O Londrina divulgou uma nota oficial nesta quarta-feira (27) se manifestando sobre a possibilidade do retorno do futebol nos próximos dias. Alguns clubes do estado, como Athletico e Coritiba, já retomaram as atividades presenciais, enquanto Paraná e Operário realizaram testes contra o coronavírus e também podem voltar.
“Momento em que não podemos ser insensíveis e menos ainda irresponsáveis nesta realidade muito dura para todos nós brasileiros, de difícil luta contra o Covid-19”, relata parte da nota.
Em entrevista concedida na última terça-feira à Rádio Transamérica, o presidente da Federação Paranaense de Futebol, Hélio Cury, destacou que pretende retomar o Estadual a partir da segunda quinzena de junho.
“Recebemos com muita apreensão e tristeza a posição da Federação Paranaense de Futebol sobre o retorno dos treinos presenciais neste momento. Tristes também com o caderno de encargos que foi repassado aos clubes, sem medir a realidade de cada agremiação filiada e gerando ainda mais despesas aos clubes”, destaca o LEC.
Confira a nota na íntegra:
“O Londrina Esporte Clube informa que é contra o retorno das atividades presenciais do futebol neste momento. Momento em que não podemos ser insensíveis e menos ainda irresponsáveis nesta realidade muito dura para todos nós brasileiros, de difícil luta contra o Covid-19.
Acreditamos que todos os setores da sociedade estão se mobilizando, fazendo o seu melhor e contribuindo para que a pandemia não dizime as pessoas que tanto amamos. Por isso, é dever do futebol seguir o mesmo curso. Não somos diferentes.
Nosso esporte é uma das grandes alegrias e motivos de orgulho de muitos brasileiros. E jamais deverá ser associado à morte de quem quer que seja. É nosso dever preservar a saúde das pessoas, que sempre estiveram conosco nas conquistas e nos momentos mais difíceis. Agora é a nossa vez de entrar em campo e lutar ao lado delas!
Por isso, recebemos com muita apreensão e tristeza a posição da Federação Paranaense de Futebol sobre o retorno dos treinos presenciais neste momento. Tristes também com o caderno de encargos que foi repassado aos clubes, sem medir a realidade de cada agremiação filiada e gerando ainda mais despesas aos clubes. Despesas estas que oneram ainda mais a já dura realidade financeira das agremiações.
Um retorno que, para algumas equipes, pode representar apenas duas partidas no Campeonato Estadual. Um esforço absolutamente desnecessário levando-se em conta que não temos, pelo menos por enquanto, nem mesmo uma sinalização quanto ao que pode ocorrer com as demais competições do ano.
O Londrina Esporte Clube se orgulha de ser hoje um clube saudável financeiramente. Mas isso não significa que nossa vida tem sido fácil nesta pandemia, principalmente por conta da ausência de entrada de receitas. Ainda assim, estamos honrando com todos os nossos compromissos. E não achamos justo termos que pagar por uma conduta imposta, não debatida e que reprovamos.
Mas não estamos falando só de aspectos econômicos, que, convenhamos, menos importam neste momento. Estamos falando de vidas.
Nossos jogadores cumprem desde março período de quarentena em suas residências e foram estritamente orientados por nossa equipe médica e de preparação física a manter o isolamento social. Por isso, seguem em atividades on-line com nossos profissionais e se exercitando em casa ou em espaços absolutamente reservados.
Temos atletas de todas as regiões do país. Seria justo pedir a eles que rompessem a quarentena e se expusessem ao vírus em um deslocamento até Londrina? Seria justo exigir que eles cumprissem uma rotina de treinos e regras que foge absolutamente da realidade do futebol brasileiro?
Muitos atletas moram em nosso CT, fazem as refeições e têm os cuidados necessários nas nossas instalações. Como proibir isso e ainda assim garantir qualidade de vida e dar uma preparação adequada e de alto rendimento a esses profissionais sem esse suporte?
E se um atleta ou funcionário nosso ficar doente? Seremos nós, que somos contra esse retorno, a arcar com todas as consequências? E se um atleta ou funcionário nosso ficar doente a ponto de vir falecer, seremos nós a carregar a responsabilidade por essa morte durante o resto das nossas vidas?
Ou ainda que este atleta ou funcionário se recupere. Seremos nós os responsáveis por ocupar um leito de hospital, que poderia estar sendo utilizado por profissionais da saúde, de supermercados, do transporte, da limpeza e segurança pública, dentre tantos outros heróis dos serviços essenciais que estão nas ruas trabalhando justamente para que os demais possamos ficar em quarentena?
Não. Futebol é sinônimo de alegria. Esporte é sinônimo de vida. E vida para nós tem muito valor, mais que todos os troféus e vitórias que conquistamos em toda nossa história.
Não. Não estamos nada felizes com os quase 400 mil casos confirmados de Covid-19 no país até aqui. E para a nossa grande tristeza, já com mais de 24 mil mortes. Mais de 24 mil sonhos interrompidos. O futebol não pode contribuir com isso.
Por isso, destacamos que seguiremos com nossas rotinas de treinos on-line e todos os cuidados necessários para evitar a propagação do Covid-19. Pelo menos até atingirmos níveis de controle equivalente ao de países que já passaram pelo período mais difícil da pandemia e que, agora sim, podem pensar no retorno.
Também estamos diariamente acompanhando os desdobramentos da pandemia e temos entrado em contato com a própria CBF a respeito do que pode ser um momento adequado para o retorno. Um retorno que precisa ser seguro e dentro da realidade de todos os clubes.
Claro que estamos muitos tristes por ver os estádios vazios neste momento, sem nosso amado esporte em campo. Sem o carinho do nosso amado torcedor. Mas é por querer ver cada um dos nossos torcedores, atletas e funcionários com saúde e alegria ao nosso lado que analisamos que o melhor a ser feito agora é esperar.”
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