Quando o assunto é clássico, logo vem à mente um jogo ?amarrado?, onde a técnica perde espaço para a rivalidade que embala as torcidas. Para o técnico do Paraná Clube, Lori Sandri, o jogo de amanhã não terá a virilidade da marcação como mola-mestra. Acredita numa partida de técnica apurada, fazendo justiça à qualidade das duas equipes e ao bom gramado do Couto Pereira. ?É claro que ninguém vai esquecer da marcação. Mas, pelo que as equipes vêm produzindo, será um clássico para agradar o torcedor que gosta do bom futebol?, frisou.
Lori Sandri, ao longo de toda a semana abdicou de treinamentos fechados. Preferiu trabalhar ?às claras? e aposta na continuidade daquilo que vem armando deste o início da competição. ?Estamos conseguindo atingir um padrão de jogo. Então, não há motivo para mexer no time?, disse. A análise do técnico paranista está diretamente ligada àquilo que o Tricolor produziu no jogo frente ao Fortaleza. Ao escalar dois atacantes – antes disso, a comissão técnica conviveu com dificuldades devido a lesões – o treinador conseguiu um volume de jogo próximo do ideal.
?Com a entrada do André (Dias) ficou mais fácil jogar. Ele sabe prender bem os zagueiros adversários e como o Thiago (Neves) joga próximo ao ataque, tenho tido mais oportunidades?, analisou o artilheiro. Ele e a comissão técnica sabem que os adversários não vão mais relaxar na marcação dos atacantes tricolores. ?Quando o time começa a se destacar, os zagueiros já entram precavidos. Isso só serve de motivação para correr mais e criar espaços.? Destaque do time no Brasileirão – ele lidera a Bola de Ouro da revista Placar – o atacante disse que procura ?se desligar? desses aspectos extracampo.
O atacante, que por característica prefere se posicionar pelo lado esquerdo do campo, vem conseguindo uma boa sincronia com Thiago Neves e Vicente, os outros jogadores que preenchem este setor. Caso o Coritiba venha mesmo com um meia – no caso, Jackson – na sua lateral-direita, Vicente poderá ser peça-chave para o sucesso do Tricolor no clássico e o fim do jejum de quase nove anos sem vitória no Couto Pereira. No jogo passado, em muitos momentos, Vicente foi mais um ponta-esquerda. Ontem, no apronto, um dos gols dos titulares (que venceram por 3×1) saiu em jogada do ala, que cruzou na cabeça de Borges.
Fora de campo, Márcio Nobre aposta no Tricolor
É normal ?compadres? se desafiarem em clássicos e via de regra o que está em jogo é um bom churrasco. Velhos conhecidos de coxas e paranistas também decidiram apostar um jantar. De um lado o meia Alex, declaradamente coxa-branca, do outro, o atacante Márcio, que não esconde o carinho que nutre pelo Tricolor, clube que o projetou para o cenário mundial. Os dois são titulares do Fenerbahçe, campeão turco desta temporada.
Márcio foi artilheiro pelo Paraná, clube que defendeu por três anos e meio. ?Sou sul-matogrossense, mas costumo dizer que Curitiba me adotou?, disse o jogador, que mesmo no futebol europeu mantém residência na capital paranaense. ?É o melhor lugar do mundo. Adoro essa cidade.? Quando foi para o Cruzeiro, em 2003 – onde conquistou o título nacional – ele incorporou o sobrenome e passou a ser conhecido como Márcio Nobre.
?Tenho amigos em Belo Horizonte, mas não é como aqui. Me criei no Paraná?, lembra Márcio, que chegou à Vila Capanema aos 17 anos. ?Mesmo à distância, torço pelo Paraná e sempre busco informações na internet. Mas, o time está bastante mudado?, disse. O atacante abraçou os remanescentes de sua época, Darci, Goiano e Fernando Lombardi. ?Sei que o Borges está num bom momento e espero que ele continue assim. Historicamente, o Paraná sempre projetou grandes artilheiros?, comentou, citando Saulo, Washington e Ilan.
Márcio, que curte férias e só volta para a Turquia no fim do mês, pretende ir ao Couto Pereira. ?O Alex está voltando da Bahia e, se chegar a tempo, vamos ao estádio juntos. Acredito no Paraná e acho que vou ganhar essa aposta?, finalizou, indicando um placar apertado. ?Vai ser 1×0, 2×1…?
