Lopes assimila tática com três zagueiros

Uma das maiores reclamações de críticos e torcedores sobre o Coritiba era a ausência do esquema 3-5-2. Afinal, foi desta forma que o time atuou nos últimos três anos, com quatro treinadores – Ivo Wortmann, Ricardo Gomes, Joel Santana e Paulo Bonamigo. Antônio Lopes, por filosofia, abandonou tal formação, que havia sido usada pela última vez em 13 de dezembro de 2003, quando o Coxa venceu o Criciúma por 2×0 e selou a classificação para a Libertadores.

Depois de quase um ano, o Delegado atendeu ao pedido e escalou três zagueiros, mesmo que ele diga que está jogando assim há muito tempo. “Quem sabe de futebol percebe que o Coritiba está atuando com três zagueiros desde o início do ano. Sempre há um jogador específico, como um volante ou um lateral, que faz essa função quando nós somos atacados”, comenta Lopes, confirmando que é uma opção circunstancial, e que não é adotada de início – da forma como foi contra o Paysandu, quando o Coxa contou com Vágner, Reginaldo Nascimento e Alexandre no setor defensivo.

Antônio Lopes também garante que seu desejo é contar com uma equipe que possa mudar sua formatação tática durante a partida. “Se eu tenho jogadores versáteis, como o Reginaldo Nascimento, posso colocá-lo como zagueiro, mais posicionado defensivamente, mas já orientado a avançar caso o adversário não nos pressione”, explica o técnico alviverde, pela primeira vez admitindo a possibilidade de colocar o capitão coxa na sua posição de origem.

Isso poderá ser visto no domingo, caso a tendência da repetição do 3-5-2 se confirme. No primeiro coletivo da semana, já visando a partida contra o Figueirense, domingo, no Couto Pereira, Lopes escalou o time da seguinte forma: Fernando; Rafinha, Miranda, Alexandre e Adriano; Reginaldo Nascimento, Ataliba, Roberto Brum e Luís Carlos Capixaba; Tuta e Aristizábal. Jucemar foi poupado, com dores nas costas, mas deverá ser o titular contra os catarinenses. “Eu quero trabalhar as formações da equipe para ver o que é melhor”, despista o Delegado.

Isso se refere inclusive aos dois atacantes, que segundo o treinador ainda são titulares. “O Tuta e o Ari são realmente titulares do Coritiba”, afirma Lopes, que depois deixa aberta a porta para nova barração. “Eles fazem parte de um grupo de treze ou catorze jogadores que têm a mesma capacidade de estar em campo”, finaliza o técnico do Coxa.

Renascimento de Vizzoto

“É muito bom estar na terra em que Jesus nasceu”. A frase de Claudiomiro, atacante do Internacional nos anos 70, virou folclore no Brasil. Mas para o goleiro Fernando Vizzotto, Belém do Pará não é a terra do nascimento, mas sim do renascimento. Um ano e meio depois da sua última partida, o jogador retornou na mesma cidade que atuara àquela vez – mesmo estádio e o mesmo adversário. Se o resultado não se repetira (em 30/05/03, Paysandu 1×3 Coritiba), a atuação de Vizzotto fora positiva da mesma forma, fechando um ciclo de más notícias que viveu.

A primeira, e mais traumática, foi a suspensão por doping, dias depois do último jogo. “Eu fui absolvido por quatro votos a zero no primeiro julgamento, e no recurso peguei quatro meses de gancho. Foi um período complicado”, conta Vizzotto. Nesses 120 dias, o goleiro teve que encarar lesão no púbis, torção no joelho e até um dente quebrado. “Parece que eu tinha que passar por alguma provação”, confessa.

Liberado para jogar, Fernando teve que sofrer com a série de lesões. A pior aconteceu há quase dois meses, quando ele teve um sério problema no cotovelo. “Estava ainda no aquecimento, quando fui defender uma bola e virei o braço. Senti a mão passando pelo ombro”, conta, com desassombro. Ele ficou com doze fragmentos no local, sendo obrigado a passar por uma artroscopia.

Mas a operação não era garantia de retorno. “Os médicos falaram que eu tinha 30% de possibilidade de não recuperar todos os movimentos do braço. Cheguei a assinar um compromisso com o clube, isentando-os de qualquer responsabilidade”, admite Vizzotto. “Mas eu não tive medo. Falei para a minha mãe que, se eu não pudesse mais jogar futebol, ia trabalhar com ela na roça”, afirma.

Por isso, a alegria e a vontade demonstrada contra o Papão. “Eu sabia que era a hora de eu mostrar porque estou aqui e a minha qualidade. Deu tudo certo”, festejou o goleiro, que “renasceu” no Pará.

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