O ciclo de amizades e relacionamentos dentro da seleção brasileira vai bem além da coincidência momentânea dos clubes de alguns dos jogadores convocados pelo técnico Luiz Felipe Scolari para a Copa do Mundo, casos do quarteto do Chelsea e das duplas de Atlético-MG, Barcelona e Paris Saint-Germain – levando em consideração que o zagueiro David Luiz trocou o clube inglês pelo francês após a divulgação da lista do treinador.
O São Paulo, por exemplo, tem dois jogadores formados nas divisões de base na seleção brasileira – o meia Oscar e o volante Hernanes. O próprio Hernanes, porém, destacou que conheceu no clube do Morumbi outros jogadores, como o atacante Hulk e o zagueiro David Luiz, que acabaram se formando em outros times.
“Além do Hulk, também tem o David Luiz. Estivemos juntos na base. Todos em testes, convivemos no alojamento, em um grupo de 16, que tentavam a chance de virar um jogador. Depois, eles foram embora e nos encontramos numa situação melhor”, disse Hernanes.
O meia Willian foi formado nas divisões de base do Corinthians, assim como o atacante Jô, mas é a sua relação com David Luiz que ele prefere destacar. Os dois jogadores se reencontraram no Chelsea, mas se conheceram bem antes, quando eram crianças. Willian não escondeu a sua admiração por Jô, a quem classificou como “amigo para toda a vida” e recebeu um irônico coração com as mãos de David Luiz durante entrevista coletiva como retribuição.
“Conheço o David desde os 8 anos, da escolinha do Marcelinho. Depois, ele mudou para a do Cesar Sampaio e foi para o São Paulo. Eu fui para Corinthians e perdemos contato. Nos encontramos no Mundial Sub-20, e mantivemos contato”, disse. “Quando o Chelsea estava interessado, o David Luiz apoiou, disse para a diretoria que deveria me contratar. É um amigo que conquistei no futebol, para até depois de encerrar a carreira”, completou. “Ele era mais magrinho, não tinha esse cabelo, acho que precisa de uns reparos”, concluiu.
Sem êxito nas divisões de base do São Paulo, David Luiz e Hulk acabaram sendo formados pelo mesmo clube, o Vitória. Para o zagueiro, essas coincidências ajudam na formação do elenco. “Isso é legal, porque você sabe como a pessoa é fora de campo, sabe como reage quando está bem ou mal”, avaliou.
Recém-contratado pelo Paris Saint-Germain, o zagueiro David Luiz agora também jogará no mesmo clube de Thiago Silva, seu companheiro no sistema defensivo da seleção brasileira, além do lateral-esquerdo Maxwell. E ele não esconde a sua admiração e carinho pelo companheiro.
“É um grande amigo e jogador, uma pessoa com quem me dou muito bem. Nos conhecemos na seleção e nos entendemos bem. É um cara serio, até resmungão, doce, humilde, tem os mesmos sonhos que eu tenho. Vou conviver mais com ele do que com a minha família. Não é toda vez que se tem a oportunidade de jogar ao lado de um cara como ele. A gente nunca entrou em rivalidade, falamos sempre de forma tão natural. Isso só me faz ter certeza de que tem a mesma personalidade e princípios que tenho”, comentou.
Nenhum clube, porém, formou mais jogadores – três – dessa seleção do que o Cruzeiro, onde iniciaram a carreira o goleiro Jefferson e os laterais Maicon e Maxwell. E foi no time mineiro que eles conheceram Felipão, técnico da equipe em 2000 e 2001. E a luta para chegar até a Copa do Mundo une o grupo de convocados, segundo David Luiz. “Alguns aqui se conhecem desde a infância. É um grupo humilde, com pés no chão e todos pensam da mesma forma”, concluiu.