Londrina luta pra ser temido novamente pelos adversários

Reviver os tempos de glória do final da década de 70 e início de 80, quando o Londrina Esporte Clube (LEC) era temido e respeitado por adversários regionais e nacionais. Essa é a dura missão e o objetivo a ser atingido pela diretoria do Tubarão nos próximos anos. Atualmente, o clube sequer figura entre os times que disputam uma das três séries (A, B e C) do Campeonato Brasileiro. O outrora campeão da Taça de Prata luta agora pelo direito de participar da Série C do Nacional (Terceirona), através do Estadual 2007. Para obter a vaga, o Tubarão tem que terminar o Campeonato Paranaense entre os dois melhores clubes, excetuando Paraná, Atlético, Coritiba e Roma. Explica-se. Paraná e Atlético disputam a Série A, Coritiba a Série B e o Roma a Série C, lugar obtido graças à conquista da Copa 100 anos.

O caminho é longo e cheio de percalços, mas se o LEC pretende voltar à elite do futebol, precisa se reestruturar. Na semana passada, foi dada uma resposta positiva a todos aqueles que acreditam que o Tubarão quer se reerguer e que está bem administrativamente.

O setor jurídico, que é um dos pilares de sustentação de qualquer clube, demonstrou estar atuante e pronto a defender os direitos da equipe do Norte Pioneiro. Na segunda-feira, a assessoria de imprensa do clube divulgou uma nota revelando que uma das muitas ações trabalhistas, que tramitam contra o LEC, foi resolvida de maneira satisfatória. O ex-técnico e ex-diretor do clube, Raul Plassmann, entrou com um pedido de desistência na Vara Trabalhista daquela cidade, o que promoveu o encerramento da ação com consentimento do LEC.

No ano passado, outra ação trabalhista ganha pelo Tubarão foi contra o jogador Guilherme, que está jogando no Coritiba. De acordo com o departamento jurídico do Londrina, o meia pedia liberação (despedida indireta) por descumprimento da Lei Pelé, pois o clube não estaria depositando FGTS e recolhendo encargos sociais.

A 3.ª Vara de Trabalho de Londrina julgou a ação desfavorável ao jogador. Assim, Guilherme acertou com a diretoria do LEC o seu empréstimo ao Coxa.

Esses dois episódios podem parecer irrelevantes no dia-a-dia de grandes clubes, mas segundo o chefe do departamento jurídico do Londrina, Ricardo Ramalho Cardoso, é um grande avanço. ?Havia muitas omissões e ações eram julgadas sem que o jurídico do clube fizesse o acompanhamento. Havia um descaso e o clube era prejudicado. O Londrina ia acumulando dívidas por negligência. Com a reformulação, o clube se defenderá?, sentenciou o advogado.

A reestruturação do departamento jurídico teve início em dezembro de 2005 e, desde então, muitas pendências foram regularizadas em busca de uma administração competente. ?É difícil consertar tudo em um período pequeno. O clube permaneceu por doze anos na omissão?, afirmou Cardoso.

Intervenção não existe

?É bom ficar claro que o Londrina Esporte Clube não está sob intervenção, como muitos pensam?, afirmou o chefe do departamento jurídico. Ricardo Cardoso explicou que não há interferência da Justiça no comando do clube e que o interventor (administrador judicial), Rubens Moretti, é responsável por administrar em conjunto com outros setores do clube – principalmente o financeiro.

Segundo o advogado, há cerca de 140 processos (ações de vínculo empregatício) movidos contra o clube que precisam ser administrados.

?As dívidas menores estão sendo quitadas, mas dentro de um processo que não desestabilize a nossa gestão. A prioridade é pagar débitos às pessoas que trabalham no clube?.

Tubarão na Timemania

O Tubarão busca reestruturar-se e tornar-se um clube viável. Aos poucos, está conseguindo conquistar a confiança de patrocinadores e investidores. O apoio obtido para a equipe de juniores, que disputou a Copa São Paulo, é uma prova de que o panorama é favorável a mudanças.

Na página da internet do LEC, o presidente Peter Silva agradece às empresas que acreditaram no projeto e patrocinaram a preparação do Tubarãozinho (time júnior) para a disputa da competição.

Outra grande notícia para as finanças do clube foi anunciada pelo presidente na semana passada. O LEC conseguiu ser incluso no Timemania – uma nova loteria que será implantada pelo governo federal e deverá entrar em operação nos próximos meses (março ou abril). Os clubes conveniados à Timemania poderão desfrutar dessa nova fonte de renda para quitar as dívidas tributárias e de FGTS. Depois, a parcela a ser recebida poderá ser revertida em investimentos no clube.

Estima-se que a dívida do Tubarão oscila entre R$ 2,5 e R$ 3 milhões.

De acordo com o advogado Ricardo Cardoso, o Londrina reivindicou o direito de participar da Timemania, por estar entre os melhores clubes do País, de acordo com ranking da CBF – LEC aparece na 28.ª posição. ?Fomos vencedores da Taça de Prata (1980), o que significa ganhar, atualmente, a Série B. Isso nos deu o direito a pleitear uma vaga?, explicou.

O presidente Peter Silva também prevê um bom futuro para o clube a partir da inclusão no Timemania, como o pagamento de suas dívidas num período de até três anos. ?Será um dos passos mais importantes para pagarmos as dívidas contraídas, sanar o clube e dar nova vida ao Tubarão. O Londrina só será grande o dia em que pagar o que deve?, disse, ao confirmar a inclusão do LEC como beneficiário da nova loteria.

Para estruturar o futebol e reviver os tempos áureos é necessário buscar parceiros. ?Por isso queremos passar o máximo de transparência em nossa administração?, finalizou Cardoso.

Salvação da ?lavoura?

A Timemania é uma loteria criada pelo governo federal para sanear as dívidas dos clubes de futebol no Brasil. Serão utilizados nos jogos da loteria os símbolos dos 80 times participantes do Campeonato Brasileiro nas séries A, B e C.

A Caixa Econômica Federal (CEF) estima que a arrecadação inicial da Timemania seja de R$ 500 milhões por ano.

Além de pagar dívidas como INSS, FGTS e Receita Federal, os times de futebol retomarão a capacidade de investimento e de financiamento. A adesão do clube à loteria é voluntária. Aqueles que optarem pela Timemania deverão fazer a assinatura formal com a CEF.

A cartela da Timemania custará em torno de R$ 2,00 e estará à disposição dos torcedores em bancas e lotéricas em seis meses.

Para continuar participando da nova loteria, os clubes terão que cumprir algumas contrapartidas criadas pelo governo, como a publicação de balanços financeiros, contratação de auditoria independente e adesão a programas sociais do governo.

O Projeto de Lei encaminhado ao Congresso Nacional pelo Executivo, para a criação da loteria, foi sancionado pelo presidente Lula e publicado no Diário Oficial da União em 15 de setembro de 2006.

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