Atletiba sensacional. Hoje parece tão evidente unir uma palavra a outra, mas foi um gênio da narração esportiva, Carneiro Neto, quem percebeu que juntar “Atletiba” e “sensacional” seria uma grande sacada. Os próximos dois encontros entre Atlético e Coritiba já ganharam esse adjetivo antes mesmo deles acontecerem.
Afinal, no mínimo valem o título paranaense. Mas, além disso, as partidas reúnem diversas características que fazem delas grandes candidatas a estarem entre as maiores desta história de 92 anos de tradição, rivalidade e emoção. A contagem regressiva para o jogo de ida, domingo (1), às 16h, na Arena da Baixada, já começou.
Para os atleticanos, a final deste Campeonato Paranaense pode ser como a de 1945, quando Caju, a Majestade do Arco, já comandava aquele que se transformaria o Furacão alguns anos depois. Também pode ser como em 1983, com o predestinado Joel e a base daquele time que tinha encantado o Brasil no Brasileirão. E se for como 1990, então? Calando o Couto Pereira, com os gols de Dirceu, o que ganhou o sobrenome de Carrasco por conta daqueles Atletibas, e o gol contra de Berg, até hoje ‘reverenciado’.
Pode ter um heroi surpreendente como Nélio, que chegou escorraçado do Flamengo e fez até gol olímpico com bola rasteira. O título pode vir em um gol de cabeça, como o de Gustavo, abençoada testada que deu o título de 2000, o primeiro decidido na remodelada Arena da Baixada. E se for para os pênaltis, é só se inspirar em Lima, o cara que resolveu a final de 2005.
Para os alviverdes, a final deste Campeonato Paranaense pode ser como a de 1968, no gol do iluminado Paulo Vecchio, que fez a Vila Capanema tremer. Se for a de 1972, haverá um heroi para sempre como Dirceu Krüger, que saiu da quase morte para o gol do título. Pênaltis? Mirem-se no exemplo de Manga, Manguita Fenômeno, que com dedo quebrado e muita catimba parou o Atlético na decisão de 1978.
Não é preciso falar muito de 2004, de Tuta marcando, do ‘pedido’ de silêncio à torcida rival, da primeira festa na Arena. E a segunda foi em 2008, com Henrique Dias, que teve dificuldades para se firmar em toda a sua passagem pelo clube, mas era amado pela torcida. E se um craque for o dono da decisão, será como o Alex de 2013, que percebeu a dificuldade dos companheiros em vencer a jovem equipe adversária e decidiu que iria ganhar o jogo sozinho – e só não foi assim porque Geraldo tinha que deixar sua marca.
Lembrar rapidamente de dez finais de Paranaense faz arrepiar. Pensar naqueles jogos de outrora, com craques que habitam nossa mente jogando um futebol que nunca vimos. Ou os personagens que brilharam nos campos e hoje nos emocionam fora, como o já citado Krüger e o eterno Barcímio Sicupira. Aqueles que nem jogavam tanto, mas que ficam no coração da torcida por seu estilo guerreiro, pela sua força de vontade, caras como Déti, Reginaldo Nascimento, Odemílson ou Júnior Urso. “Medalhões” que desfilaram seu talento como Gilberto Costa e Aristizábal. E, claro, aqueles que apareceram por aqui e hoje brilham pelo mundo, como Jádson, Fernandinho, Miranda e Adriano.
Depois de contar tudo isso, há gente mais ranzinza que poderá pensar: “tá, mas agora não tem nada disso”. Mesmo se não tivesse, apenas a magia do Atletiba já seria suficiente para dar à final deste Paranaense a emoção que ela precisa. Mas teremos em campo dois goleiros de ótima fase – o ídolo Weverton de um lado, o emergente Elisson do outro. Também teremos dois laterais de alto nível – Eduardo na direita rubro-ne,gra, Carlinhos na esquerda coxa-branca. Volantes de qualidade como Jadson e Alan Santos. A mistura de velocidade e drible de Marcos Guilherme e Negueba. E o poder de decisão de Walter e Kléber.
E se ainda assim há quem ache que o nível é baixíssimo, que nada presta, que o nosso futebol é uma porcaria completa, que olhe para as arquibancadas. Verá homens e mulheres, pais e filhos, maridos e esposas. Verá torcedores. Verá a paixão pintada de vermelho e preto ou de verde e branco. Verá a Arena da Baixada, o belo e moderno estádio de Copa do Mundo, cheio de vida com os gritos dos atleticanos. E na próxima semana verá o Couto Pereira, o mais tradicional de nossos estádios, balançando com a emoção dos alviverdes. É por essa gente que existe o futebol. Foi essa gente que transformou o Atletiba no nosso maior jogo. Que venha a final do Paranaense!
Crônica imparcial! Leia mais sobre o futebol do Estado na coluna do Mafuz!