Uma parceria entre o empresário Sérgio Malucelli, do Iraty, e o Atlético Mineiro pode determinar a saída de dois integrantes da comissão técnica e outros quatro jogadores do atual elenco do Paraná Clube. A negociação deve ser concluída na próxima semana, mas o Tricolor já está pensando em eventuais substitutos para as vagas de Wilian Hauptman (preparador físico) e Jair Leite (treinador de goleiros). O ?pacotão? de jogadores pretendidos pelo técnico Lori Sandri inclui Vicente, Edinho, Daniel Marques e André Dias.
A S.M. Sports, empresa com a qual o Paraná manteve um contrato de parceria em 2003, está ampliando horizontes. Malucelli e Juan Figger intermediaram o acerto de Lori Sandri com o Galo, mesmo sabendo que o clube mineiro dificilmente permaneceria na Série A do Campeonato Brasileiro.
O acerto entre Paraná e S.M. Sports não vingou, mas alguns jogadores permaneceram na Vila Capanema. São os casos dos alas Edinho e Vicente, cujos contratos se encerram no fim do mês, o que facilitaria a transferência de ambos para o Atlético.
Sobre essa questão, Edinho mostrou-se surpreso. ?Tenho outras propostas e meu desejo é ficar no Paraná?, assegurou. Até porque, com Lori Sandri, era Vicente quem vestia a camisa titular. ?Não sei de nada sobre essa negociação e a decisão final será sempre minha?. Já Vicente, que enfrenta o Vasco, diante da lesão de Edinho, já vislumbra a possibilidade de partir para um novo centro e obter um contrato financeiramente mais atrativo. O mesmo
vale para André Dias, que ainda se recupera de uma tendinite e espera estar pronto para voltar aos gramados a partir de janeiro.
O contrato de André Dias termina no fim do ano e segundo informações o empresário Sérgio Malucelli já teria negociado a compra dos direitos federativos do atleta. Titular ao longo de quase todo o Brasileiro, André Dias não joga desde o dia 20 de outubro, quando o Tricolor perdeu para o Corinthians (0x1), no Pacaembu. Já a questão envolvendo o zagueiro Daniel Marques é mais complexa. O vínculo do atleta é com o Palmeiras e Malucelli está tentando a compra de seus direitos federativos. Só que Daniel Marques tem proposta do Internacional e não esconde o desejo de disputar uma Libertadores da América. ?É momento de valorização. A oferta do Inter é muito boa, não posso negar?, afirmou.
Mais do que a questão financeira, o que pesará na decisão de Daniel Marques é o aspecto profissional. ?Não posso ter um retrocesso. Fiz um bom campeonato e tenho que aproveitar o momento. E, disputar uma Libertadores tem um peso muito grande?, disse o jogador, praticamente descartando a possibilidade de se transferir para o Atlético Mineiro ou de permanecer no Paraná.
Tricolor conhece bem o drama do Coxa
O presidente José Carlos de Miranda se mostra solidário ao rival e dá todo o apoio moral possível ao Coritiba. Defende incondicionalmente a necessidade dos paranaenses serem mais ?bairristas?, não apenas em assuntos relacionados ao futebol. Essa força ao co-irmão é sustentada por sofrimentos recentes que o clube de Vila Capanema viveu no Brasileirão. O drama atual dos coxas se assemelha em muito com aquele que acelerou corações paranistas há sete anos.
Em comum, muito mais do que a situação em si. Em 1998, o Paraná tinha também o comando técnico de Márcio Araújo. Praticamente iniciando sua carreira, o treinador encarou o desafio de comandar o Tricolor nas sete rodadas finais do Brasileiro. Márcio Araújo substituiu Otacílio Gonçalves e logo na estréia uma derrota por 3×0 para o São Paulo. Novos tropeços frente a Cruzeiro (1×2) e Guarani (0x2), colocaram o clube em xeque na competição.
Restando quatro jogos – todos contra equipes tradicionais – o Tricolor era apontado como virtual rebaixado. Ainda mais quando só empatou com o Corinthians (0x0), jogando em casa. A esperança reascendeu quando o time foi buscar na Vila Belmiro uma heróica vitória – de virada – sobre o Santos (2×1). Só que nova derrota (3×2, para o Palmeiras) na rodada seguinte, foi uma ducha fria em todos. Ainda mais da forma como ela ocorreu. Depois de estar vencendo por duas vezes, o Paraná sofreu o gol da derrota, marcado por Oséas, aos 47 minutos da fase final.
Na última rodada, frente ao Flamengo, em casa, era tudo ou nada. Além de vencer, o Paraná dependia de outros resultados. E brilhou a estrela de Márcio Araújo. Com gols de Arinelson e do uruguaio Gabriel Silvera, o Tricolor venceu por 2×1, com direito a pênalti cobrado por Romário e defendido pelo goleiro Marcelo. Melhor do que isso. Oséas, que fora o carrasco na rodada anterior, salvou o Paraná da segundona, marcando o gol da vitória do Verdão sobre o América Mineiro, resultado que rebaixou o Coelho.
Diante do sofrimento vivido em 98, os tricolores sabem muito bem como está sendo a semana no Alto da Glória.
Marcos bate o martelo hoje
O zagueiro Marcos define hoje o seu futuro. A diretoria espera acertar a renovação com o atleta, considerado um dos jogadores mais regulares do time ao longo do Brasileirão. Indicado por Lori Sandri, especulava-se a possibilidade do zagueiro também seguir para o Galo. Porém, o próprio treinador admitiu que essa não é uma das prioridades do time mineiro.
?Para a posição, temos o Lima, que está atuando muito bem?, disse o treinador, que já está montando o time para a temporada 2006, quando disputará a Série B. Marcos já foi liberado para as férias e prometeu dar uma resposta hoje sobre a proposta de renovação apresentada pela diretoria tricolor. ?Nossa meta é garantir uma base e para isso contamos com o Marcos e com o Flávio?, explicou o vice de futebol José Domingos.
O dirigente vai ao Rio de Janeiro, neste fim de semana, não apenas para acompanhar a última partida do clube na temporada. Vários contatos foram agendados e no sábado o clube deve oficializar a renovação do contrato do volante Mário César e a contratação do atacante Fábio, 26 anos, do Volta Redonda. ?É uma transação que vem se arrastando há tempos e agora acho que ela será concluída?. Fábio seria o primeiro reforço para 2006, mas a busca por atacantes continua, principalmente diante da previsível saída de Borges.
A L.A. Sports admite que o artilheiro dificilmente ficará no Paraná – mesmo tendo contrato até 2008 – mas não acredita que qualquer transação seja concluída nos próximos dias. Hoje, o destino provável de Borges é o Japão, mas o empresário Luiz Alberto Martins de Oliveira Filho lembra que o mercado europeu só abre em janeiro e não quer precipitar uma negociação. ?É uma transação complicada, pois envolve cinco pontas. Chegar a um acerto não é tão simples como possam imaginar?, frisou.
A L.A. detém 60% dos direitos econômicos do atleta e o empresário Márcio Rivellino os outros 40%. Mas, o Paraná é quem detém o vínculo do atleta e a própria palavra de Borges pesa no momento do fechamento de um contrato.