Num dia, candidato a sede da Copa do Mundo de 2014. No outro, fechado pela Justiça por falta de segurança.
Sem perspectiva de futuro, o Pinheirão sofreu ontem mais um duro golpe.
O juiz da 18.ª Vara Cível de Curitiba acatou pedido do Ministério Público do Paraná e determinou o lacramento do estádio. Ninguém pode entrar pelos 85 acessos do Pinheirão até que sejam cumpridas as exigências de segurança do Corpo de Bombeiros. ?Nem mesmo o proprietário. Quem invadir pode ser preso?, contou o oficial de justiça Arno Roberto Boos, que executou o lacramento respaldado por dois policiais militares.
A ação transcorria desde 2002, quando o MP pediu a interdição até que fossem apresentados e aprovados projetos arquitetônicos e de prevenção de incêndio e executadas as obras indicadas. A Justiça acolheu parcialmente o pedido, determinando que a Federação Paranaense de Futebol apresentasse laudo de vistoria do Corpo de Bombeiros.
Depois de longo trâmite, o documento não foi apresentado e a Justiça presumiu que as dependências continuam inadequadas, ?impossibilitando sua utilização para qualquer modalidade de evento em razão dos riscos às pessoas?. Ao fundamentar a decisão, o juiz da 18.ª Vara afirma visar ?o resguardo do direito à vida, saúde e segurança dos consumidores/freqüentadores do Pinheirão?.
O lacramento pegou de surpresa entidades que locavam ou tiveram espaços cedidos dentro do estádio. No final da tarde, alunos, funcionários e o proprietário de uma academia de ginástica que funcionava ali dentro se uniam para remover os equipamentos. ?Fomos pegos totalmente de surpresa. Sempre me falaram que a documentação estava em ordem?, falou o dono da academia, que preferiu não se identificar. O estabelecimento particular funcionava numa das salas do Pinheirão há seis meses, num investimento de R$ 40 mil.
O time profissional do Paraná Clube também foi surpreendido e transferiu o treino da tarde do Pinheirão para o campo do Centro Politécnico da UFPR.
Também ficaram desalojados a Federação Paranaense de Atletismo, a Associação dos Árbitros do Paraná, o Museu da FPF e o Tribunal de Justiça Desportiva. Ao saber da medida, o presidente do TJD tentou liminar judicial que permitisse o uso da sala para andamento dos processos, mas o pedido foi negado. Assim, a sessão da 1.ª Comissão Disciplinar, marcada para hoje, foi cancelada, bem como o teste de árbitros do quadro estadual, que seria no dia 6 de junho.
O presidente da FPF, Onaireves Moura, garante que o Pinheirão é o único estádio de Curitiba que conta com certificação do Corpo de Bombeiros. ?É um documento definitivo. Os demais têm só alvará de funcionamento. Estranhamos essa decisão?, disse o dirigente. Moura suspeita que algum documento tenha perdido a validade pelo longo tempo sem jogos oficiais no Pinheirão. ?Mas bastaria uma notificação e tudo estaria resolvido.?
O dirigente vincula a decisão da Justiça à briga pela subsede da Copa do Mundo de 2014.
?E se o governador escolhesse o Pinheirão? Hoje, estaríamos numa situação desconfortável?, diz, lembrando episódio de 1997, quando o estádio também foi interditado na véspera do anúncio de um projeto de reforma.