O futebol tem atualmente um grupo de 20 clubes “globais”, que atraem torcedores de todo o planeta e somam uma receita que cresce significativamente ano a ano. Levantamento da consultoria Deloitte indica que essa elite do futebol mundial movimentou, apenas na temporada passada, 7,4 bilhões de euros (cerca de R$ 25,4 bilhões), um volume inédito de dinheiro.
Entre 2015 e 2016, a alta foi de 12% e, em 20 anos, esse grupo multiplicou por 10 a sua renda. É uma receita maior, por exemplo, daquela que se projeta para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia – 5,5 bilhões de euros (R$ 18,9 bilhões).
No ranking dos mais ricos, a liderança volta a ser do Manchester United depois de 13 anos. Sua receita de 689 milhões de euros (R$ 2,37 bilhões) foi superior à de Barcelona e Real Madrid. O clube do atacante português Cristiano Ronaldo, que liderou o grupo por 11 anos, ocupa a terceira posição, com 620 milhões de euros (R$ 2,132 bilhões).
O informe também mostra a concentração de recursos na Premier League. Dos 20 clubes mais ricos, oito são ingleses com um total de 3,2 bilhões de euros (R$ 11 bilhões). O Manchester City já é o quinto colocado e o título inesperado catapultou o Leicester City para a 20.ª posição entre os clubes de maior receita, com 172,1 milhões de euros (R$ 592 milhões), cinco vezes mais que no ano anterior.
Impulsionados por acordos de TV inéditos, os clubes ingleses devem continuar dominando o ranking pelos próximos anos e a previsão da Deloitte é de que, já em 2018, todos os 20 times da Premier League estejam entre os 30 mais ricos do mundo. “O poder financeiro da Premier League é profundo”, disse Tim Bridge, gerente-sênior da Deloitte.
A elite do futebol mundial ainda é composta pelo Bayern de Munique, na quarta posição, e Paris Saint-Germain na sexta. Entre os italianos, a Juventus está na 10.ª posição, enquanto que a Roma aparece na 15ª, Milan na 16.ª e a Internazionale na 19.ª. O único clube de fora do continente é o Zenit St.Petersburg, da Rússia, em 17.º lugar.
DISPARIDADE – Mas se o informe revela a explosão de recursos para um grupo de elite do futebol, a consultoria também aponta para uma disparidade cada vez maior no futebol. Hoje, a receita dos clubes brasileiros da primeira divisão varia entre 7 e 84 milhões de euros (R$ 24 milhões e R$ 288,9 milhões), o que equivale ao que os europeus registravam nos anos 90.
Segundo a Deloitte, existe uma chance apenas “moderada” de que os times brasileiros possam estar entre os mais ricos do mundo em 2030. As maiores chances estão com a China. Hoje, os clubes movimentam entre 7 e 60 milhões de euros (R$ 24 milhões e R$ 206,5 milhões). Mas a previsão é de uma expansão inédita nos próximos 15 anos.
Mesmo dentro da Europa, a metamorfose desses times em “clubes globais” tem preocupado a Uefa. Com a capacidade de atrair renda em todo o mundo e usar a internet e viagens como plataformas de expansão, essa elite passou a ter patrocinadores nos quatro cantos do mundo e torcedores que sequer conseguem pronunciar uma palavra na língua local do time. “Essa base de torcedores globais está crescendo de forma inexorável, alimentada por estrelas, turnês globais e participações regulares”, indicou a Uefa.
O resultado tem sido uma diferença cada vez maior de capacidade financeira entre os clubes europeus, afetando também a competitividade dos torneios nacionais e mesmo regionais.
Enquanto nos últimos cinco anos os 15 maiores clubes aumentaram a sua renda em 1,5 bilhão de euros (R$ 5,16 milhões, os outros 700 clubes dividiram uma renda de 500 milhões de euros (R$ 1,720 milhão) extras. “As autoridades esportivas precisam se manter vigilantes e considerar as tendências menos positivas”, disse o novo presidente da Uefa, Aleksander Ceferin. “Isso inclui a concentração de patrocínios e receitas comerciais nas mão de um punhado de clubes”, alertou.
Segundo o levantamento da Uefa, a realidade é que mesmo clubes pequenos e médios da Inglaterra já conseguem pagar salários mais atrativos que alguns dos times mais tradicionais da Europa, incluindo os de Portugal e Holanda. Se até os anos 80 e 90 clubes checos, da Escócia ou da Romênia sonhavam em avançar nas competições europeias, a realidade é que hoje isso se tornou quase impossível. A última vez que uma “surpresa” ocorreu foi em 2004, quando o Porto bateu o Monaco na final da Liga dos Campeões da Europa.
De acordo com os dados da Uefa, mesmo a fase final do torneio de clubes mais rico do mundo ameaça ficar “chata” diante da repetição dos mesmos times nas finais. Nos últimos cinco anos, Arsenal e Bayern de Munique se cruzaram nas etapas finais da competição em quatro oportunidades. Em quatro temporadas, Barcelona e Paris Saint-Germain jogaram três vezes.
Desde 2005, clubes de apenas quatro países chegaram à final do torneio. No final dos anos 80 e início dos 90, o Steaua Bucareste, Porto, PSV Eindhoven, Milan e Estrela Vermelha, de Belgrado, se sucederam entre os campeões do Liga, um cenário praticamente impossível de se ver hoje.
Confira os 20 clubes mais ricos do mundo:
1.º – Manchester United (R$ 2,370 bilhões)
2.º – Barcelona (R$ 2,133 bilhões)
3.º – Real Madrid (R$ 2,132 bilhões)
4.º – Bayern de Munique (R$ 2,036 bilhões)
5.º – Manchester City (R$ 1,805 bilhão)
6.º – Paris Saint-Germain (R$ 1,791 bilhão)
7.º – Arsenal (R$ 1,611 bilhão)
8.º – Chelsea (R$ 1,539 bilhão)
9.º – Liverpool (R$ 1,389 bilhão)
10.º – Juventus (R$ 1,173 bilhão)
11.º – Borussia Dortmund (R$ 976,6 milhões)
12.º – Tottenham (R$ 962,1 milhões)
13.º – Atlético de Madrid (R$ 786,3 milhões)
14.º – Schalke 04 (R$ 772,2 milhões)
15.º – Roma (R$ 750,6 milhões)
16.º – Milan (R$ 738,54 milhões)
17.º – Zenit St.Petersburg (R$ 675,9 milhões)
18.º – West Ham (R$ 661,5 milhões)
19.º – Internazionale (R$ 616,4 milhões)
20.º – Leicester City (R$ 592 milhões)