Quando o técnico Cuca pensou que tinha visto o pior na noite de domingo (22), após a goleada por 4 a 0 sofrida diante do Goiás em plena Vila Belmiro, teve mais surpresa: três representantes de uma das organizadas do Santos foram levados aos vestiários pelo diretor de futebol, Luiz Antônio Ruas Capella, com uma reivindicação: exigir maior empenho do atacante Kléber Pereira, que, de acordo com esses torcedores, estaria se dedicado mais à noite do que ao time.
A partir de agora, o técnico sabe que no Santos as críticas não serão apenas durante os jogos, vindas das arquibancadas, e dos dirigentes, internamente. O último gol de Kléber Pereira foi marcado na vitória por 1 a 0 contra o América, pela Libertadores, no dia 22 de maio. Na saída, os torcedores anunciaram: "Estamos apoiando o trabalho do técnico".
Ao assumir o time, na tarde do último dia 5, Cuca imaginou que seria prontamente atendido nos pedidos de contratações e que, com algumas correções, levaria sem sobressaltos o Santos aos primeiros lugares do Brasileiro e à próxima edição da Libertadores. Mas, até agora, recebeu apenas Apodi – e o novo lateral-direito não pôde estrear contra o Goiás porque um funcionário se esqueceu de passar um fax à CBF, no tarde de sexta-feira, pedindo a sua inscrição para o Campeonato Brasileiro. "Esse foi um problema de última hora. Houve prejuízo, mas não cabe aqui ficar crucificando o funcionário", resignou-se o técnico.
Para Cuca, o jogo de domingo terminou aos 35 minutos do segundo tempo, logo depois do terceiro gol do Goiás. "Não dava mais para reagir e me desliguei. Fiquei pensando no que fazer no futuro." Os dois próximos jogos serão fora de casa: neste sábado, contra a Portuguesa, no Canindé, e no sábado seguinte, diante do Atlético Paranaense, na Arena da Baixada.
Nos 10 minutos de reflexão, uma das conclusões a que Cuca chegou é que, no momento, é melhor para o time jogar fora do que na Vila Belmiro. "Depois que tomamos um gol em casa, alguns jogadores se perdem. Fica aquela coisa: quando menos eu pegar na bola, menos erro e menos sou xingado".
Inicialmente o treinador evitou dar nomes, mas acabou citando Wesley, Rodrigo Tabata e Marcelo. Em 18 jogos em casa nesta temporada, o Santos ganhou 13, empatou três e perdeu duas. A primeira derrota foi contra o Barueri, no Campeonato Paulista, quando Leão ainda era o técnico.
Cuca também percebeu que não pode esperar muito dos jogadores mais importantes como Rodrigo Souto e Kléber, que ainda não repetiram nesta temporada o futebol do ano passado e não assumem a responsabilidade nos momentos mais difíceis. E nem da diretoria, que fica apenas no discurso sobre reforços necessários. "O que eram dois ou três agora são três ou quatro, e se não chegarem rapidamente será um time inteiro", afirmou.
Embora tenha assumido a maior parte na responsabilidade pelo desastre de domingo, Cuca disse que fez o que era possível. "Formei uma linha de quatro atrás, escalei três no meio e três no ataque." Mas, para mostrar que não está para brincadeiras, cortou a folga da segunda-feira – os jogadores se reapresentaram à tarde no CT Rei Pelé. Os titulares fizeram exercícios de recuperação na piscina e os reservas tiveram um treino físico em campo.