No dia em que fez a melhor atuação na temporada, o Coritiba viu seus adversários diretos na luta para escapar do risco do rebaixamento no campeonato brasileiro vencerem.
Olhando puramente a tabela, pouco adiantou jogar bem e golear o Figueirense – afinal, Paysandu, Flamengo e Vasco suplantaram seus adversários e "aumentaram a média" da famigerada ZR. Mas um ponto fundamental do jogo de quinta pode valer muito para o Coxa, principalmente na partida das 18h10 contra o Brasiliense, na Boca do Jacaré, em Taguatinga. Depois de muito tempo (o ano todo?), o time entra em campo confiante, sabendo o que pode e o que precisa fazer.
Nesta temporada, em pouquíssimas oportunidades o Coritiba foi uma equipe totalmente determinada, que não sofria desequilíbrios emocionais e não era afetada pelo andamento do jogo. Pode-se contar nos dedos de uma mão os jogos em que isto aconteceu: na vitória (3×0) sobre o Náutico na Copa do Brasil, no primeiro jogo da final (1×0) do campeonato paranaense contra o Atlético, na goleada (4×2) sobre o Fluminense no início do Brasileiro e, com algumas ressalvas, na derrota (2×3) para o Internacional há duas semanas. Fecha-se a mão com o 4×1 de quinta sobre o Figueirense.
Mas o que faria o elenco alviverde mudar agora, se não fez isso antes? "O Márcio Araújo fez com que a gente recuperasse a autoconfiança", garante o goleiro Douglas. "Ele é excelente nisso, sei porque trabalhei com ele aqui no Coritiba em 99. Além de conhecimento tático, ele trabalha com o ser humano. Quando conversou com a gente pela primeira vez, o Márcio disse que acreditava nas nossas qualidades, e que teríamos a chance de recuperar o Coritiba através das nossas forças", comenta o capitão Reginaldo Nascimento.
Márcio Araújo explica que a auto-estima dos jogadores estava guardada, e não perdida. "A vida não é fácil, eu sei disso. Tem gente que pensa que nós, por estarmos no futebol, não temos problemas. Mas todo mundo vai para casa e tem o que resolver. Tem as coisas de família, às vezes a própria questão financeira. Então, o que este grupo, que tem muito valor, precisava era de um pouco de valorização", argumenta.
Só que não foi uma conversa de um só lado. O elenco também teve que se comprometer, atitude que partiu da diretoria aos jogadores mais experientes. "Fui procurado pelo presidente (Giovani Gionédis), que fez uma cobrança ao grupo e, em particular, a mim e aos jogadores mais velhos", confessa Nascimento. "Posso dizer que a nossa recuperação começou na diretoria e terminará na torcida", avisa Márcio Araújo.
E todos sabem que nenhuma iniciativa será bem-sucedida caso o Cori não traga de Brasília um bom resultado – de preferência, a vitória. "Agora é o momento decisivo, cada jogo é uma batalha. E nós não estamos em uma posição confortável", assume Douglas. "Jogar assim não é fácil, mas nós estamos preparados para lutar de novo para conseguir trazer os três pontos", confirma o atacante Maia. "Nós temos a ciência de que nada foi conseguido. A gente está sentindo na pele o fato de estar nesta situação complicada", reafirma Nascimento. "Eles precisam ser eles mesmos, fazer tudo que está ao alcance deles. Porque o Coritiba tem condições de sair desta situação", finaliza o treinador coxa.
Só uma mudança no time titular
Não será hoje que o Coritiba enfim repetirá uma escalação no campeonato brasileiro. A ausência de Luís Carlos Capixaba por suspensão – muito lamentada, por sinal, pelo técnico Márcio Araújo – faz com que seja necessária a realização de uma alteração na equipe que venceu o Figueirense. Abre-se nova oportunidade para Peruíbe, que entra como titular contra o Brasiliense.
Márcio Araújo não fez a menor questão de esconder o jogo. Optou pela simplicidade de trocar uma peça por outra, sem que fosse necessário alterar a forma de jogo. "Se a gente for pela mudança normal, apesar do fato do Peruíbe ter características diferentes do Capixaba, o mais simples é fazer a troca, porque aí você não mexe muito no time", comenta o treinador, ?obcecado? pela idéia de não fazer trocas profundas na equipe.
Assim, o Coxa manterá o estilo de jogo que impôs contra o Figueirense – agressivo, usando muito as alas (com Jackson e Ricardinho) e mantendo o sistema com dois atacantes, Maia e Renaldo.
Mas Márcio tem uma segunda opção que pode adotar durante a partida. "Se a gente precisar, dentro do jogo, podemos colocar o Jackson no meio e o Rodrigo Batatinha na ala, com o time ficando mais parecido com o que jogou contra o Internacional", lembra. (CT)
CAMPEONATO BRASILEIRO
BRASILIENSE X CORITIBA
Brasiliense: Eduardo; Deda, Jairo e André Turatto; Dida, Pituca, Vampeta, Wellington Dias (Marcelinho Carioca) e Márcio Careca; Igor e Iranildo (Salvino). Técnico: Márcio Bittencourt
Coritiba: Douglas; Vagner, Anderson e Flávio; Jackson, Reginaldo Nascimento, Peruíbe, Caio e Ricardinho; Maia e Renaldo. Técnico: Márcio Araújo
Súmula
Local: Elmo Serejo (Taguatinga-DF)
Horário: 18h10
Árbitro: Márcio Rezende de Freitas (FIFA-SC)
Assistentes: Vayran da Silva Rosa (SC) e Carlos Berkenbrock (SC)
Brasiliense volta a jogar em casa
Taguatinga (AE) – O Brasiliense contará com um trunfo no jogo de hoje, contra o Coritiba: vai poder atuar no seu estádio. Na sexta-feira, a CBF confirmou a partida na Boca do Jacaré, depois que o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal autorizou sua liberação; o estádio estava interditado porque não oferecia as condições que o Estatuto do Torcedor exige. Contra o Botafogo, no último dia 30, o Brasiliense atuou no Mané Garrincha.
A torcida vai ser um fator importante para quem busca fugir da zona de rebaixamento. Com 37 pontos, na penúltima colocação, o técnico Márcio Bittencourt deve colocar o time no ataque. Na última rodada, o treinador conheceu sua primeira derrota no comando do time: 2 a 1 para o Paysandu, tomando um gol nos acréscimos.