Depois da vexatória campanha na Copa América da Venezuela, na qual só acumulou derrotas e foi eliminada ainda na primeira fase da competição classificatória para o Mundial de Basquete de 2014, a seleção brasileira masculina desembarcou na manhã desta quinta-feira no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), onde o técnico Rubén Magnano voltou a criticar o fato de que vários jogadores pediram dispensa e abriram mão de defender o time nacional na competição em Caracas.
O treinador, porém, deixou nas entrelinhas um descontentamento com a própria Confederação Brasileira de Basquete (CBB), que não teria conseguido atrair o interesse dos atletas que poderiam atuar e preferiram não jogar a Copa América por diferentes motivos. Ele destacou nesta quinta que a entidade deve cobrar maior comprometimento dos jogadores e fazê-los ter orgulho de vestir a camisa amarela sempre que possível.
Lucas Bebê, Vitor Faverani, Tiago Splitter, Anderson Varejão, Marquinhos, Leandrinho e Nenê foram os jogadores que pediram dispensa. Para completar, Augusto Lima e Paulão Prestes por desfalques por lesão e deixaram a equipe nacional ainda mais enfraquecida na Copa América. Ao comentar a situação, Magnano fez um comparativo com o período em que dirigiu a seleção argentina, sempre podendo contar com os melhores jogadores à disposição.
“Em quatro anos comandando a Argentina, não teve nenhum pedido de dispensa e no Brasil tem toda hora”, lembrou o técnico, para depois enfatizar: “Temos que trabalhar muito para que os jogadores tenham uma consciência mínima do significado da seleção. Isso é uma matéria de análise. A CBB tem que passar isso de alguma forma para os jogadores da seleção. Está faltando um grau de comprometimento”.
Apesar do fracasso na Venezuela, Magnano também descartou deixar o comando da seleção masculina, lembrando que o seu principal projeto a longo prazo é a busca por uma medalha para o Brasil na Olimpíada de 2016, no Rio. Ele tem contrato assinado até 2014, com cláusula de rescisão e opção de renovação do acordo até 2016, e ressaltou que ainda tem “um desafio muito duro” pela frente. “Não vamos tirar da nossa cabeça o nosso sonho”, disse, frisando também: “Sou funcionário da CBB. Minha situação não depende do Magnano, depende da CBB”.
ESPERANDO UM CONVITE – O comandante ainda admitiu decepção com o fato de o Brasil não ter garantido classificação ao Mundial dentro de quadra e agora ficar dependendo de um convite para jogar a competição que será realizada na Espanha. “Fico muito triste de não ter conseguido esportivamente a vaga no Mundial”, disse o argentino, lembrando que também é boa a chance de o Brasil ganhar um convite da Federação Internacional de Basquete (Fiba), “pois a seleção é nona colocada no ranking mundial e ficou em quinto lugar na Olimpíada (de 2012)”.
Já ao comentar mais especificamente o desempenho da seleção em Caracas, Magnano chegou até a elogiar a defesa do Brasil. Ele lembrou, por exemplo, que Porto Rico teve apenas 32% de aproveitamento ofensivo na partida que fez contra os brasileiros, mas o treinador reconheceu que ofensivamente a equipe esteve muito mal.
“O ataque teve porcentagens muito baixas (de aproveitamento), perdemos cestas fáceis. Depois das duas primeiras derrotas, a equipe ficou em uma situação de impotência para sair de um quadro negativo. Estávamos amarrados. Chutes muito fáceis não entraram”, lamentou.
Já entre os jogadores da seleção, Guilherme Giovannoni admitiu nesta quinta: “Temos que parar para analisar o que aconteceu, não consigo encontrar uma causa (para o fracasso”. Caio Torres, por sua vez, destacou: “Com certeza fizeram falta os jogadores que pediram dispensa, mas a responsabilidade é dos 12 que foram (até a Venezuela) e da comissão técnica. Se tem que achar algum culpado, ele está aí”.