Mais novo tricampeão da Fórmula 1, Lewis Hamilton não vem se destacando somente nas pistas do circuito nestes dois últimos anos. O inglês tem brilhado também longe do asfalto ao mostrar todo o seu potencial de virar notícia, mobilizando fãs e jornalistas, em eventos promocionais ou mesmo fazendo revelações pontuais e calculadas sobre sua vida pessoal. Em tempos de queda de audiência e público, ele se tornou a nova aposta do marketing da F1.

continua após a publicidade

Seu sucesso com a mídia rende elogios dos dirigentes, que consideram o piloto o grande embaixador da categoria atualmente, principalmente após a conquista do tricampeonato, no domingo. Bernie Ecclestone, chefão da F1, já elegeu Hamilton “o maior campeão que a F1 já teve”, mais em razão da sua capacidade de ganhar as manchetes do que por seus resultados.

Hamilton é o piloto mais badalado da categoria de elite do automobilismo há alguns anos. Por seu esforço em virar celebridade, é um dos poucos da F1 que não se restringe às páginas de esportes dos jornais e revistas. O inglês frequenta o tapete vermelho de festas organizadas por revistas famosas e patrocinadores, é fotografado ao lado de atores como Will Smith, Arnold Schwarzenegger e do ex-jogador da NBA Scottie Pippen.

E lá está ele almoçando com a Rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham ou frequentando os restritos círculos de Wimbledon – da última vez, foi impedido de entrar no Box Real, trecho super VIP da arquibancada do Grand Slam, porque não estava vestido adequadamente. Tudo isso é devidamente revelado aos fãs e jornalistas pelo próprio inglês em entrevistas ou em posts nas redes sociais.

continua após a publicidade

Hamilton é a figura da F1 mais atuante na internet. Uma tatuagem nova, o cabelo descolorido, um passeio com o cachorro geram repercussão imediata com seus 3 milhões de seguidores no Twitter e quase 2 milhões no Instagram. Não à toa Bernie Ecclestone vive encorajando os demais pilotos a também manter contas nas redes sociais.

Quando está longe da internet, o piloto da Mercedes parece não se esforçar para acabar com os rumores sobre sua vida pessoal. O último deles seria um relacionamento com a cantora pop Rihanna. Antes, namorou a cantora Nicole Scherzinger, ex-integrante do grupo The Pussycat Dolls. Foi sua porta de entrada para o mundo das celebridades.

continua após a publicidade

NOS PASSOS DE BECKHAM – O piloto da Mercedes segue os passos do compatriota David Beckham. E não por acaso. No início de 2011, ele contratou o britânico Simon Fuller para gerenciar sua careira. Fuller, mais conhecido por criar a série de programas de TV Idol (que daria origem ao American Idol), também é agente do ex-jogador do Manchester United.

Fuller substituiu Anthony Hamilton, pai do piloto e responsável direto pela carreira do filho. A mudança deu resultados na vida de Lewis. No ano passado, a presença constante do piloto na mídia rendeu a ele o prêmio de atleta com maior potencial de marketing do mundo, em eleição de uma revista especializada.

No circuito da F1, a mudança na gestão da carreira trouxe uma nova postura ao piloto da Mercedes. Mais bem orientado, Hamilton se afastou das polêmicas, que o prejudicaram ainda no início da parceria com o novo agente. Na temporada 2011, entrou numa série de disputas com Felipe Massa no campeonato. No momento mais tenso, xingou o brasileiro e foi punido por manobras irregulares. Indignado, deu uma resposta infeliz aos comissários: “Talvez eu seja um alvo porque sou negro”.

Aos poucos, Hamilton passou a adotar nova postura em entrevistas e mesmo na pista, ainda que não tenha perdido a agressividade de um campeão nos duelos no asfalto. No ano passado, teve atritos constantes com o companheiro Nico Rosberg. Neste ano, já sem a parceria com Simon Fuller, manteve a diplomacia até o título.

Em parte, a nova postura se deve ao amadurecimento do piloto de 30 anos. Mas também é resultado da estratégia do próprio Hamilton e da F1 em torná-lo um embaixador da categoria. De um jeito ou de outro, o lado celebridade do piloto vem agradando aos dirigentes ligados à F1.

“Os fãs se ligam a seres humanos, e não ao metal frio do carro. E o que Lewis está fazendo é ótimo para os negócios”, afirma Bobby Epstein, principal responsável pelo GP dos Estados Unidos, ao jornal britânico The Guardian.

Ciente do seu papel na divulgação da F1, Hamilton agora quer ver seus companheiros seguindo os seus passos. “Eu estou fazendo tudo que posso, mas sou apenas um”, disse o inglês, antes do GP dos EUA, que o consagrou tricampeão. Ele até dá dicas ao marketing da categoria. “Acho que nunca vi um jogador da NBA aqui na corrida [em Austin, no Texas]. Temos que trazer atletas de outros esportes para buscar mais atenção para a Fórmula 1”, ensina o mais novo embaixador da F1.