Depois de muitas contratações, a diretoria e a torcida do Palmeiras esperam iniciar uma nova era a partir das 21h45 de hoje, em Florianópolis, contra o desesperado Figueirense. A era é a de Emerson Leão, técnico recém-chegado à equipe paulista e que faz sua estréia contra os catarinenses, que estariam rebaixados se o Brasileirão terminasse hoje.
Consciente de que a 16.ª colocação é uma posição mais do que decepcionante para uma equipe que contratou jogadores como Gamarra, Juninho e Marcinho para a disputa da competição, Leão sabe que precisa começar sua caminhada com uma vitória. "Esse jogo tem que servir para somar três pontos. Vou para lá pensando na vitória", disse o técnico logo em sua apresentação.
Apesar da ambição, o treinador deve escalar um time precavido se confirmar a equipe com a qual treinou: ele manteve o esquema 3-5-2, escalando Daniel no lugar do suspenso Leonardo Silva, e promoveu as voltas dos volantes Marcinho Guerreiro e Alceu aos titulares. Corrêa e Juninho voltam de suspensão, o primeiro na lateral-direita (substituindo o suspenso Baiano) e o segundo no meio.
Juninho, aliás, provavelmente será o único homem de ligação no meio, pois Pedrinho deve ser adiantado para jogar no ataque. Assim, a equipe deve atuar sem um centroavante, posição onde nenhum jogador conseguiu emplacar sob o comando de Paulo Bonamigo: nem Goiano, nem Washington, nem Alex Afonso. O goleiro Marcos, com dores no punho, é desfalque e será substituído por Sergio.
O Figueirense, após duas derrotas seguidas (3 x 0 para o Paraná e 2 x 1 para a líder Ponte Preta), passou a viver um clima de forte instabilidade. A equipe tem apenas 10 pontos em 12 jogos disputados. O técnico Marco Aurélio foi mantido no cargo somente depois de uma longa reunião com os dirigentes do clube.
Neste mesmo encontro, ficou decidido que os jogadores passariam a ser mais cobrados em virtude do fraco rendimento que estão apresentando dentro de campo. Tanto é que, para esta próxima rodada, o alvinegro deverá mostrar nada menos que cinco alterações na sua formação titular. Os ex-palmeirenses Cléber e Edmundo, entretanto, continuam no time.
Apesar de momentaneamente prestigiado, Marco Aurélio ainda corre sérios riscos de demissão e tem grandes chances de ser substituído no caso de uma nova derrota.
Ficha Técnica
Figueirense: Edson Bastos, Marquinhos Paraná, Cléber, Bebeto e Michel Bastos; Carlos Alberto, Márcio Martins, Rudnei e Bilu; Edmundo e Adriano. Técnico: Marco Aurélio. Palmeiras: Sérgio, Daniel, Gamarra e Nen; Corrêa, Marcinho Guerreiro, Alceu, Juninho e Lúcio; Marcinho e Pedrinho. Técnico: Emerson Leão. Horário: 21h45. Árbitro: Djalma José Beltrami Teixeira – RJ. Assistentes: José Cláudio Paranhos – RJ e Delcio Da Silva Brum – RJ. Local: Orlando Scarpeli (Florianópolis-SC).
Nova comissão leva economia ao Verdão
Na ponta no lápis, a troca de comando no Palmeiras acabou ficando de bom tamanho para a diretoria do clube no que diz respeito à quantidade de profissionais no elenco. Saíram seis e entraram três. Com o técnico Paulo Bonamigo, deixaram a Academia os seguintes profissionais: Sollivan Pallavalle (preparador físico), Alcinei Miranda e Edson Gonzaga (auxiliares técnicos), Zé Mário (preparador de goleiros) e João Ricardo Cozac (psicólogo).
Leão assumiu o time na segunda-feira e trouxe apenas dois profissionais com ele: Pedro Santilli, que será um misto de auxiliar-técnico e preparador de goleiros, sua função original, e Fernando Leão, um sobrinho que tentou a carreira de goleiro no próprio Palmeiras, mas nunca chegou longe. Ele será preparador físico da equipe. Certa vez, numa brincadeira ainda no CT do São Paulo, o técnico Leão o classificou de "goleiro chama-gol", uma referência à sua curta carreira como jogador profissional.
A saída de Zé Mário também teria desagradado ao goleiro Marcos, que gostava muito do novo amigo. Das demissões na comissão técnica de Bonamigo, Leão disse que a única que não sabia era a do psicólogo Cozac. Mas o novo treinador palmeirense nunca foi adepto de trabalhar com profissionais dessa área. O presidente Affonso Della Monica deu carta branca a Leão. Vai usá-lo também na sua guerra política contra a turma de Mustafá Contursi.
Marcos volta só quando estiver 100%
Em sua apresentação, o técnico Emerson Leão disse que iria tentar motivar o goleiro Marcos. Ontem, Marcos foi afastado por tempo indeterminado. Motivo? Dores no pulso esquerdo, local onde o jogador já fez duas cirurgias. Marcos não apareceu sequer no gramado. Encarou os 36 minutos de conversa com o novo treinador, juntamente com o elenco, e depois teve 12 minutos de conversa reservada com o novo chefe. Leão determinou que Marcos só voltará ao time quando estiver totalmente recuperado das dores no pulso.
O médico Aldo Guida explicou que Marcos tem edemas no punho, e que por isso sua articulação está sensível. "É um quadro que o incomoda há tempos. Mesmo antes da chegada de Leão, sua exclusão já era pensada", disse.
Leão reforçou as explicações do doutor. "Marcos está sem confiança. Temos de prepará-lo para a Copa do Mundo de 2006. Ele me disse que está sem motivação", comentou. O médico palmeirense lembrou ainda que Marcos sentiu uma fisgada na coxa direita no rachão de sábado, e que isso também o incomodava um pouco, embora tenha atuado normalmente contra o Fortaleza.
Ocorre que o goleiro esteve com a Seleção Brasileira na Copa das Confederações, na Alemanha, e não reclamou de nenhuma dor. Marcos foi titular na partida contra o Japão e teve atuação tranqüila. Quem o viu treinar na Alemanha também não imaginava que ele estivesse com dores no pulso esquerdo. Ele trabalhou tanto ou até mais que Dida, o goleiro principal do Brasil hoje.
