São Paulo – Enquanto Daiane dos Santos e Daniele Hypólito se destacavam no cenário mundial da ginástica no último ciclo olímpico, outras garotas sonhavam com reconhecimento e medalhas. Uma delas era Laís Souza, que já começa a ganhar as duas coisas. Acompanhada do técnico Oleg Ostapenko e da também ginasta Ana Paula Rodrigues, a paulista de 16 anos desembarcou ontem em São Paulo com duas medalhas da primeira etapa da Copa do Mundo, realizada em Cottbus, na Alemanha.
Laís foi ouro no salto sobre o cavalo e prata no solo. Ela já havia conquistado o bronze no salto na etapa de Stuttgart no final do ano passado. Apesar disso, a atleta disse que não pode se iludir com os resultados, já que a temporada está apenas no começo e várias adversárias fortes não disputaram a primeira etapa da Copa do Mundo.
?Quando ganhei o bronze em Stuttgart, tinha meninas mais fortes e mais velhas. Nessa de Cottbus tinha meninas bem novas, da geração que vem agora?, contou.
Laís começou a fazer ginástica aos 4 anos, em Ribeirão Preto. Aos 11, mudou-se sozinha para São Caetano, onde treinou até ser convocada para a seleção brasileira e ir morar em Curitiba, em 2002. ?Sou tranqüila, já faz tempo que vivo assim. A gente vai se acostumando. Minha mãe queria vir me receber, mas eu disse para ela não vir porque ia gastar dinheiro e ia me ver pouco. Logo em seguida eu já iria para Curitiba?, revelou.
Já faz dois meses que Laís não vai para a casa da família. A chance de rever os amigos e parentes será a segunda etapa da Copa do Mundo, abril, em São Paulo. Ela garante que nem mesmo por competir em casa fica eufórica. ?Quando sua família está ali, você quer fazer o máximo, mas não tem nada de especial. Quando vou competir, penso que treino para mim e compito para mim. Só depois penso nos resultados e na minha família.?
Medalhista dá conselhos
A seriedade com que encara a ginástica já está sendo passada para outras atletas. Uma das novatas que recebem seus conselhos é Jade Barbosa, que deixou o Flamengo e tem 13 anos. ?A Jade vai agüentar, mas ela tem de se acostumar com a saudade. É muito estresse do treino e se você fica pensando na família, fica mais difícil ainda ficar em Curitiba, treinar e competir bem?, avisou Laís.
Apesar da pouca idade, Laís já sabe lidar bem com a dor. Aprendeu com Daiane e Daniele a superá-la nos treinos e competições. No final de 2003, a ginasta fez uma artroscopia no joelho direito, que insiste em incomodá-la. Como Daiane, que já passou por três cirurgias no mesmo local. ?Conversamos muito sobre isso. Quando sinto alguma coisa, já poupo para não doer no outro dia. Com dor muscular a gente já se acostumou, tem todo dia.?
Nas poucas horas livres, Laís cursa o primeiro ano do ensino médio, e quando pode sai à noite com as companheiras de seleção para dançar. ?Pode ser pagode, tecno ou música pop. Se bem que é difícil sairmos. Depois dos treinos queremos dormir, de tão cansadas.?