Valquir Aureliano/ O Estado
Angelo destacou-se como artilheiro no Paraná Clube e já parte para jogar no futebol árabe.

O Paraná Clube está perdendo seu artilheiro neste Brasileiro. O lateral-direito Angelo está de malas prontas e nos próximos dias deve definir sua transferência para o catar.

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O presidente José Carlos de Miranda confirmou que há uma negociação em andamento, mas preferiu não oficializar a transferência. Como os direitos federativos do atleta pertencem à Adap, de Campo Mourão, a compensação financeira para o Paraná não será significativa.

Se a transação for por empréstimo, o valor não pagaria sequer uma folha salarial do clube. Diante desse quadro, os dirigentes torcem pela venda do jogador.

?O melhor mesmo seria que ele continuasse no clube. Mas, não vou atrapalhar a carreira de ninguém?, disse Miranda.

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?O vínculo do Angelo é com a Adap e nesse ponto, ficamos de mãos atadas. Não temos a caneta?, disse. Para o presidente paranista, isso é reflexo da falta de recursos para investimentos no momento das contratações.

?Naquele momento, o que podíamos oferecer era a camisa do Paraná. Fomos vitrine, mas não há o que chorar. O jogador cumpriu sua parte, honrando o clube e fazendo bons jogos?, comentou Miranda. O dirigente lembrou que mais uma vez um jogador contratado para compor o grupo – e coincidentemente na ala-direita – conseguiu projeção maior que o suposto titular. Foi assim com Neto, que ganhou a posição de Parral e no final do ano se transferiu para o Santos (e hoje está no Fluminense).

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Entre altos e baixos, Angelo -que no início foi banco do volante Goiano, improvisado no setor – assumiu a camisa 2 e passou a se destacar com belos gols e cobranças de faltas precisas. Com 17 jogos e seis gols, Angelo se despede do Tricolor. ?Vamos esperar. Dei três semanas para que ele resolvesse o caso. Se a negociação não for concluída, pode até voltar?, disse Miranda. Uma possibilidade, ao que tudo indica, remota. Angelo deve viajar nos próximos dias para o Catar, onde realiza exames médicos e define questões contratuais. O presidente da Adap, Adílson Batista, deve acompanhá-lo.

O técnico Caio Jr., previamente avisado sobre essa possibilidade, preferiu não fazer objeções. Para ele, Peter vem realizando bons jogos e assumirá a condição de titular. O clube não contratará outro jogador para a posição.

O garoto Alex, dos juniores – que já fez vários jogos pela equipe principal – foi novamente ?promovido?.

?A responsabilidade aumenta e só posso prometer muita luta, muita garra. Antes, meu esforço era para fazer sombra ao Angelo. Agora, tenho que ralar para mostrar meu futebol para essa torcida?, disse Peter.

Gancho pesado preocupa Émerson e Edinho

A torcida vive a expectativa da volta à Vila Capanema. Comissão técnica e jogadores curtem a ansiedade de um jogo decisivo para o futuro do clube no Brasileiro. Em meio a esse clima que envolve a partida de amanhã – às 19h30 -, frente ao Fortaleza, dois atletas têm uma preocupação paralela. No momento do jogo, estarão sendo julgados no Rio de Janeiro, sob o risco de um ?gancho? que varia de 120 a 540 dias.

Reflexo de uma súmula ?carregada? do árbitro Wallace Nascimento Valente, que já prejudicara o clube ao ?transformar? uma falta fora da área em pênalti. Com base no relato do apitador do Espírito Santo, o zagueiro Émerson e o lateral-esquerdo Edinho foram denunciados no artigo 253 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), e serão julgados por ?praticar agressão física?. O advogado Domingos Moro segue para o tribunal com material de defesa, inclusive depoimentos dos atletas.

?O ideal seria a presença de ambos na sessão?, disse o advogado. Como os dois estão escalados para o jogo de amanhã, Moro recorrerá ao vídeo, onde Edinho e Émerson relatam o que ocorreu nos lances em questão. O advogado tentará desqualificar os casos para artigos com penas mais brandas (uma a três partidas) e que são mais compatíveis com o que ocorreu no estádio Olímpico, dia 3 de setembro. Os artigos 250 e 255 tratam de casos relativos a ?atos desleais ou de hostilidade?.

Os dois jogadores têm aspectos atenuantes. Em especial as fichas limpas em vários anos de profissão. O zagueiro Émerson, que tem sete convocações para a seleção brasileira entre 2000 e 2001, está disputando o décimo campeonato brasileiro de sua carreira. E essa foi apenas a sua segunda expulsão, a primeira de forma direta. ?Recebi um carrinho frontal e fui tirar satisfação com o adversário. Não houve a agressão relatada pelo árbitro, que aliás, teve atuação confusa?, lembrou Émerson.

Já Edinho garante que só tentou se desvencilhar do seu marcador, que o segurava. O árbitro o expulsou alegando que o lateral desferiu uma cotovelada no jogador do Grêmio. Em todo o Brasileiro, o Paraná só levou três cartões vermelhos. ?Nosso time é disciplinado e joga na bola?, finalizou o ala paranista.

Paraná-Online conta um pouco das glórias do Estádio Durival Britto e Silva

Campeão do Centenário – 28 de novembro de 1953

Na década de 50, títulos em datas históricas eram comemorados de forma especial. Assim, o torneio de 1953 – ano do centenário da emancipação política do Paraná – foi marcado por pompa e grande expectativa das torcidas. O campeonato foi disputado em pontos corridos e reservou para a última rodada o duelo entre os melhores times – Ferroviário e Cambaraense, que estavam empatados em pontos ganhos.

A Vila lotada assistiu a um jogo duro, disputado com gramado encharcado.

O time do interior saiu na frente logo no início, com Baltazar. Mas o ?Tricolor da Rede? tinha a força da torcida e Isauldo – o artilheiro da equipe – empatou aos 44 do primeiro tempo, de cabeça, e virou o jogo com um belo chute de primeira, aos 4 do segundo. Festa memorável no ?Colosso da Vila Capanema?.

?Cai-cai? e título dividido – 30 de novembro de 1980

Fundado em 1971, o Colorado atravessou a década somando quatro vice-campeonatos, mas nenhum título estadual. Em 80, a torcida boca-negra encheu a Vila esperando ver o fim do jejum, apesar das dificuldades – o time teria que vencer o Cascavel por cinco gols de diferença na última rodada do quadrangular final, para ficar com a taça. Jorge Nobre, aos 5 e aos 23 do primeiro tempo, fez 2 a 0 para o Boca, enchendo a torcida de esperança. No final da etapa, o árbitro Tito Rodrigues expulsou Maurinho e deixou o time do oeste com nove atletas em campo. Surpreendentemente, o Cascavel voltou do intervalo com apenas sete jogadores, alegando contusões. Logo no reinício o goleiro Zico caiu e, com seis atletas, o jogo não pôde continuar. O Colorado

festejou e deu volta olímpica, mas dez dias depois a FPF resolveu dividir o título, que ficou com gosto meio amargo para os tricolores. Na foto: Ari Marques.Castor, Marcão, Larry, Joel Mendes e Chico Fraga. Agachados: Buião, Nilton, Jorge Nobre, Marinho e Jaiminho.

Primeiro de muitos – 11 de fevereiro de 1990

Rubens Minelli, técnico tricampeão brasileiro, foi escolhido para ?peneirar? e dirigir o primeiro time do recém-fundado Paraná Clube, em 1990. O experiente treinador selecionou entre 68 jogadores uma formação para o primeiro jogo da equipe – derrota de 1 a 0 para o Coritiba, no Couto Pereira. Na segunda partida, contra o Cascavel, na Vila Capanema, 5 mil torcedores esperaram até os 41 minutos da etapa final para comemorar o primeiro gol da história do clube. O destino pinçou o autor a dedo: o ponta-direita Sérgio Luiz, revelado no Colorado e com passagem marcante pelo Pinheiros, disputou pelo alto com o goleiro e no rebote empurrou

a bola no cantinho, decretando também a primeira vitória tricolor. O dono do feito ganhou placa na Vila e virou professor da escolinha de futebol do Paraná.

A última festa – 14 de agosto de 1993

O primeiro e último título comemorado pelo Paraná Clube na Vila Capanema foi vencido com autoridade. Comandado por Levir Culpi, o Tricolor mostrou-se superior desde a primeira fase do arrastado campeonato – foram apenas duas derrotas em 31 jogos. No quadrangular final, ganhou em seqüência de Atlético, Matsubara e Londrina, e novamente do Atlético. Nova vitória sobre o já eliminado Matsubara garantiria a segunda taça da história do clube. A concretização da conquista levou 16 mil torcedores à Vila, que não se decepcionaram – sem dificuldade, o Tricolor enfiou 3 a 1 no time de Cambará, com gols de Claudinho (2) e Tiba. Enlouquecida, a massa invadiu o campo cinco minutos antes do fim, mas foi retirada e logo depois deu início à comemoração.