A Justiça do Paraguai não acatou nesta terça-feira (10) o pedido da defesa de Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Roberto de Assis que eles passassem e cumprir prisão preventiva em regime domiciliar.
Investigados pela utilização de passaportes falsos para entrar no país, ambos estão detidos desde a noite de sexta-feira (6) na penitenciária Agrupação Especializada da Polícia Nacional, em Assunção, e pelo menos por enquanto permanecerão no local.
O prazo para prisão preventiva no país é de seis meses, enquanto correm as investigações do caso pelo Ministério Público.
Os advogados apresentaram um imóvel no valor de US$ 800 mil como garantia de residência no país e também econômica, mas o juiz Gustavo Amarilla considerou a documentação insuficiente e atendeu à contra-argumentação do Ministério Público, que considerou o valor baixo para impedir risco de fuga.
“Esse valor não é suficiente perto do que o senhor Ronaldinho faturou no último ano. Esse valor seria, pelos dois, muito baixo. Entendemos que não há garantias para conceder a domiciliar” afirmou promotor Marcelo Pecci.
Segundo informação publicada pelo site Globoesporte.com, Amarilla autorizou ainda um pedido do Ministério Público para fazer perícia nos telefones celulares de Ronaldinho e Assis.
“Está ficando claro o tamanho desse caso, com novas revelações. É de responsabilidade minha, do Poder Judiciário, garantir a continuidade dessa investigação. Não podemos correr o risco de essa investigação acabar por causa de uma fuga ou de uma saída do Paraguai”, disse o juiz.
Procurado pela reportagem, o advogado dos irmãos Assis, Sérgio Queiroz, disse que vai apresentar recurso, após a decisão desta manhã, e ficou contrariado com a autorização para que seja realizada perícia nos aparelhos celulares.
“Cada hora o Ministério Público tem uma desculpa diferente. Agora eles querem mais prazo para periciar os celulares. Isso está com eles desde a semana passada. Mas só agora pediram isso”, disse Queiroz ao Globoesporte.com.
Os brasileiros chegaram ao país na última quarta-feira (4). Eles foram convidados pelo brasileiro Nelson Belotti um dos donos do cassino Il Palazzo, localizado no hotel em que o ex-atleta estava inicialmente hospedado e pela empresária paraguaia Dalia López para uma série de eventos.
Ela, que já era investigada em um caso de lavagem de dinheiro no país, é suspeita de intermediar a confecção dos passaportes falsos para Ronaldinho e Assis junto a setores do governo paraguaio.
López teve sua detenção preventiva decretada pelo Ministério Público, mas sua defesa afirmou não ter conhecimento das acusações e que por isso ela ainda não se apresentará. Nesta segunda (9), seu advogado falou que ela estava muito doente.
Na segunda (9), o promotor Osmar Legal, responsável pelas investigações, disse ao jornal Folha de S.Paulo que os brasileiros deverão permanecer no país até que as motivações para o uso de documentos falsos sejam esclarecidas.
A defesa de Ronaldinho e Roberto é simplória e básica ao centrar-se em supostos erros processuais. Os dois não sairão até que tragam a informação verdadeira sobre a finalidade dos passaportes falsos, afirmou em entrevista no seu escritório, em Assunção.
O promotor acrescentou: Eles são parte de uma investigação maior que estamos fazendo, que envolve outras pessoas e outros crimes com os quais eles poderiam ter vínculos. Não estou investigando pessoas, e sim um caso mais amplo. Eles por ora fazem parte dele [do caso] e têm de provar o contrário se querem sair do país”.
Legal disse que não poderia dar mais declarações sobre o tema, mas que há informações de inteligência que apontam para o envolvimento deles em outros delitos fiscais.
No domingo (8), o advogado dos irmãos, Sérgio Queiroz, declarou que os documentos falsificados apreendidos com a dupla foram oferecidos a Assis como um modo para que fizessem negócios no Paraguai. E eles aceitaram essa proposta.
Indagado sobre que tipo de negócios, Queiroz não especificou: Eles têm interesse em realizar negócios aqui como em várias partes do mundo”.
Para o advogado, os dois estão detidos de forma totalmente abusiva e ilegal e a decisão do sábado (7) da juíza Clara Ruíz Díaz de acatar o pedido do Ministério Público e determinar a prisão era rasgar a legislação paraguaia.