Momentos antes das quartas de final contra a Bélgica, Javier Mascherano reuniu os companheiros no vestiário do Mané Garrincha e fez um discurso que emocionou o grupo. Falou sobre o drama que perdurava 24 anos por não alcançar uma semifinal de Copa, como a que será disputada nesta quarta-feira, contra a Holanda. Ele só não foi tão sutil com suas palavras: “Estou cansado de comer m…”.

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“O que disse fica na intimidade, é normal dentro do futebol você dizer coisas antes dos jogos, mas isso não significa nada”, afirmou ele, em entrevista coletiva na Cidade do Galo.

A cena e palavrão que antecederam ao jogo, relevados pelo jornal argentino Olé, reforçam a liderança que Mascherano, el jefecito, exerce sobre os jogadores da seleção argentina. Também o definem como o capitão sem braçadeira. A voz de Alejandro Sabella dentro do campo.

Não são raras as cenas em que ele caminha até o banco de reservas, conversa com o treinador durante as partidas e repassa as ordens aos companheiros. Aos 30 anos, disputa sua terceira Copa do Mundo. Com 103 jogos disputados pela seleção igualou outro ídolo argentino, Diego Simeone.

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Poucos nesta seleção tinham mais autoridade do que ele para falar dos 24 anos que a Argentina buscava a semifinal. Há 12 anos, ele respira seleção. Em 2002, Marcelo Bielsa o levou como sparring para treinar com os 23 convocados. Dois anos depois, conquistou medalha de ouro olímpica em Atenas – em 2008 ganharia outro, como um dos três atletas acima da idade olímpica. Dois ouros é algo que só ele tem. Disputou ainda as Copas de 2006 e 2010.

Neste Mundial, Mascherano livrou-se de um problema que o acompanha por toda sua carreira (de River Plate, passando por Corinthians e Barcelona): as faltas duras e os incontáveis cartões amarelos. Até agora ele cometeu apenas sete faltas em cinco jogos e não foi advertido nenhuma vez pela arbitragem. Fato raro para quem, segundo dados da Fifa, recuperou 37 bolas.

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As entrevistas de Mascherano são lúcidas e estão recheadas de análises táticas, de como a Argentina tem de jogar para vencer seu próximo adversário. Na última vez que conversou com jornalistas na Cidade do Galo, disse que é preciso bloquear as investidas de Robben e Van Persie, repetindo a tática bem sucedida contra a Bélgica. “Eles não nos atacaram pelo meio, foram jogar pelas pontas, mas tiveram dificuldade. Nunca tivemos o resultado sob perigo.”

A confiança de que Argentina vai passar pela Holanda é total. “Vivemos o sonho de, no dia 13 de julho, estarmos no Maracanã.”