Inflacionado por Neymar, o mercado de transferências de jogadores no mundo bateu um recorde absoluto em 2017. Segundo dados publicados nesta terça-feira pela Fifa, clubes gastaram um total de US$ 6,3 bilhões (aproximadamente R$ 19,9 bilhões) no ano passado em reforços.
O Brasil lidera o ranking, com um total de 1,7 mil transferências internacionais e uma movimentação de mais de US$ 1 bilhão (R$ 3,2 bilhões). Foram 821 jogadores exportados e 748 que retornaram ao País. Na América do Sul, por exemplo, o Brasil exportou quase o dobro de jogadores que o segundo colocado, a Argentina, com 486 casos.
Mas os números revelam que, ainda sendo o maior exportador do mundo, o País não garante que seus clubes sejam os mais remunerados por fornecer craques a todos os continentes.
No total, 254 clubes brasileiros estiveram envolvidos em algum tipo de compra ou venda internacional de jogadores no ano, o maior número do mundo. O segundo lugar é da Alemanha, com apenas 143 clubes.
Porém, os times brasileiros faturaram apenas US$ 298 milhões (R$ 943 milhões). Nesse ranking, os clubes nacionais aparecem apenas na sétima posição, superados por Alemanha (US$ 483 milhões), Itália (US$ 508 milhões), França (US$ 643 milhões) Inglaterra (US$ 655 milhões), Portugal (US$ 803 milhões) e Espanha (US$ 850 milhões).
A baixa rentabilidade da exportação nacional ocorre por vários fatores. Mas o principal deles é de que, quando saem do País, os jogadores são vendidos por preços baixos. Anos depois, esses mesmos jogadores serão revendidos entre clubes estrangeiros por valores superiores.
Só em 2017, clubes estrangeiros e intermediários ficaram com mais de US$ 700 milhões (R$ 2,215 bilhões) apenas ao comercializar jogadores brasileiros pelo mundo. No total, 420 atletas brasileiros foram vendidos no ano passado entre clubes estrangeiros.
De acordo com a Fifa, jogadores brasileiros representaram em 2017 mais de 10% de todas as transferências no mundo. Os números mostram que o Brasil é o único “global player” do mercado, pois atletas do País estão hoje atuando em 93 países diferentes.
A maioria dos negócios foi registrado em Portugal, com 213 brasileiros importados. No Japão, foram 57. A Tailândia vem em terceiro lugar, com 44 atletas nacionais. Além disso, 57% dos brasileiros foram para um país da Europa. Apenas 4,6% dos jogadores nacionais foram exportados para outro país sul-americano. Os dados também revelaram que, em 2017 106 menores brasileiros foram autorizados a serem vendidos ao exterior, um processo que segue leis específicas.
CONCENTRAÇÃO – A baixa renda recebida pelos clubes brasileiros é ainda sinal de um outro fenômeno: a concentração de renda cada vez maior no futebol internacional. Dois terços de todos os gastos no mundo com jogadores em 2017 foram realizados por apenas 50 times de 13 países, quase todos eles europeus.
No mercado de compras, por exemplo, os clubes brasileiros gastaram US$ 71 milhões (R$ 225 milhões) para trazer jogadores de fora, inclusive brasileiros. O valor é menos de 5% de tudo o que os times ingleses destinaram em reforços: US$ 1,6 bilhão (R$ 5,1 bilhões).
No mercado internacional, os dados também mostram uma alta sem precedentes com jogadores. Em comparação com 2016, a inflação foi de 32%. Em relação a 2012, o volume é três vezes maior. No total, foram 15,6 mil transferências em 2017, outra marca inédita.
Em apenas sete anos, clubes pelo mundo gastaram US$ 29 bilhões (R$ 92 bilhões) em jogadores. Em 35 países, os níveis de gastos de clubes com reforços bateram novos recordes no ano passado.
De acordo com o levantamento, apenas 15% das transferências envolveram algum tipo de pagamento de multa, como a que o Paris Saint-Germain pagou para liberar Neymar do Barcelona.
O levantamento ainda conclui que brasileiros, argentinos e colombianos, juntos, representam 20% do mercado internacional de transferências. Nesse mercado, agentes acumularam no ano passado um volume recorde de comissões: US$ 1,1 bilhão (R$ 3,5 bilhões).