Pior que não poder ir ao campo assistir aos jogos do time do coração é ter que passar todo o horário da partida sob a supervisão da Polícia Militar (PM). Na tarde de ontem, nove torcedores do Atlético tiveram que pagar essa punição, por terem promovido uma confusão e quebradeiras no terminal de Pinhais depois do último Atletiba, em 1.º de fevereiro.

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Tiveram que comemorar em total silêncio os dois gols feitos pelo rubro-negro. Ao todo, 25 atleticanos foram detidos pela PM, acusados da arruaça. Porém, 16 deles ainda aguardam o julgamento da Justiça, para ver se cumprirão a mesma penalidade.

Conforme determinou o juízo da comarca, os nove torcedores já julgados terão que se apresentar na 6.ª Companhia da Polícia Militar, em Pinhais, sempre meia hora antes do início de todos os jogos do Furacão que forem realizados em Curitiba. Deverão ainda permanecer sob a supervisão da PM até 15 minutos após o encerramento da partida.

Se os jogos forem no período noturno, os atleticanos estão livres de se apresentar à polícia, desde que comprovem que estavam estudando ou trabalhando.

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A comprovação deverá ser feita através de declaração, assinada pelo respectivo responsável da entidade de ensino ou empregador. A punição é válida para todo o Campeonato Paranaense 2009.

Respeito

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Pontualmente, às 15h30 de ontem, os nove torcedores rubro-negros compareceram à sede da PM, ao lado do terminal onde aconteceu a arruaça. O juíz da comarca proibiu que eles fossem com camisas ou qualquer outro adereço que identificasse o time.

Logo que chegaram, foram revistados e receberam dos policiais a orientação de total respeito dentro da casa militar. Poderiam tomar água e ir a banheiro, mas foram impedidos de fumar ou tomar cafezinho.

“Nenhum de nós (policiais) fuma aqui dentro. Não poderíamos permitir que logo eles, que estão cumprindo uma penalidade, fizessem isso aqui”, comentou um soldado.

Apesar das restrições, a Justiça não os proibiu de ouvir as partidas pelo rádio ou televisão que tivessem acesso na sede da PM. Eles foram colocados num pequeno auditório da companhia, onde não há nenhum aparelho de TV.

No entanto, eles rodearam uma mesa de reuniões e logo um deles sacou o celular e sintonizou numa rádio. O aparelho ficou bem ao centro da mesa, e todos ficaram em silêncio, na maior parte do tempo.

Só nós? E os coxas?

Em entrevista ao repórter Antônio Nascimento, da Rádio Banda B, o grupo achou válida a medida da Justiça para coibir a violência fora dos estádios. Insistiram em afirmar que não foram eles que promoveram o quebra-quebra, colocando a culpa nos torcedores do Coxa, que estavam dentro do terminal de ônibus.

“Quero saber onde estão os coxas-brancas, que também participaram disso tudo e não foram presos nem punidos. Estávamos fora do terminal e temos como provar que não brigamos com ninguém. As câmeras de segurança do terminal filmaram tudo”, tentou justificar um dos torcedores “detidos”.

Olhares, e nada mais

Início do 1.º tempo, primeiro gol do Atlético. Entre os nove arruaceiros, desta vez, apenas olhares entre si e ao policial que os cuidava, como comemoração. Ainda antes do intervalo, mais um gol do Furacão. E novamente, em vez de pulos e alegria, apenas comemorações enrustidas e pequenos sorrisos. Pausa do jogo, hora de ir ao banheiro e tomar água.

Começa o 2.º tempo. Tudo aquilo estava ficando muito chato, até que o Paraná marcou seu primeiro gol. Apreensão. É possível que tenha sido neste momento que os torcedores começaram a se arrepender de terem participado da bagunça.

Mas o arrependimento durou pouco. Apesar de não terem permitido a nenhum órgão de imprensa fazer imagens, do grupo, na hora de ir embora, os nove acenaram e mandaram beijos às equipes de imprensa que passavam por eles, andando ao lado do terminal. Na próximo domingo, dia 1.º de março, o mesmo caminho e procedimentos serão refeitos pelos nove torcedores. O Atlético pega o Iraty, na Baixada.