Estatísticas mostram que quase 70% dos jogos, atualmente, são decididos em lances de bola parada. Com base nisso, o técnico Gilson Kleina deu especial atenção às jogadas ensaiadas no treinamento de ontem à tarde. Por mais de uma hora, treinou variações em cobranças de escanteio -ofensivos e defensivos – e hoje enfatiza cobranças de faltas. Com um fraco desempenho ofensivo nas últimas rodadas, o Tricolor fez poucos gols “de laboratório” neste Brasileirão.
“O meu cuidado, no momento, é evitar uma sobrecarga de informações. Até porque, estamos alterando significativamente a postura do time e é fundamental que os jogadores assimilem tudo o que está sendo passado”, comentou Kleina. Fernando e Cláudio continuam sendo os responsáveis pelas cobranças de escanteios. “Quero evitar a simples bola alçada na área adversária, o que facilita a ação dos defensores”, explicou o treinador. Também foram ajustados posicionamentos de zagueiros e volantes para o cabeceio e para o aproveitamento de eventuais bolas rebatidas.
São questões essenciais, mas nos quais o Paraná vinha falhando. Kleina também trabalhou a zaga, mas preparando o time para saídas em velocidade. Em todos os treinos, mostrou preocupação em tornar o time mais prático e ofensivo. “O time conseguiu bom aproveitamento nas rodadas iniciais e precisa recuperar aquela confiança”, acredita o meia Fernando. Nesta nova formação, o jogador terá maior liberdade de articulação pelo meio-de-campo, mas ainda com funções de marcação. “Agora, quando perdemos a bola, recuou como um segundo volante pelo lado esquerdo”, explicou.
Além de atuar com dois meias de criação – Nélio, que teve sua documentação registrada na CBF ontem à tarde – o Paraná terá o constante apoio dos alas. Pela nova disposição do meio-de-campo, Kleina quer criar um sistema de proteção que permita as decidas de Cláudio e Edinho. Os laterais tinham, ultimamente, função estritamente defensiva. “Espero ter essa liberdade, pois o meu forte é o apoio, cruzando ou fechando em diagonal”, reconhece Edinho.
Kleina tenta ainda tirar “alguns vícios” da equipe e por isso acredita numa evolução gradativa, com a seqüência de treinos e jogos. Quando ao potencial do elenco, admite que é cedo para uma análise. “Temos muitos jogadores. Neste treino, por exemplo, nove ficaram de fora e só foram utilizados no final”, comentou. Com 32 jogadores no grupo – e mais dois em período de avaliação -a comissão técnica sabe que não poderá medir com precisão o potencial de todos. “Vamos enxugar esse grupo nas próximas semanas”, confirmou o vice José Domingos.