O time que neste domingo conquistou o 20.º título carioca da história do Botafogo traz semelhanças e diferenças em relação à equipe que havia sido campeã pela última vez, em 2010. Há três anos, dois estrangeiros comandaram o time, assim como agora. Mas desta vez o time titular era composto por alguns garotos formados nas divisões de base. Em 2010 não havia nenhum sequer.
Na campanha vitoriosa de 2010, os principais nomes do elenco eram o uruguaio Loco Abreu e o argentino Herrera. Loco cativou o torcedor com sua postura confiante e desafiadora. Herrera, com sua busca incansável pelo gol. Os dois foram os autores dos gols da vitória na final por 2 a 1 sobre o Flamengo, interrompendo um longo jejum contra o rival.
Neste time de Oswaldo de Oliveira, o grande pilar é o holandês Seedorf. Menos fanfarrão que Loco Abreu, o craque liderou o grupo atual com sua qualidade dentro de campo e sua postura de dedicação total fora dele. Cobrou, gritou e arrumou o time como um técnico dentro das quatro linhas, complementado o comando tranquilo de Oswaldo de Oliveira.
Equilibrando a experiência e cadência de Seedorf, o jovem uruguaio Lodeiro foi o artilheiro do time no torneio, com oito gols. Sem poupar energia, o meia foi o contraponto do holandês, com vitalidade e atrevimento, sempre procurando a jogada vertical.
“Lodeiro e Seedorf são jogadores que me dão prazer em falar. Além de pessoas maravilhosas, eles estão adaptados, absorveram nossa forma de jogar. Estão se destacando por isso”, comentou Oswaldo de Oliveira, que não poupou elogios ao jovem uruguaio. “O Lodeiro não é conhecido pela capacidade de artilharia, que estava adormecida, e tem crescido muito nesse aspecto. Isso vem da maturidade”.
Mas não foi só além das fronteiras que o Botafogo foi buscar talento. Na verdade, muitos dos destaques do campeão de 2013 vieram de Marechal Hermes, sede das categorias inferiores do time alvinegro. Se em 2010 o único garoto confeccionado dentro de casa foi Caio, que entrou no segundo tempo, neste domingo o torcedor botafoguense teve a constatação de uma importantíssima mudança de filosofia da diretoria:investir na formação de atletas.
Dois garotos da base simbolizaram o renascimento de Marechal Hermes. O zagueiro Dória e o volante Gabriel foram titulares na decisão e grande nomes da campanha, ao ponto de barrarem veteranos respeitados como Antônio Carlos e Renato. Mas não foram os únicos. Vitinho, Sassá, Jadson, Lucas Zen, Renan, todos tiveram participação importante na trajetória e foram titulares em algum momento.
“Em 2010 não havia nenhum (garoto da base) no time titular. Este ano utilizamos vários. Isso reflete uma mudança de filosofia. O presidente Maurício Assumpção sempre colocou como fundamental investir na base e estamos colhendo os frutos”, destacou Oswaldo de Oliveira.