Zurique – A Justiça investiga transações financeiras envolvendo a Fifa e paraísos fiscais no Caribe e conclui que contas secretas e fundações foram usadas para pagar propinas. Juízes da região suíça de Zug e de Liechtenstein divulgaram o resultado da primeira fase da espécie de operação pente-fino realizada na entidade que controla o futebol e afirmam ter encontrado rastros de movimentações milionárias e pouco transparentes.
Segundo a edição de ontem do jornal Sonntags Zeitung, editado em Zurique, as investigações em Liechtenstein apontam para fluxo de dinheiro entre 1999 e 2000 entre a Fifa, sua ex-parceira ISL, uma fundação e uma conta secreta nas Ilhas Virgens. Essa conta seria usada para o pagamento de propinas e ?agrados? a personalidades por favores prestados.
A Fifa se apressou em negar qualquer envolvimento no novo escândalo. Segundo a entidade, nenhuma notificação judicial foi enviada à sua sede central, em Zurique. A ISL, que em 2001 pediu falência e quase levou à quebra da própria Fifa, era a empresa que tinha os direitos de negociar a transmissão dos jogos da Copa com emissoras do mundo todo. De acordo com a investigação, parte do dinheiro coletado pela ISL nas negociações com a televisão era depositado numa conta em Liechtenstein em nome da fundação ?Nunca?. Estima-se que mais de US$ 30 milhões foram parar nas mãos dessa fundação.
Corte belga julga ação de clubes
Bruxelas – A menos de um mês de começar a Copa do Mundo, uma corte da Bélgica decide hoje um polêmico caso entre a Fifa e os clubes mais ricos da Europa, sobre a cessão de jogadores.
A equipe belga Charleroi, respaldada pelo G-14, que representa os 18 clubes mais poderosos do mundo, busca uma compensação financeira por causa da lesão do marroquino Abdelmajid Oulmers, em um amistoso entre Marrocos e Burkina Faso, disputado em novembro de 2004, e que deixou o jogador sem atuar por oito meses.
Fontes ouvidas afirmam que provavelmente o júri remeterá o caso para a Corte Européia de Justiça, situação que deixa uma nuvem escura sobre o grande evento do futebol mundial.
O último caso de futebol enviado à corte máxima da justiça européia também começou na Bélgica. O resultado, que levou uma década para ser anunciado, sacudiu as estruturas do esporte.
Foi o caso ?Bosman?, sobre uma demanda do jogador belga Jean-Marc Bosman, e que permitiu ao atleta ser dono de seus direitos federativos e poder trocar de clube ao término de seu contrato. Essa decisão alterou as relações trabalhistas entre jogadores e clubes em todo o mundo.
O clube alega que a lesão prejudicou tanto as aspirações da equipe no campeonato belga quanto de conseguir uma classificação para as copas européias. Já a Fifa alega que a lesão não tem relação com o desempenho da equipe, que terminou em quinto lugar na classificação. O receio é que a causa do Cherleroi abra precedentes para que outros clubes procurem a Justiça.