O leilão que poderia transformar o Pinheirão em shopping foi suspenso pelo Tribunal de Justiça do Paraná. Na última terça-feira, o desembargador Antônio Renato Strapasson concedeu agravo de instrumento à Federação Paranaense de Futebol (FPF), suspendendo o leilão em que o estádio foi arrematado por R$ 11 milhões pelo grupo Tacla S/A.
O Pinheirão foi a leilão no dia 21 de setembro, com autorização da 4.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, devido a uma ação de execução fiscal movida pelo Município de Curitiba contra a FPF. O motivo é uma dívida de R$ 6 milhões referente ao Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Agora todos os efeitos do leilão estão suspensos até o julgamento do mérito da ação.
Em sua decisão, o desembargador considerou que o leilão poderia causar ?lesão grave e difícil reparação? à FPF. Ele entende que o estádio foi leiloado a ?preço vil?, já que em processo na Justiça Federal o mesmo imóvel está avaliado em R$ 22 milhões. A FPF avalia o patrimônio em mais de R$ 56 milhões.
No despacho, o magistrado levantou outros pontos que colocam o leilão em xeque. No processo, o terreno em questão está classificado como ?sem benfeitorias?, ignorando a presença do estádio no local. Também destacou que os proprietários de cadeiras e camarotes não foram notificados e que o Pinheirão está arrestado em várias execuções por outros credores.
As dívidas da FPF ultrapassam os R$ 24 milhões. Apenas ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a entidade deve cerca de R$ 18 milhões. O governo do Estado e o Atlético Paranaense também estão no rol dos credores, que não foram citados nos autos do processo que levou ao leilão.
Elefante branco
Segundo o diretor administrativo e advogado da FPF, Vinícius Gasparini, ainda é cedo para a entidade fazer novos planos para o estádio. ?Não dá para fazer uma previsão de qual será o destino do Pinheirão. Vai depender de toda essa situação junto à Prefeitura e de outros processos?, afirma.
O presidente da FPF, Aluízio Ferreira, já admitiu a possibilidade de vender o estádio para pagar as dívidas. Sua manutenção está praticamente descartada, já que Atlético, Coritiba e Paraná utilizam suas próprias praças e não há ninguém para mandar jogos e bancar os custos do Pinheirão.
Gasparini espera que o julgamento do mérito da ação movida pelo município aconteça dentro de três meses. Enquanto isso, a FPF tenta juntar os documentos exigidos pelo Corpo de Bombeiros para reabrir o estádio, que segue interditado por falta de segurança.