Brasília – A má fase do Brasiliense no Brasileiro, em que corre risco de rebaixamento, está mexendo com o humor do senador cassado Luiz Estevão, que é dono do time. O dirigente foi preso ontem, em Brasília, por desacato à autoridade. Ele chamou um tenente do Corpo de Bombeiros de "bicha", "incompetente" e "mentiroso".
Tudo começou por causa da interdição do Estádio Serejão, onde o Brasiliense costuma realizar seus jogos. Na última sexta-feira, a juíza Fernanda Cerqueira, da 17.ª Vara Cível de Brasília, determinou que não se realizassem partidas no estádio até que o clube atendesse às normas de segurança previstas no Estatuto do Torcedor. Em virtude dessa decisão, na última rodada, o Brasiliense teve que jogar contra o Botafogo no Estádio Mané Garrincha.
Revoltado com as vistorias do Corpo de Bombeiros, que apontaram falta de saídas de emergência e problemas no sistema elétrico e na estrutura das arquibancadas do Serejão, Luiz Estevão foi reclamar ontem com a diretoria técnica da corporação.
O ex-senador foi atendido pelo tenente Gleydson Andrade, que, segundo Luiz Estevão, recusou-se a liberar informações sobre o processo de interdição. "Xinguei ele de bicha", admitiu o dirigente. Ofendido, o tenente deu voz de prisão ao cartola.
Levado à Polícia Civil, o ex-senador prestou depoimento ontem. O delegado do caso, Moisés Martins, entendeu que o desacato de fato aconteceu. O promotor que estava de plantão discordou e preferiu enviar o caso ao Ministério Público, que deverá ouvir de novo as testemunhas. Com isso, o ex-senador foi solto em seguida, no começo da noite.
O nervosismo do cartola se espalhou pelo Brasiliense. Anteontem, no treino do time, o meia Marcelinho Carioca ficou irritado com um passe errado do lateral-esquerdo Rochinha e arremessou uma garrafa de água no jogador. Os dois quase chegaram a brigar, mas foram contidos pelos companheiros de clube.