O time do Botafogo tem muitos pilares. Seedorf, Jefferson, Bolívar, todos são líderes fora e destaques dentro de campo. Foram fundamentais para a conquista da Taça Guanabara, culminando na vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, domingo, no Engenhão. Mas as decisões costumam apontar heróis e desta vez o papel coube a Lucas.
O lateral-direito fazia partida sem brilho (por força do esquema tático), até que surgiu na área aos 35 minutos do segundo tempo, quando achou o canto esquerdo de Alessandro e marcou o gol triunfal. Lucas passou a noite sozinho em sua casa no Rio. A mulher e a filha de seis meses estavam em Florianópolis. “A tecnologia ajuda e pude ver a minha filha ontem (domingo)”, comentou Lucas.
O garoto de 24 anos, em seu terceiro ano na equipe alvinegra, já passou por altos e baixos. No ano passado, foi execrado pela torcida por ter sido expulso em dois jogos seguidos, um deles pela decisão do título do Campeonato Carioca, contra o Fluminense. Os torcedores pediam sua saída do clube. Hoje, comemoram o gol saído do pé direito do mineiro de Passos.
“O futebol tem dessas coisas. Quem está em campo fica sujeito a qualquer situação. Da mesma forma que fui expulso na decisão (em 2012), tive a oportunidade de fazer o gol do título. O que não pode é tomar porrada e baixar a cabeça. Tem que sacudir a poeira e dar a volta por cima”, disse o lateral.
O técnico Oswaldo de Oliveira, outro muito contestado pelas arquibancadas, sustentou Lucas mesmo nos momentos difíceis e é só elogios ao comprometimento tático do jogador, que muitas vezes sacrifica uma atuação em que apareça mais para o torcedor para ajudar o time com sua entrega na marcação.
“Jogador não é peça de automóvel, que você troca a qualquer momento. É humano, tem família, problemas particulares que às vezes leva para o campo”, discursou Oswaldo. “Ele foi pai recentemente, está muito feliz e isso aparece. Depois deste momento de afirmação, ele tem tudo para deslanchar.”
Com dois dias de folga, Lucas voou para a Florianópolis para ver a família. Vai descansar, depois de passar a noite em claro, pela excitação da conquista. “Demorei para dormir assistindo ao gol e aos lances do jogo.” A torcida alvinegra fez o mesmo, Lucas.