Valquir Aureliano |
Depois de cinco anos, o clube ?descobriu? que Yamato não vinha fazendo um bom trabalho. |
Por mais que se garanta que não houve ?caça às bruxas?, o Coritiba acabou escolhendo os responsáveis pelo rebaixamento. Nas palavras do presidente Giovani Gionédis, sobrou para o ex-técnico Cuca, que salvou o São Caetano da degola. Pelas atitudes dos últimos dias, outros três profissionais ficaram com a pecha de culpados: o auxiliar Antônio Lopes Júnior, o coordenador técnico Sérgio Ramirez e o gerente de futebol Oscar Yamato.
Os quatro não estão mais no Coritiba. O demitido mais recente foi Yamato, que comandou o departamento de futebol do clube nos últimos cinco anos. O anúncio de sua saída foi feito por Gionédis na entrevista coletiva, logo após a vitória sobre o Internacional -involuntariamente ou não, sua saída acabou sendo relacionada com a queda do clube por conta do momento em que foi noticiada.
Oscar Yamato teve uma carreira de sucesso no Paraná e no Matsubara, e no Coritiba viveu altos e baixos. Assumiu a gerência de futebol no momento em que o clube ainda padecia com sérios problemas. Foi nesse período que o CT da Graciosa foi recebendo melhorias gradativas, firmando-se como local preferencial de treinamentos da equipe profissional e das categorias de base.
Nos cinco anos em que trabalhou no Coxa, em duas oportunidades Yamato teve a seu lado diretores indicados pelos ?cardeais? da Diretoria Executiva. O primeiro foi o superintendente Carlos Zanetti, que era remunerado, mas era a pessoa de confiança do então presidente Francisco Araújo. Depois, foi o secretário e depois vice-presidente Domingos Moro, incumbido por Giovani Gionédis para acompanhar o futebol profissional.
Desde julho de 2004, quando Moro deixou o clube, Yamato se transformou no elo entre diretoria e elenco, acumulando a função de diretor de futebol. E a crítica mais feita ao trabalho dele era justamente pelo fato de não ser um diretor do clube, mas um profissional – exatamente a razão de sua contratação cinco anos antes.
Incertezas e negociações paralisam equipe
A eleição aconteceria à noite, o que fez com que a segunda-feira fosse o dia de maior incerteza para torcedores, jogadores e comissão técnica do Coritiba. Além da tristeza de ver o time rebaixado – e, para muitos, a ?ficha caiu? ontem -, ficou a incerteza de saber quem interessa e quem não interessa. E mesmo quem estará no comando a partir de janeiro. A apresentação dos jogadores marcada para hoje será o passo inicial da reformulação do Coxa, com qualquer resultado na eleição.
Os jogadores ainda estavam chateados. Alguns, como Douglas, Reginaldo Nascimento, Anderson e os jovens Ricardinho e Peruíbe, estavam inconsoláveis.
?Só podemos nos desculpar?, murmurava o capitão alviverde, desde 1997 no Alto da Glória e capitão do time nas duas últimas temporadas. Pela cabeça dele passaram as glórias vividas e os insucessos inevitáveis – só que nenhum fracasso foi tão retumbante como o de domingo.
Até porque este terá reflexo por pelo menos dois anos. Em 2006, o Coritiba perderá cerca de R$ 10 milhões de reais em seu orçamento, terá que reavaliar algumas pretensões e viverá um período de ostracismo – ou pelo menos de menor exposição. Além disso, terá que disputar a segunda divisão, e fazer força para tentar subir ainda no ano que vem. Em 2007, haverá o reflexo natural do que aconteceu na temporada anterior.
O primeiro passo a ser dado acontece hoje. A maioria dos jogadores não deve permanecer no Cori no próximo ano -alguns pelo final do contrato, outros pelo término do empréstimo. Há atletas que já estão na mira de equipes da Série A: Capixaba interessa ao Grêmio e Caio e Peruíbe são prioridades do Internacional.
A base para 2006 será formada pelos jovens, com um ou outro veterano. Anderson, Rodrigo Batata e, talvez, Reginaldo Nascimento devem ser os líderes da equipe. Marquinhos, que segue em recuperação de uma cirurgia no joelho, interessava, mas a redução orçamentária pode obrigar o Coxa a abdicar de sua renovação. Renaldo e Rubens Júnior, que têm contrato até o final da próxima temporada, não devem ficar.