Segunda jogadora com mais títulos no Circuito Mundial de Vôlei de Praia, Larissa está de volta. A capixaba de 32 anos, radicada no Ceará, cansou de ver, sentada no sofá, a norte-americana Kerri Walsh se distanciar como melhor de todos os tempos. A partir de julho, ela está de volta às competições, mas não mais ao lado de Juliana, com quem formou a dupla mais vitoriosa da história das areias. Sua nova parceira é Talita, de 31 anos.
Talita, que é bloqueadora, foi campeã do Circuito Mundial no ano passado ao lado de Taiana. Apesar disso, procurou Larissa para avisar a defensora que, se ela quisesse revogar a aposentadoria revogada em 2012, queria jogar ao seu lado. A decisão se deu quando teve início o Circuito Mundial, em abril. “Vi ela ganhar da Juliana e da Maria Elisa e pensei: não posso ficar aqui sentada vendo ela ganhar”, conta Larissa.
Mas ela não escolheu a antiga parceira para tentar uma vaga – e uma medalha – nos Jogos do Rio/2016. “Escolhi a Talita porque queria vivenciar coisa nova. Ela é a melhor jogadora do Brasil. Ela já tinha ligado para mim antes, perguntado se eu ia voltar a jogar e já tinha me feito a proposta, que se eu quisesse ela queria jogar comigo. Partiu de lá para cá”, revela.
Talita aceitou as condições impostas por Larissa para voltar às quadras: treinar em Fortaleza (onde mora), com a comissão técnica que sempre acompanhou Larissa, comandada por Reis Castro, atual técnico da seleção brasileira de base. “Eu quero ser campeã olímpica em casa”, justifica.
JULIANA – Foram oito anos de Larissa/Juliana, dupla que junta conquistou 45 medalhas de ouro no Circuito Mundial (Walsh foi a 48 com a vitória em Moscou, domingo, sobre Talita/Taiana). A parceria, que durou entre 2004 e 2012, só foi pausada durante os Jogos Olímpicos de Pequim/2008, quando Juliana se machucou e foi substituída por Ana Paula. Larissa/Ana Paula perdeu nas quartas de final e terminou em quinto.
Mas, em Londres, já era claro que Larissa e Juliana, sete vezes campeãs do Circuito Mundial, já não estavam bem. Tanto que o bronze acabou com gosto amargo. Larissa decidiu se aposentar para tentar engravidar e só jogou até o fim de 2012.
“A nossa história é muito linda, nós construímos uma base muito sólida, tudo vai ficar na memória. Tudo tem um tempo, um período e você passar por aquela momento. A gente viveu o que tinha que viver. Quando eu voltei a jogar eu tinha bem claro que eu queria formar um time forte e competitivo”, conta Larissa.
A volta de Larissa já era esperada no mundo do vôlei de praia, mas acreditava-se que ela retornaria a parceria com Juliana. A dois anos da Olimpíada, duas atletas competitivas não deixariam passar a chance de formar uma dupla campeã em casa. “Eu liguei para ela depois que eu decidi, deveria dar uma satisfação, falei qual era minha escolha. Ela achava que eu poderia voltar com ela. Até ano passado pensei em voltar com ela. Quando decidi mesmo voltar, fui ver os pontos positivos e negativos e decidi pela Talita.”
Talita/Taiana se despede no Grand Slam de Berlim, que já está acontecendo na Alemanha. Na segunda, Talita começa a treinar em Fortaleza com Larissa, enquanto Taiana joga em Stavanger (Noruega) ao lado de Fernanda Berti. Já no Grand Slam de Gstaad (Suíça), duas semanas depois, a quarta dupla do Brasil será Talita/Larissa. Como a defensora não tem pontos no Circuito Mundial, elas terão que começar sempre no qualifying. A CBV, porém, garantiu a elas a participação em todos os Grand Slams até o fim do ano.