Dois meses de bom futebol bastaram para Keirrison, 17 anos, se transformar numa das principais revelações do futebol paranaense. Tão rápido como seus dribles, o novato aprendeu que glória e drama se alternam sucessivamente no futebol – o rompimento do ligamento cruzado do joelho diante do Paranavaí, no final de fevereiro, levou a jovem pérola coxa-branca a experimentar a angústia das longas sessões de fisioterapia.
A lesão trouxe experiência precoce ao jovem sul-matogrossense, que prepara-se para voltar ao futebol em setembro. Em entrevista ao Paraná-Online, o atacante relata o cotidiano dos dias de recuperação, faz juras de amor ao Coxa e revela porque não foi parar no Atlético.
Paraná-Online: Como está a recuperação da lesão?
Keirrison: A evolução acontece devagarinho. Agora tento deixar as musculaturas das duas pernas iguais. O ligamento já cicatrizou e está quase firme.
Paraná-Online: Qual o cotidiano de atividades?
Keirrison: Há duas semanas voltei a treinar fisicamente. Comecei os trabalhos de arranque, mas bem de leve. Ainda dá um pouco de medo, mas tem que ir de degrau em degrau, aumentando a carga aos poucos. Acho que em dois meses posso voltar a treinar com bola. Dando tudo certo, mais um ou dois meses entro em campo.
Paraná-Online: Grandes astros internacionais, como Ronaldo, Roque Santa Cruz e Raúl, recuperaram-se de sérias lesões no joelho e disputaram a Copa do Mundo. Serve de inspiração?
Keirrison: Claro que sim. É uma lição de vida, dá motivação ver jogadores voltando e jogando bem, como o Ronaldo, que todo mundo dava como acabado e arrebentou em 2002.
Paraná-Online: Como controla a ansiedade de voltar?
Keirrison: Mato a vontade assistindo aos jogos do Coxa, no estádio ou na televisão. Nos treinos estou sempre com os companheiros, faço parte do grupo. Ainda quero voltar a tempo de ser campeão brasileiro.
Paraná-Online: Quando saiu do Cene (MS), você quase foi parar no Atlético. O que deu errado?
Keirrison: No começo do ano passado a Massa Sports me trouxe sem definir meu novo time. Visitei os dois CTs, assisti ao Atletiba da final do Paranaense. Fiquei na torcida do Coritiba, mas estava mais cotado para ir para o Atlético. Mas lá me enrolaram e fiquei dois ou três dias esperando resposta. Resolvi ir para o Coritiba.
Paraná-Online: O tratamento no CT da Graciosa foi diferente?
Keirrison: Totalmente. No mesmo dia comecei a treinar. No Atlético não me deram valor. Deus me orientou para seguir o caminho certo. Não que o Atlético seja o caminho errado, é um grande clube, mas ?Ele? quis que eu começasse minha carreira no Coritiba e agradeço por isso.
Paraná-Online: Depois o Atlético se arrependeu?
Keirrison: Vieram atrás de mim, ofereceram casa e salário, mas falei não, podem dar R$ 2 milhões que não saio do Coritiba. Claro que todo jogador quer dinheiro, mas não é tudo. Isso vem depois, com o sucesso em campo. Seria uma traição com o Coritiba, clube que amo e me identifico muito.
Paraná-Online: E quando vier uma proposta do exterior?
Keirrison: Meu contrato vai até 2011, tem muita água para rolar. Claro que todo jogador sonha em jogar fora, na Europa. Mas não adianta sair para um clube que ninguém conhece. Também sonho em defender a seleção brasileira, mesmo a sub-20, e hoje tenho a chance de aparecer no Coritiba. Quando me recuperar, a meta agora é levar o clube de volta à 1ª Divisão. O resto vem depois.
Carlão: a estrela da esquerda
Cahuê Miranda
A lateral esquerda é um terreno fértil para jovens talentos no Coritiba. E o técnico Paulo Bonamigo tem mostrado visão e um bocado de sorte em promover novos craques para a posição. O mais recente é Carlão, destaque dos juniores, chamado pelo técnico para compor o elenco. Recentemente convocado para a seleção brasileira Sub-20, Carlão, de 18 anos, segue os passos de Adriano e Ricardinho, revelados na passagem anterior de Bonamigo pelo Coxa, em 2002. Ricardinho é o atual titular da posição. Adriano, após se destacar no alviverde, rendeu um bom punhado de euros ao Coritiba, hoje no Sevilla, da Espanha.
A trajetória dos dois serve de exemplo para Carlão. ?Espero seguir o caminho deles. Converso bastante com o Ricardinho e ele me dá as dicas sobre a maneira de atuar. O Adriano e o Ricardinho são exemplos para mim. Vou seguir os conselhos deles para ajudar o Coxa e quem sabe fazer uma carreira na Europa?, afirma.
Ricardinho já sente a concorrência do companheiro. ?Ele tem muito a dar para o clube e vem para qualificar ainda mais o grupo. E é sempre bom ter uma sombra, para estar sempre procurando evoluir?, diz Ricardinho.
Bonamigo também acredita que Carlão tem tudo para seguir a tradição de bons alas-esquerdos do Cori. ?Conheci ele ainda como sub-17, quando era capitão do time, jogando como volante pelo lado esquerdo. Agora, está fazendo mais a função de ala e mostrando muito potencial. Tenho certeza que conto com dois jogadores excepcionais para a posição?, garante.
