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Longe das bebidas e de antigos ‘excessos’, Roger quer fazer história no Botafogo

Um caminho repleto de reviravoltas. De goleador e querido por algumas torcidas, a até mesmo atleta descartável e com problemas com bebidas. Aos 32 anos, porém, o atacante Roger acredita viver o auge de sua carreira e, desta maneira, espera fazer história com a camisa do Botafogo.

Roger chegou ao clube carioca neste ano, contratado para resolver os problemas ofensivos, e tendo como seu principal concorrente o jovem Sassá. O experiente jogador, contudo, está prestigiado com o treinador Jair Ventura. Mas nem sempre foi assim em sua trajetória.

Sua caminhada começou em 2003, na Ponte Preta. De origem humilde, natural de Campinas e torcedor declarado do clube, rapidamente caiu nas graças da torcida. O encanto durou até 2005, quando foi vendido ao São Paulo.

No time do Morumbi, chegou muito novo, aos 20 anos, e com muita lenha para queimar. Faltou maturidade para saber administrar a nova vida de jogador de time grande. “Eu era muito jovem. Faltou estrutura de todas as partes. Estrutura pro atleta garoto, que não tinha o conhecimento da grandeza que é jogar no São Paulo e (faltou) também um pouco de sequência, de oportunidades, mas sou grato ao time. Me abriu as portas, sempre me tratou com muito respeito, então tenho um carinho grande. A falta de oportunidades acontece, mas eu também muitas vezes deixei a desejar, por comportamento, falta de comprometimento”, disse o jogador, em entrevista exclusiva ao Estado.

Quando revela que não se comprometeu como deveria, Roger faz referência ao antigo gosto por bebidas alcoólicas. Mais maduro, o assunto é página virada. “Tiveram alguns aspectos que mudaram na minha vida. Primeiro a religião. Não defendo certo ou errado, defendo servir a Jesus e isso me fez mudar. Cometi muito excesso com bebida, era algo que eu gostava muito, e já está indo para seis anos que eu não bebo. As experiências ruins me fizeram amadurecer e entender que a família é muito mais importante do que estar sentado em uma mesa de bar.”

VIDA NO BOTAFOGO E ARTILHARIA NO RED BULL BRASIL – No São Paulo, antes de enfrentar uma série de empréstimos, o jogador foi campeão da Libertadores de 2005. Título que ele guarda com carinho, e que acredita que pode ajudar na caminhada com o Botafogo, na atual edição da competição continental.

“Sou muito feliz por ter feito parte do grupo campeão da Libertadores. Espero que isso ajude, mas existem outros atletas experientes também, como Emerson, Camilo, Montillo, o próprio Pimpão… São nomes rodados com todo um aparato, capacitados para entrar muito firme como tem entrado nos jogos e conseguir as vitórias”, analisou.

Na dura estreia da fase de grupos da Libertadores diante do Estudiantes, Roger deixou sua marca em uma bonita bicicleta, abrindo caminho para a vitória por 2 a 1. Agora, ele espera que os gols virem rotina. “Foi importante. Dá mais tranquilidade, confiança. Acredito que com esse gol eu consiga ganhar a confiança do torcedor e me firmar com o fazedor de gols da equipe. O grupo é complicado, a gente sabia desde o inicio que nosso caminho não seria fácil. Desde a pré-Libertadores, quando enfrentamos dois campeões, mas estamos preparados para o desafio. O Botafogo está bem concentrado, com o pé no chão, pensando jogo a jogo e isso vai fazer a diferença lá na frente.”

O camisa 9 foi contratado com status de titular depois de ótima temporada em 2016. O ano, aliás, foi repleto de emoções para ele, que foi o artilheiro do Campeonato Paulista com 11 gols pelo Red Bull.

“Ir para o Red Bull foi sensacional na minha carreira. De longe foi o time mais gostoso que eu joguei. As pessoas de lá são maravilhosas, tenho amigos lá. Encarei como um desafio, com muita serenidade de que iria dar certo. Acreditei muito no projeto e ser o artilheiro do Campeonato Paulista foi especial na minha carreira. Nunca tinha sido artilheiro, nunca tinha ganhado um prêmio, foi especial, um prêmio de Deus na minha vida. Eu estava desacredito e essa artilharia me voltou ao cenário nacional, fez com que as pessoas acreditassem novamente no meu trabalho”, contou.

PONTE PRETA E GUARANI – Donos de uma imensa rivalidade em Campinas, Ponte Preta e Guarani fazem parte da história de Roger. O time alvinegro é sua grande paixão. Foram quatro passagens por lá e uma enorme identificação com a torcida. A relação, contudo, ficou estremecida em 2010, quando ele acertou com o Guarani. O caso foi explicado pelo próprio atleta.

“Todo mundo sabe que eu sou Ponte. É o time do meu coração da minha família, da minha esposa, dos meus filhos, dos meus pais e eu nunca escondi isso. Tive uma passagem rápida no Guarani. Não me arrependo, porque, na época, o diretor que estava na Ponte Preta não quis minha volta. Meu empresário ligou e ele disse que eu não era jogador para Ponte Preta, que eu não me enquadrava no grupo e que eu não tinha mais qualidade para voltar. Foi quando o Vagner Mancini assumiu o Guarani e me chamou. Já havíamos trabalhado juntos e é um cara maravilhoso. Então não me arrependo. Arrependimento na minha carreira é difícil. Talvez eu me arrependa pelos excessos fora de campo, mas por ter ido para uma equipe ou outra não, todas foram experiências válidas.”

Por fim, o goleador revelou ainda ter uma grande vontade a ser realizada. “Eu tenho um sonho ainda e espero conseguir, um dia, ser campeão pela Ponte. Talvez não dê mais como atleta. Já disse em algumas entrevistas que acredito que meu ciclo na Ponte tenha terminado. Mas eu tenho o sonho de um dia ser treinador ou diretor de futebol. Quem sabe no futuro eu possa comandar o time e ser campeão? Seria muito especial, com certeza”, finalizou.

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