Futebol é resultado. O velho ditado se encaixa perfeitamente à dura realidade do Paraná Clube. Durante quase dois meses, integrante fiel do G4, o Tricolor viveu seu período de “lua de mel”. Torcida empolgada, jogadores motivados e dirigentes com sorriso de orelha a orelha. O retrato de um time vencedor, porém, se deteriorou ao longo do mês seguinte. Um estrago que se completou com a derrota para o humilde Salgueiro, virtual rebaixado para a Terceirona.
As duras críticas feitas pelo vice de futebol Paulo César Silva, logo após o jogo, caíram como uma bomba entre os jogadores. Impelido por uma campanha absolutamente decadente -só oito pontos foram conquistados nas onze rodadas mais recentes -, Paulão soltou o verbo e disse “ter vergonha” do time que viu em campo em Pernambuco. “Deu vontade de chorar. Isso não é o Paraná. Tem jogador sugando os companheiros e o clube e isso precisa mudar”, disparou o dirigente, que entrou em rota de colisão com o elenco.
Até ontem, o grupo vinha se mantendo em silêncio. Porém, o ala Marquinho, um dos últimos a chegar na Vila Capanema (ele disputou somente os três últimos jogos), deixou claro de que as palavras do vice de futebol não foram “digeridas” pelo grupo. “Ele foi um pouco infeliz nas declarações”, afirmou. “Aqui no grupo tem homens, pais de família. Para estar do nosso lado, ele não poderia jogar o grupo contra a torcida, contra outros diretores”, declarou o jogador.
Para Marquinho, o momento é de união e não de “caça às bruxas”, tão comum quando um time cai de rendimento. “Não adianta falar que está junto e aí, quando o resultado não vem, você simplesmente se vira contra a gente”, disse. “É hora de união. Quando se vence, não significa que todos são bons. E não se pode falar que nada presta quando você perde”, disparou o jogador. “Precisamos de todos remando pro mesmo lado. Na dificuldade é que você precisa unir forças”, completou.
O presidente Aramis Tissot preferiu não comentar o fato, mas pretende resolver essas “pendengas” numa reunião com o grupo e com a diretoria, ainda hoje. “O momento já é delicado por causa de tantos resultados ruins. Temos que ter calma e inteligência para virar o jogo novamente a nosso favor”, disse Tissot, que irá se reunir hoje com os jogadores para dar um basta na crise.