A nadadora Joanna Maranhão conseguiu sua mais expressiva vitória em sua longa batalha contra a gestão das modalidades aquáticas no País. Em uma ação movida por ela, pelo ex-nadador Rodrigo Munhoz e pela veterana atleta olímpica de polo aquático Camila Pedrosa, a Justiça determinou a revogação da indicação de Thiago Pereira e mais quatro atletas para a Comissão de Atletas e ainda cancelou a eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), marcada para o próximo dia 18.

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Como revelado pela Agência Estado no último dia 16, foi o atual presidente da CBDA, Coaracy Nunes, quem escolheu os cinco atletas que representariam seus pares na Comissão de Atletas formada às pressas para ter direito a voto na eleição da CBDA. O próprio dirigente, por exemplo, telefonou para Ana Marcela Cunha para que ela aceitasse representar os atletas das maratonas aquáticas.

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No mesmo dia dessa ligação, uma reunião da qual participaram Thiago Pereira, João Felipe Coelho (polo aquático), Maria Clara Lobo (nado sincronizado), Hugo Parisi (saltos ornamentais) e uma pessoa apontada por Ana Marcela por procuração, Thiago foi escolhido como presidente da comissão, com direito a voto na eleição da CBDA.

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Joanna, Rodrigo e Camila, porém, entraram com recurso contra a montagem dessa comissão. A decisão saiu na sexta-feira, dada pelo juiz Leonardo de Castro Gomes, da 17.ª Vara Cível do Rio de Janeiro.

Ao entender que a eleição para a formação da comissão de atletas deve ser direta, como manda a Lei Pelé, ele declarou nulo o artigo do Estatuto da CBDA que determina que o presidente indique os membros da comissão. Também condenou a CBDA a realizar eleições diretas, “através do voto direto dos próprios atletas, em conjunto com as entidades que os representem”.

Por fim, decidiu que a CBDA não pode organizar eleições para diretoria ou membros do conselho fiscal, inclusive a marcada para o próximo dia 18, “até que se regularize a Comissão Nacional de Atletas”

A eleição tem duas chapas concorrendo à presidência. Uma, encabeçada por Miguel Cagnoni, ex-presidente da Federação Aquática Paulista (FAP), de oposição. O grupo que comanda a CBDA apostava em Ricardo de Moura, atual superintendente executivo, mas o nome dele apareceu ligado a diversas denúncias recentemente. Assim, o candidato apresentado pela situação é Sérgio Silva, presidente da Federação Baiana.

“A comissão designada pelo presidente, é, de fato, ilegal. Entramos na justiça por um símbolo de resistência. Aonde isso vai chegar, não interessa, mas é um marco importante”, comentou Joanna Maranhão, que não esperava uma decisão tão rápida da Justiça.

Ela fez questão de ressaltar que não há um conflito entre ela e os atletas escolhidos por Coaracy, entre eles Thiago. “Nós dois, nesse momento, divergimos de opinião. Talvez, em outras pautas, nossas opiniões sejam convergentes. É assim que tem que ser o debate, no campo das ideias. Eu conversei com a Ana Marcela, que é uma grande amiga, eu deixei claro que não era contra ela, que o respeito permanecia, ela entendeu completamente. É assim que tem de ser.” Ana Marcela e Joanna são do mesmo clube, a Unisanta.