O Atlético completou ontem 450 minutos sem saber o que é uma vitória ou conquistar pelo menos um ponto. Foram quatro derrotas seguidas pelo Campeonato Brasileiro e uma pela Copa Libertadores da América. Diante do Corinthians, com a Kyocera Arena quase lotada, o time até que apresentou vontade de vencer, mas parou nos próprios erros e na arbitragem, que deixou de dar um pênalti claro no final da partida. O pior é que com a derrota por 2 a 1 para os paulistas, o Rubro-Negro agora é o lanterna isolado da competição – o Paysandu venceu ontem o São Caetano.
Com as duas equipes em crise, com técnico interino, quem levou a melhor foi Márcio Bittencourt. Apesar da cautela inicial e de ter que consertar um time que vive numa panela de pressão, foi ele quem soube aproveitar os buracos na defesa atleticana no segundo tempo. Do outro lado, Borba Filho armou o time, teoricamente, no 4-4-2. Na prática, Jancarlos fez o terceiro zagueiro marcando Gil, responsabilidade que coube, no segundo tempo, a Alan Bahia, com a entrada de Bobô.
O Rubro-Negro começou melhor, pressionou e aproveitou a seqüência de faltas feitas pelo Timão na frente da área. Numa dessas, Fabrício tirou vantagem da inexperiência de Tiago e mandou a bola no canto. O gol, no entanto, não trouxe tranqüilidade ao Furacão. O time começou a recuar demais e a abusar das faltas. Mesmo assim, faltou precisão aos atacantes corintianos, também nervosos com a crise instalada no Parque São Jorge.
?O jogo é eletrizante, emocionante, mas tecnicamente ruim?, resumiu Borba Filho. Ele admitiu que o time recuou demais após sofrer o gol. ?O nosso time colocou a bunda atrás e chamou o Corinthians?, lamentou. Mesmo com essa análise, ele manteve o mesmo time enquanto Bittencourt ousou mais e colocou mais um atacante. Bobô entrou e logo empatou. Os rubro-negros continuaram abusando das faltas, Coelho aproveitou para cobrar uma delas com rapidez e achou o atacante livre para empatar.
A pressão continuou e não demorou muito para Carlos Alberto alçar a bola na área e deixar Marcelo Mattos à vontade para completar de cabeça e garantir a vitória para o Timão. Borba ainda tentou alterar a equipe com a saída de Fabrício e Lima e a entrada de Rodrigo Almeida (estreante) e Evandro. Algumas jogadas a mais foram criadas, mas faltou categoria para Aloísio e Cléo (outro que estreava) completarem com competência. Ainda teve um pênalti não anotado. O zagueiro Marquinhos, que já trocou socos com Tevez, meteu a mão na bola, mas o árbitro fez vista grossa e o jogo ficou nisso mesmo.
Borba vê melhora no time. Hoje é dia de ?renovação?
Um vacilo de cinco minutos. Assim, o técnico Borba Filho analisou a derrota do Atlético para o Corinthians, ontem, na Kyocera Arena. Para ele, o time merecia um resultado melhor, teve boas chances de gol e um pênalti claro não marcado pela arbitragem, que fizeram com que o Rubro-negro perdesse a partida por 2 a 1 para o Timão. O próximo compromisso do Furacão será o Cerro Porteño, às 19h15 de quinta-feira, na Kyocera Arena, pela Copa Libertadores da América.
?A nossa preocupação era fazer com que o time saísse para não proporcionar a chance para o Corinthians nos encurralar. Isso foi tema batido e rebatido no intervalo?, revelou o treinador, por enquanto, interino. Segundo ele, o adversário foi mais ofensivo na segunda etapa e a defesa não soube segurar a pressão. ?Aquele vacilo, aquele hiato, proporcionou condições do time sofrer o gol de empate?, apontou.
De qualquer forma, ele elogiou os jogadores que, mesmo sofrendo dois gols seguidos, souberam assimilar o baque e partir para cima do adversário. ?O grande mérito do time do Atlético foi saber assimilar os dois golpes e ter tranqüilidade de buscar o gol de empate?, destacou. Para Borba, só faltou o gol para o time ser perfeito no segundo tempo. ?Nós tentamos, balanceando o jogo pela direita, pela esquerda, sem desespero e procurando jogar com a bola no chão e conscientemente?, analisou. O treinador reclamou também do pênalti cometido por Marquinhos, que colocou a mão na bola, não assinalado pelo árbitro.
Hoje, os jogadores voltam a trabalhar no CT do Caju já pensando na Libertadores. A expectativa fica para os nomes que o clube deverá substituir na lista de inscritos para as oitavas-de-final da competição. O Atlético tem até amanhã para solicitar a substituição de três jogadores na lista de 25 inscritos. O clube tem os meias Leandro, Cléverson e Rodrigo Almeida, o ala Etto e o atacante Cléo como opções para reforçar o time na Libertadores.
Assinaturas para renúncia
A insatisfação contra a diretoria do Atlético deflagrou ontem um abaixo-assinado pela renúncia de Mário Celso Petraglia, presidente do conselho deliberativo. Reunidos na frente da Kyocera Arena, a confraria Esquadrão da Torcida Atleticana (ETA) e a organizada Os Fanáticos começaram a recolher assinaturas para tentar sensibilizar o dirigente para que este peça a renúncia como dirigente do clube.
O protesto se estendeu para dentro do estádio. Em todos os setores das arquibancadas era possível ver, na partida de ontem à tarde, vários cartazes com frases pedindo a saída do presidente do conselho deliberativo do Rubro-negro. Os xingamentos continuaram sendo a tônica no setor das torcidas organizadas. Nos outros setores das arquibancadas, os protestos não chegaram a tanto.
CAMPEONATO BRASILEIRO
4.ª Rodada
Local: Kyocera Arena
Árbitro: Leonardo Gaciba da Silva (Fifa-RS)
Assistentes: Altemir Hausmann (Fifa-RS) e Paulo Ricardo Silva Conceição (RS)
Gol: Fabrício aos 8 do 1.º tempo; Bobô aos 5 e Marcelo Mattos aos 9 do 2.º tempo
Cartão amarelo: Jancarlos, Rosinei, Cocito, Tiago
Renda: R$ 244.931,00
Público pagante: 16.373
Público total: 18.450
Atlético 1 x 2 Corinthians
Atlético
Diego; Jancarlos, Baloy, Marcão e Marín (Durval); Cocito, Alan Bahia, Fabrício (Rodrigo Almeida) e Lima (Evandro); Cléo e Aloísio. Técnico: Borba Filho
Corinthians
Tiago; Coelho, Ânderson, Betão e Édson; Wendel (Bobô), Marcelo Mattos, Gustavo Nery (Rosinei) e Carlos Alberto (Marquinhos); Tévez e Gil. Técnico: Márcio Bittencourt
