgados, convergem para uma possível seqüência de irregularidades que pode redundar em evasão de renda e fiscal, vindo a demonstrar o grau de fragilidade do sistema”, prossegue o deputado no texto enviado ao Ministério Público Federal.

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, está no exterior. No Rio, por meio da assessoria de imprensa da entidade, Marco Antônio Teixeira informou que os demais diretores não têm carteira assinada porque ocupam cargo de confiança.

“Isso, se verdadeiro, não eximiria a CBF de pagar o fisco e a Previdência sobre o que esses diretores recebem. Eles (os dirigentes da entidade) têm dificuldades em explicar por que a explicação seria a confissão da falcatrua”, afirmou Doutor Rosinha.

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