Paris – Além de seus problemas técnicos, relegado a uma posição secundária no campeonato, o Paris Saint-Germain começa mal o ano na França, com a abertura de um processo judicial decidido pelo procurador por "abuso de bens sociais", irregularidades cometidas na transferência de jogadores, entre eles o atacante Ronaldinho Gaúcho, hoje no Barcelona. Na verdade, a Justiça francesa se interessa pela transferência de cerca de 30 jogadores do clube, entre 1998 e 2003, todas elas suspeitas de existência de pagamentos de comissões ocultas.

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Depois de seis meses de inquérito policial, agora, na área da Justiça, o procurador visa, prioritariamente, as transferências de Ronaldinho, do italiano Marco Simone para o Monaco e Milan e do francês Nicolas Anelka, atualmente no Manchester City. Nos próximos dias esse processo será transferido para um juiz de instrução do pólo financeiro, órgão da Justiça que examina casos de desvio de recursos e fraude fiscal. O processo deverá esclarecer práticas irregulares, tais como montagens financeiras duvidosas nos meios do futebol francês e europeu.

O caso da transferência de Ronaldinho ilustra bem tais práticas. Adquirido em 2001 junto ao Grêmio de Porto Alegre, sua vinda para o PSG só foi possível graças ao apoio da empresa Sport Plus, filial do grupo Canal Plus, uma emissora de televisão por assinatura, proprietária do clube parisiense. Essa empresa pagou US$ 10 milhões de direitos à imagem do jogador brasileiro, escolhido pela Fifa como o melhor jogador do ano. Esse dinheiro teria sido depositado numa conta na Suíça, aberta não em nome do jogador, mas sim de uma empresa. Pouco depois, essa mesma filial passou a fazer parte, através de uma fusão, do grupo Jean Claude Darmon, conhecido homem de negócios, incontornável no futebol francês, acionista majoritário da empresa "Sportive", mas que o Canal Plus controla 48,85% das ações.

Lucro

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No verão de 2003, pouco antes da transferência de Ronaldinho ao Barcelona por 27,5 milhões de euros, o PSG comprou os direitos à imagem do jogador junto ao grupo "Sportive" por 19,17 milhões de euros, o que lhe permitiu sair do negócio com um lucro superior a 8 milhões de euros. Os investigadores desconfiam da lisura dessa operação por sua extrema complexidade e não descartam a hipótese de pagamentos de comissões ocultas à margem da transferência. O presidente no clube na época, Laurent Perpére, mas também o diretor financeiro, Pierre Frelot, são os dois nomes mais visados e deverão ser investigados e interrogados pelas autoridades judiciárias.