Luís Mário é problema de última hora para o Coritiba

E o que era certeza passou a ser dúvida a partir da tarde de ontem. Por mais que se coloque como precaução, as dores na coxa esquerda de Luís Mário colocaram um ponto de interrogação na participação do “trio de ouro” do Coritiba na partida de amanhã, às 15h30, no Couto Pereira. Depois de forçar no coletivo de ontem, o “Papa-léguas” sentiu a antiga fibrose, e fica em tratamento intensivo até o momento do jogo.

O próprio Luís se considera “culpado” pelo que aconteceu. “É que eu não me poupo em momento nenhum, não é do meu estilo. Aí acabei sentindo”, explica. O médico Walmir Sampaio tirou o atacante do treino após as primeiras reclamações. “Ele deu três piques sucessivos, e no último teve um escorregão. Achei melhor que ele saísse, para que a gente iniciasse logo o tratamento”, explica.

O problema é o mesmo que o tirou das últimas partidas do Coritiba. “Ele sentiu um desconforto na coxa esquerda, onde ele teve a fibrose, mas não constatei nenhuma lesão. É uma dor residual, até normal pelo tipo de problema que ele teve”, comenta Sampaio. Luís não treina hoje, mas confia que vai enfrentar o Paranavaí. “Acho que vai dar tudo certo. Vou estar em campo”, promete ele, que acredita que o forte trabalho da semana também influiu. “Eu cheguei a fazer um trabalho de fortalecimento muscular, e chega a ser normal esse tipo de dor”, explica.

Luís Mário realmente se dedicava ao treino, mesmo não rendendo tão bem. E correu tanto que o seu companheiro de ataque pediu calma. Antes de sair do trabalho, Aristizábal falou “de mansinho” com o “Papa-léguas”. “Eu disse a ele que todo mundo conhecia a capacidade dele, e que não era legal ele forçar tanto. Melhor estar inteiro no jogo, e para isso você precisa se cuidar”, comentou o colombiano. O substituto nos minutos finais do treino foi Tiago Santos.

Para Antônio Lopes, é hora realmente de se cuidar. “Acho que o time se desgastou demais nesta semana, e é melhor que a gente dê uma segurada”, comenta o treinador, que encerrou o trabalho após pouco mais de 45 minutos de coletivo. Com Luís em campo, o Cori enfrenta o Paranavaí com Fernando; Jucemar, Miranda, Reginaldo Nascimento e Adriano; Márcio Egídio, Ataliba e Luís Carlos Capixaba; Luís Mário, Tuta e Aristizábal.

Amanhã é dia de Coxa ideal

O jogo, em tese, não tem tantos atrativos quanto uma partida da Libertadores. Mas a partida contra o Paranavaí pode apresentar, pela primeira vez, o Coritiba com todas as suas principais contratações da temporada. E Tuta, Aristizábal e Luís Mário (a única dúvida do time) estão felizes em formar o ?trio de ouro? alviverde.

Para Tuta é a realização de um sonho. Afinal, que jogador com as características dele não gosta de ter outros dois atacantes a servi-lo? “Eu não posso reclamar”, brinca. “A vantagem é poder atuar com dois companheiros de muita qualidade. O entrosamento veio rapidamente e a gente está gostando de jogar junto. Isso é fundamental”, completa Tuta, falando a sério.

Ele percebe virtudes semelhantes em seus dois companheiros. “O Ari, que também é um artilheiro, tem muita inteligência, sabe se colocar em campo e dificilmente erra um passe. E o Luís tem mais ou menos as mesmas características”, explica Tuta, que, no entanto, não se esquece da principal arma do “Papa-léguas”. “Além de ser inteligente, o Luís não perde para ninguém na velocidade. Ele é muito rápido”, afirma.

Aristizábal pensa como Tuta. “Se você olhar os três dentro de campo, vai ver que a gente se completa. O Luís é mais rápido, o Tuta é um centroavante forte e de presença na área, e eu tenho o meu estilo. Acho que, por causa disso, o time vai se acertar conosco no ataque”, comenta o colombiano, que reconhece que o trio precisa ajustar o posicionamento. “Nós estamos treinando juntos há pouco tempo, e isso se reflete. Mas vai melhorar”, promete.

Ele é, talvez, o mais animado dos três. “Eu estou muito contente em jogar no Coritiba e ter a companhia destes atacantes. Eu me lembro do quanto meus times sofriam nas mãos do Luís e do Tuta. Acho que temos muito a fazer aqui”, comenta Ari, que fará amanhã apenas o seu segundo jogo como titular (o primeiro foi contra o Rosario Central). “Eu não sei o que vai acontecer, mas os gols vão aparecer”, resume.

Luís Mário é o que está há mais tempo (é o único que começou a temporada normalmente) e, hoje, é o principal destaque técnico do Cori. E também é o atacante mais sereno nas declarações sobre o ?trio?. “A gente não tem vaidade de ficar pensando quem vai ser o artilheiro, ou de ter que concluir todas as jogadas. Nós jogamos com alegria, mas com responsabilidade”, afirma.

Frases de quem, além de ser o atacante, também precisa compor o meio-de-campo, ajudar na marcação e puxar os contra-ataques. “Não adianta nada você ter os três atacantes se o time não chega. Então temos que ajudar, marcar e manter essa característica tão forte do Coritiba”, diz o “Papa-léguas”, que apesar de mais tranqüilo também está esperançoso. “É uma trinca que tem tudo para dar certo”, finaliza.

Defesa tem que se desdobrar

Eles estão na alça de mira. Com a nova formação tática do Coritiba, com três atacantes, os defensores acabaram ficando sobrecarregados, e tendo que se desdobrar para fazer o ?serviço sujo?. Mas não pense que Jucemar, Miranda, Reginaldo Nascimento e Adriano estão chateados. Para eles, não há problema de segurar tudo para que Tuta, Luís Mário e Aristizábal façam a festa no ataque.

“Jucemaaaaar!”. O grito ecoa constantemente no CT da Graciosa. O lateral-direito coxa é o mais ?saudado? por Antônio Lopes durante os treinamentos. Talvez por acreditar na evolução do jogador, o técnico alviverde cobra muito dele em todo trabalho, com os berros que estão ficando folclóricos. “Ele faz isso porque aposta em mim. Não fico chateado com os gritos”, garante o lateral.

Ele é um dos jogadores mais prejudicados – e mais beneficiado – com a alteração tática promovida por Lopes. Jucemar não poderá mais subir ao ataque com a mesma regularidade, só que terá várias opções quando estiver na frente. “Eles são meio malucos, mas é uma maluquice boa. É legal olhar para o lado e ter a possibilidade de passar para o Tuta, para o Luís ou para o Ari”, comenta o jogador. A mesma filosofia de jogo se aplica a Adriano, com a ressalva deste poder sair mais para o ataque que Jucemar.

Se para os laterais a forma de jogar muda, para os zagueiros a vida permanece a mesma, só que com a possibilidade mais clara de acontecerem contra-ataques – fato que foi visto nos treinos desta semana. “É normal que isso aconteça, mas a gente tem que pensar no lado positivo, na força ofensiva que vamos ter”, comenta o capitão Reginaldo Nascimento, surpreendentemente um dos maiores entusiastas do novo esquema tático.

Miranda, mais tranqüilo, aposta na ajuda de todos. “O professor Lopes pediu para todo mundo ajudar. E sei que isso vai acontecer”, comenta o zagueiro, que joga domingo contra o time de sua cidade natal. “Eu nunca joguei como profissional lá, apenas no futebol amador. Mas vai ser interessante, e meu pensamento está voltado para o Coritiba e para a vitória”, resume.

Chegou a hora da revanche para o Vermelhinho

Em 23 de março do ano passado, Coritiba e Paranavaí decidiram o campeonato paranaense. O Coxa ganhou o jogo, por 2 x 0, e o título. Desde então, os dois times não mais se encontraram. Amanhã, às 15h30, no Couto Pereira, porém, inicia o que o Vermelhinho pretende que seja a revanche daquela final, quase um ano depois.

O jogo de agora também é decisivo. Quem vencer será um dos semifinalistas do paranaense. Um empate favorece o Alviverde. Mesmo que perca, entretanto, o Paranavaí terá vaga na mão se o Londrina não ganhar da Adap, em Campo Mourão.

O Paranavaí mantém três titulares de março passado: o goleiro Vilson, o volante Márcio e o atacante Neizinho. O técnico Itamar Bernardes é outro remanescente.

Agora, o time do Noroeste desembarca na capital com outros nomes em alta: os dos meias Rui Barbosa, ex-Sertãozinho (SP), e Alex Sandro, ex-CENE (MS). O primeiro marcou quatro gols jogando apenas três partidas. O segundo é o goleador do Paranavaí no estadual, com sete.

Além da dupla, o Vermelhinho aposta no veterano Tupãzinho. O ex-meia do Corinthians, hoje com 35 anos, ainda não se firmou como titular, mas começa jogando.

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