O “Papa-léguas” foi chamado de “ovelhinha”
pelo presidente gremista Flávio Obino.

O Coritiba terá um jogador “mordido” em campo contra o Grêmio, sábado, às 16h, no Olímpico. Não que Luís Mário tenha algo contra o time gaúcho – muito pelo contrário, foi lá que o “Papa-léguas” viveu sua melhor fase, conquistando o título da Copa do Brasil de 2001. E foi em Porto Alegre que ele conseguiu recuperar o prestígio perdido na frustrada passagem pelo Corinthians.

Tanto que Luís Mário não esconde o carinho pelo clube onde foi titular por dois anos e meio. “Eu gosto muito do Grêmio, e da torcida. Toda vez que vou a Porto Alegre eu recebo o carinho dos torcedores. Eu devo muito a eles”, reconheceu o atacante coxa, em entrevista à rádio Transamérica. Lá, ele teve a ajuda fundamental do técnico Tite (hoje no Corinthians), que o tinha como um dos principais jogadores do elenco, assim como o lateral Anderson Lima (que está no São Caetano) e Rodrigo Fabri (sem clube).

Mas por que, então, Luís está bravo? “Estou meio engasgado com o Grêmio. Eu não tenho carinho nenhum pela diretoria do Grêmio. O presidente (Flávio Obino) sabe muito pouco de futebol”, atirou o “Papa-léguas”. A mágoa irreversível existe por dois motivos: o primeiro é a acusação de que ele e os dois jogadores citados acima eram as “ovelhinhas do Tite”.

A definição foi dada por Obino em uma reunião de diretoria – e, por descuido do presidente, que acabou sendo gravada pelo jornal Zero Hora. “Ele deixou jogadores magoados, sem vontade de voltar para o Grêmio. Sempre que falo com o Anderson e com o Rodrigo, eles manifestam a irritação com os dirigentes. E alguns que ainda estão lá não gostam da diretoria”, escancarou Luís Mário.

A outra razão da raiva é jurídica. O Grêmio exige três milhões de reais do atacante coxa por quebra de contrato. Para o clube gaúcho, Luís saiu antes do previsto (o final da Copa Libertadores de 2003). Para o jogador, a eliminação do time significa o final da competição. “Para o Grêmio, a Libertadores tinha acabado, mas eles mudaram o contrato para me prejudicar”, contou.

No julgamento de primeira instância, uma história inusitada. “Antes do julgamento, a juíza me pediu uma camisa autografada para o filho dela. Depois, ela me condenou. Mas tem outras instâncias, e isso vai se resolver”, disse o atacante, que será a principal arma ofensiva do Cori no Olímpico. “Quero pensar no Coritiba, e na vitória que temos que trazer lá de Porto Alegre”, garantiu.

Atacante pode deixar o Coxa

Além de ter suas pendengas com o Grêmio, Luís Mário também olha para o futuro. O atacante do Coritiba reconheceu que tem propostas do futebol do exterior, mas garantiu que apenas uma oferta ?irrecusável? o tiraria do Alto da Glória. Uma delas, a da Acadêmica de Coimbra, não teria chegado ao “Papa-léguas”.

A boa atuação de Luís Mário contra o São Caetano teria encantado os emissários portugueses. Mas ele diz que nada sabe do interesse da Acadêmica. “Ninguém conversou comigo, e a proposta que vier tem que ser muito acima do que eu imagino. Senão, não tem porque eu sair do Coritiba”, assegurou o atacante, que tem uma cláusula em seu contrato que o libera de pagamento de multa caso receba uma proposta do exterior.

Segundo ele, a ligação com o clube já é forte, apesar de ele estar liberado para conversar com outros clubes a partir do dia 20. “Eu fui muito bem recebido aqui, tanto dentro quanto fora de campo. E isso faz muita diferença para mim. Por isso, vou conversar com o presidente (Giovani Gionédis) e com o (vice-presidente Domingos) Moro para resolver tudo e ficar por aqui”, finalizou.

Vágner e Aristizábal no banco dos réus

O foco alviverde volta aos tribunais hoje. Depois da saga do caso Ataliba, quando o clube perdeu e depois recuperou seis pontos, agora são os jogadores Aristizábal e Vágner que preocupam o Coritiba. O primeiro será julgado em Curitiba, e o segundo no Rio de Janeiro. E é a possibilidade de suspensão do zagueiro que mais assusta os dirigentes.

Vágner foi expulso no clássico contra o Atlético, no dia 2 de maio, em jogo válido pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro. Ele acertou uma cotovelada no atacante rubro-negro Dagoberto, mas como o lance não foi captado por imagens de TV, apenas a suspensão automática foi aplicada – no julgamento da Comissão Disciplinar do STJD, o zagueiro coxa foi absolvido.

Mas a Procuradoria do tribunal não aceitou a decisão da primeira instância, e pediu um novo julgamento, agora com o pleno do STJD. O encaminhamento é o mesmo do caso Ataliba, e não se descarta o mesmo final: a decisão da Comissão Disciplinar ser mudada no pleno. Com isso, Vágner corre risco de receber uma punição severa.

Já, Aristizábal, será julgado ainda por um fato do Campeonato Paranaense. Segundo o relato do árbitro Marcos Tadeu Silva Mafra, o colombiano teria agredido o zagueiro atleticano Alessandro Lopes, na finalíssima da competição (jogada no dia 18 de abril). Ari está no mesmo artigo em que esteve no caso da agressão ao zagueiro Tiago Soler (que está no Coxa), prevendo de 120 a 540 dias de suspensão.

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