?Não haverá invenção, nem mágica.? Foi desta forma que o técnico Lori Sandri respondeu às muitas indagações sobre a possível equipe que colocará em campo no jogo de amanhã – às 18h10, no Joaquim Américo -, frente ao Atlético. O treinador não deu novas pistas sobre a formação que pretende escalar e, pela primeira vez desde que assumiu o comando do time, adotou um treino com portões fechados.
Sob uma aura de mistério, o Paraná Clube joga suas fichas neste clássico para sair da lama. No único coletivo aberto à imprensa, testou duas opções táticas. Num 3-6-1, o que se viu foi um time cauteloso, mas com poder de marcação. Já no 4-4-2, o rendimento técnico foi superior, com mais volume de jogo. ?O esquema, no fundo, é o que menos importa. O comportamento dos jogadores é que faz o time ser competitivo?, não se cansa de repetir Lori Sandri.
O técnico reconhece que um trabalho secreto não ganha jogo. ?Mas, se criar alguma dificuldade para o adversário, é válido?, disse Lori. Quanto à mudança na programação, o técnico lembrou que na grade de treinamentos há sempre a observação ?sujeito a alterações?. ?Vi que a semana era pra isso. Trata-se de um clássico, onde a rivalidade tem peso significativo e por isso optamos por fechar os portões. Nada demais?, comentou o comandante paranista.
Lori Sandri quer tirar proveito de sua larga experiência no futebol paranaense. ?Cada estado traz sua peculiaridade. Sei todos os detalhes que cercam um jogo como esse e isso pode me dar alguma vantagem em relação ao Ney?, admitiu Sandri. O técnico tricolor não se apega a números, mas reconhece que gosta de utilizar o retrospecto dos confrontos como um ingrediente motivador. ?Tudo é válido no sentido de mobilizar o grupo.?
E, durante a semana, o que se viu foi um ambiente de serenidade, até conflitante com a situação do Tricolor na tabela de classificação do Brasileiro. ?O grupo está fechado e vai virar esse jogo?, disse Lori. ?Pode até faltar futebol, mas vai sobrar garra e vontade nessa reta final. São doze decisões?, sentenciou Lori Sandri. O técnico cobrou reação imediata, a partir desse fim de semana, quando volta a contar com praticamente todo o grupo.
Com Flávio, Nem e Josiel – sem contar Luís Henrique, que no primeiro tático atuou entre os suplentes – o Paraná ganha experiência, na projeção de um time mais maduro. O treinador entende que a presença de atletas mais rodados tornará o Paraná mais sólido para a missão de novamente surpreender o Rubro-Negro em seu território.
Josiel, maior garantia de finalização
Valquir Aureliano |
Josiel marcou 60% dos gols do Paraná no Brasileirão. |
O artilheiro Josiel volta ao time e com ele o Paraná ganha não só poder de fogo – é o jogador com o maior índice de finalizações da equipe – como referência ofensiva. Resta saber se ele atuará mais isolado à frente ou se terá um companheiro a auxiliá-lo contra o trio de zagueiros atleticanos. ?O Lori não nos confirmou nada. De repente, até pode buscar uma estratégia diferente daquela treinada?, disse Josiel, sem dar pistas sobre a formação da equipe.
Independente do esquema a ser adotado, Josiel tem uma certeza. ?Precisamos atacar. Chegamos num ponto onde o empate já não serve e a reação deve ser imediata. Precisamos emplacar uma seqüência de bons resultados?, analisou o artilheiro do Brasileirão, com 17 gols. Josiel só ficou de fora de dois jogos nesta competição. Na semana passada, foi poupado do jogo em Recife, mas agora volta em plena forma. ?A comissão técnica decidiu agir assim e foi bom, pois pude trabalhar forte a semana?.
Josiel tem consciência de sua importância para o time. Afinal, marcou quase 60% dos gols do Paraná neste Brasileiro. O vice-artilheiro é Beto, com apenas 3 gols. Isso dá para dimensionar o papel do goleador no time. ?Sei que vou estar bem marcado. Mas mesmo assim temos criado oportunidades. E espero deixar a minha marca, já que ainda não marquei gols jogando na Baixada?, lembrou.
No primeiro turno, porém, o artilheiro da Vila marcou os dois gols do Paraná, no empate por 2×2. ?Espero estar num dia inspirado, pois precisamos, e muito, desse resultado?, finalizou.
Histórias de Atlético x Paraná
Carlos Simon
Arquivo |
Paraná 1×4 Atlético – Pinheirão – 29/9/1996 |
No ano em que ressurgiria no cenário nacional, o Atlético engrenou após atropelar o Paraná Clube. O clássico pelo Brasileiro de 1996 foi marcado pelo show de Oséas, autor de três gols na goleada rubro-negra por 4 x 1. O atacante das trancinhas fez o primeiro após um giro na área, viu o Paraná perder um pênalti (Paulo Miranda bateu para fora) e o companheiro Luís Carlos marcar o segundo, no finalzinho do primeiro tempo. Na segunda etapa, Oséas matou o Tricolor aproveitando de cabeça cruzamento de Paulo Rink, aos 10 minutos, e fuzilando Régis após dominar no peito, aos 25. Silva descontou aos 38 para o Tricolor, que após a partida demitiria o técnico interino Mario Juliato – Cláudio Duarte foi contratado em seguida e recuperou o time.
Já o Furacão encheu-se de moral com a segunda vitória seguida em clássicos (na rodada anterior vencera o Coritiba por 1 x 0) e terminou em 3.º lugar na fase de classificação. Nas quartas-de-final, seria eliminado pelo Atlético-MG.