Em um disputado fim de campeonato na Itália, a situação do Milan está cada vez pior. O próprio Silvio Berlusconi, presidente do clube e atualmente empenhado em sua campanha eleitoral pela coalizão conservadora do país, não consegue esconder: "Estou preocupado, como todos os torcedores". Depois de festejar o título mundial de clubes em dezembro, no Japão, o Milan tem mostrado uma atuação abaixo do esperado. Eliminados da Liga dos Campeões nas oitavas-de-final, os jogadores de Ancelotti correm risco real de não terminar a liga italiana entre os quatro primeiros e, assim, perder a classificação para a Champions de 2009.
As seguidas derrotas, dos quatro últimos jogos, o Milan perdeu três, já deixam os torcedores impacientes. Neste domingo (30), diante da queda contra o Atalanta (9º colocado) por 2 a 1 em casa, a torcida não poupou nenhum jogador e até mesmo o capitão e ídolo Maldini recebeu vaias.
Com o resultado negativo do Milan, sem Kaká, e a vitória da Udinese, que bateu a quarta colocada Fiorentina com um belo 3 a 1, os dois times trocam de lugar: a Udinese sobe e ganha a quinta posição (com 50 pontos) e os rossoneri caem para sexto na tabela, com 49 pontos e ao lado da Sampdoria (sétima), que chegou à mesma pontuação após vencer o Empoli fora de casa. Ou seja, na equação, Fiorentina (53 pontos), Udinese (50), Milan (49) e Sampdoria (49) brigam pelo quarto lugar nesse instante, disputa fundamental, porque só o G-4 disputará a Champions do ano que vem. Somente a Inter (69), a Roma (65) e a Juventus (58) parecem imunes à disputa, por enquanto. Faltam ainda sete rodadas para o fim do torneio.
Nesta segunda-feira (31), durante um comício de Berlusconi em Milão, o líder conservador foi abordado por um torcedor que lhe gritou "não vamos chegar entre os quatro", mas logo foi tirado dali pelos seguranças do magnata (que, além do Milan, possui uma rede de canais televisivos, uma editora e é considerado o homem mais rico do país).
Com a oitava derrota no campeonato e a quarta em pleno San Siro, o elenco milanista parece enfrentar uma maldição dentro de casa, onde venceu somente quatro das 15 vitórias que soma. E no próximo domingo virá o Cagliari, 18º colocado, que busca pontos para se salvar e ainda vem de importantes empates contra a Roma e a Sampdoria, ambas por 1 a 1 (além de ter vencido as duas partidas anteriores).
"Somos incapazes diante dos mesmos erros nos jogos dentro de casa, um início fraco e muita auto-suficiência", analisou o treinador Carlo Ancelotti.
O treino de hoje, em Milanello foi a portas fechadas. Inzaghi volta a treinar, mas ainda precisará de tempo para voltar. Mas Jankulovski poderá jogar, provavelmente, já na próxima partida.
Já Clarence Seedorf, criticado ultimamente e acusado de se empenhar somente em partidas importantes, falou a respeito durante uma entrevista. "[A acusação] é um lugar-comum que me incomoda muito. Pelo contrário, eu lembro da Reggina aqui em San Siro, ou o ‘Toro’ fora de casa, onde fiz a diferença. E ainda, não joguei contra o Arsenal para atuar no campeonato. Preciso dizer algo mais?", desabafou.
De qualquer maneira, Ancelotti pedirá ao elenco uma mudança de mentalidade: os rossoneri devem entender que, por hora, o palco não é Atenas ou Yokohama. É preciso vencer na Itália, começando dentro de casa.
